Casa da Poesia de Setúbal celebra centenário da família Rosado Pinto

A Casa da Poesia de Setúbal vai ser a responsável pela celebração dos 100 anos da Família Rosado Pinto em 2023. A revelação foi feita ao jornal Setúbal Mais pela presidente da Casa da Poesia de Setúbal, Alexandrina Pereira, adiantando que “vamos envolver uma série de instituições da cidade e investigadores”.


“Vai realizar um projeto que honra muito a Casa da Poesia e vai ser importante para Setúbal”, frisa Alexandrina Pereira, lembrando que em junho do próximo ano assinalam-se os 110 anos de nascimento de Maria Adelaide Rosado Pinto.


“A família Rosado Pinto que é um marco na vida setubalense, recuando até há cem anos atrás, com grande envolvência na sociedade, que talvez muita gente de Setúbal desconhece”, sublinha Alexandrina Pereira.


“Tivemos o prazer e confiança da família de ceder, logo no primeiro ano (2015) à Casa da Poesia de Setúbal, parte do espólio literário da Maria Adelaide Rosado Pinto, que foi a fundadora da Academia Luísa Todi, do Conservatório de Música de Setúbal, e tantas outras ações feitas em Setúbal”.
Recentemente a família reforçou o espólio literário cedido à Casa da Poesia, que será depositado na Biblioteca Municipal de Setúbal, “o melhor lugar e que permite preservar e consultar, mas sob responsabilidade da Casa da Poesia”, considera a responsável, revelando que “recentemente foram entregues nove livros, organizados pela família Rosado Pinto, onde estão guardadas recordações, que são relíquias da cidade de Setúbal”, como por exemplo cartazes de bilhetes de espetáculos com 100 anos de existência, desde a União à Capricho. “É de uma beleza imensa e a Casa da Poesia de Setúbal vai ficar como guardiã deste espólio”, adianta a poetisa.


Alexandrina Pereira espera publicar uma “obra de grande dimensão” com o apoio das autarquias, dando assim “um lugar de honra a uma família que está ligada a Setúbal” e sobretudo a Maria Adelaide Rosado Pinto, “uma mulher controversa, lutadora e que se entregou completamente à cidade”.


Nascida na freguesia de São Julião em Setúbal, a 30 de junho de 1913, Maria Adelaide Miguens Rosado Pinto tinha uma personalidade multifacetada, independente e inovadora, sendo considerada uma mulher à frente do seu tempo. Faleceu também na cidade de Setúbal em 22 de setembro de 1997.


Musicóloga, formada com o Curso Superior de Piano, no Conservatório de Música de Lisboa e bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, frequentou diversos cursos no estrangeiro que lhe permitiram aceder a novas perspetivas didáticas e pedagógicas que se traduziram em métodos inovadores que aplicou nas instituições a que pertenceu e em projetos de Educação Musical nas escolas. Como poetisa, publicou o livro de poemas “Marés Vivas”.


Exerceu atividade como professora durante quase toda a sua vida e desenvolveu vários cursos de formação musical. Fundadora do Concurso Internacional de Canto “Luísa Todi” e da Associação de Canto da Cidade de Setúbal, da qual foi presidente desde 1986. De 1960 a 1988 foi fundadora, diretora e professora da Academia de Música e Belas Artes Luísa Todi e colaborou na criação do Conservatório Regional de Setúbal onde também foi professora. Foi igualmente diretora pedagógica da Academia Eborense, de 1982 a 1988. Possuía a Medalha de Mérito Cultural da Cidade de Setúbal.


Desde 1981, colaborou com o Rancho Etnográfico de Danças e Cantares da Barra Cheia, efetuando visitas de apoio técnico à sua tocata, e prestando os necessários esclarecimentos sobre músicas e danças que o rancho adotou do seu livro “Toadas, Cantares e Danças de Setúbal e sua Região”, que reúne uma basta obra de recolha em Setúbal e sua região em épocas diferentes do inicio do século XX, por seu pai o falecido maestro Celestino Rosado Pinto. Foi membro do Conselho Técnico da Estremadura Sul da Federação do Folclore Português desde junho de 1981 até falecer.