Casa da Música Jorge Peixinho abre em 2022 no Montijo

A Casa da Música Jorge Peixinho, na Quinta das Nascentes, na cidade do Montijo deverá abrir portas antes do final de 2022.

A revelação foi feita ao jornal Setúbal Mais pelo presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, que sublinha a importância deste equipamento cultural de homenagem ao maestro natural do Montijo, uma das figuras de primeira linha no panorama musical do século XX, representando um investimento superior a um milhão de euros, sendo financiada a 50 por cento pelos fundos comunitários de Portugal 2020.


“A obra deverá ficar concluída em abril, mas depois segue-se uma fase subsequente de opções museológicas relativamente ao Museu Jorge Peixinho, que decorrerão nos meses seguintes”, disse Nuno Canta, sublinhando que este equipamento vai “engrandecer a cultura e os espaços verdes do Montijo”.


O autarca lembra que esta obra da Casa da Música, inserida num grande espaço verde, já construído, apresenta três objetivos. O investimento global das duas obras é perto a 2,5 milhões de euros.


“O primeiro objetivo é a preservação do património natural, aproveitamento a nossa principal estrutura verde que passa pelos terrenos da Quinta das Nascentes e nesse sentido desenvolvemos a conceção de uma grande espaço verde, com árvore e arbustos, já plantados, e associado a isso, tem a importante função de gerir a água da chuva, em que terá nalguns pontos alagamentos no inverno e que serão aproveitados para lazer no verão”, afirma Nuno Canta, adiantando que “é um espaço verde que não é meramente decorativo porque contribui para redução da alterações climáticas, com redução do caudal da água da chuva e nesse sentido tem bacias de retenção de águas para evitar as cheias na cidade, que promove maior qualidade de vida, criando ambientes subaquáticos que permite o desenvolvimento de outras espécies como os batráquios”.


Este projeto tem ainda um segundo objetivo que é a preservação do património material da humanidade. “O edifício que foi reabilitado e a ampliação feita para função de Casa da Música, com a preservação do edificado da quinta, que será o Museu Jorge Peixinho e depois acrescentámos uma sala multiusos para as atividades culturais”, afirma ainda Nuno Canta, salientando que “há uma dupla função, que é preservação do legado dos nossos antecipados e com isso termos não só a preservação do ambiente, mas também do património material da humanidade”.


“O museu terá também a componente do património imaterial da humanidade, que é o património do maestro Jorge Peixinho, que será preservado neste espaço”, adianta o autarca, sendo este o terceiro objetivo desta obra.


“Neste caso estamos a preservar três tipos de património, o natural, o material e o imaterial da humanidade, é o pleno da preservação”, acrescenta, comparando este projeto aos conceitos com “os mesmos sentidos e valores” que deram origem aos espaços da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e Serralves, no Porto.


A Casa da Música vai ter o Museu Jorge Peixinho, na ala mais antiga, onde pretende-se recriar o atelier criativo do maestro, com o seu piano, pautas e partituras, ficando esse acervo disponível ao público, no piso superior. Terá ainda, no rés-do-chão, um pequeno átrio para atividades de exposição relacionadas com património imaterial e serviços de apoio, como as casas de banho. Terá também auditório multiusos, com capacidade para 200 pessoas, coberto com um palco para concertos mais intimistas. O palco terá a particularidade de ser amovível, com portas traseiras que se abrem permitindo sair para fora para a realização de espetáculos destinados para o anfiteatro.


O Jardim da Quinta das Nascentes, com 3,7 hectares, já concluído, um investimento de 1,2 milhões de euros preserva os valores ambientais. Esta preservação passa pela manutenção da circulação da água pelas valas de drenagem superficial, um dos elementos fundamentais da ecologia e do ambiente. Foi preservado grande parte dos terrenos da Reserva Ecológica Nacional, de modo a que esses solos funcionem como uma espécie de esponja para absorver a água, evitando cheias. Tem ainda espaços lúdicos, com fontes de água, para usufruto do espaço público, e um pequeno anfiteatro ao ar livre, próximo do edifício da Casa da Música e que pretende ser uma extensão, um conceito semelhante ao jardim da Fundação Gulbenkian, em Lisboa.



Florindo Cardoso