Bispo de Setúbal apela à paz e alerta para o perigo da “globalização da indiferença”

O bispo de Setúbal, o cardeal D. Américo Aguiar, apelou à “paz” e ao combate à “indiferença”, na Missa do Galo, celebrada no dia 24 de setembro, às 23h00, na Sé de Setúbal, contando com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

“Não podemos celebrar o Natal, plenamente e com a alegria total, se ainda hoje, mais de dois mil anos depois, continuamos a testemunhar que homens e mulheres são obrigados a sair dos seus tetos, não são protegidas, amadas nem queridas, não têm lugar nos locais onde chegam”, lamentou D. Américo Aguiar.

O bispo disse ainda que ainda “naquele tempo os pastores era das pessoas mais desprezadas de toda a sociedade, os que viviam com os animais” e foram eles que anunciaram o nascimento do filho de Deus, mas ainda hoje 2023 depois, “continuamos a ter complexos e fazer juízos sobre aqueles e outros que anunciaram o nascimento de Cristo”.

“O anúncio do evangelho é para todos, não é para os santos, justos, perfeitos, os brancos, amarelos, gordos, magros, carecas”, disse o bispo, reforçando que “o anúncio é para todos”.

“É certo que ao longo dos séculos fomos criando obstáculos e dificuldades” e consideramos que “este tempo é tão valioso, só para mim e para os meus, mas é para todos”, disse ainda D. Américo Aguiar”, revelando que esteve reunido com a comunidade ucraniana de Setúbal e teve contatos com os representantes da Palestina e de Israel, e pediu paz para todos.

O bispo de Setúbal alertou para “a globalização da indiferença, quando em certa altura já não importa nada, estamos a ver televisão e a jantar, há mortos, feridos e bombas”, sublinhando que não pode ser assim, apelando que a luz “ilumine os nossos corações e vidas”.

D. Américo Aguiar afirmou que “não podemos matar a esperança a ninguém”, sejam os jovens, presos, casais em dificuldades, e “os estrangeiros que vêm para o nosso país reconstruir as suas vidas e as suas famílias”. Citando o poeta setubalense, Sebastião da Gama”, com “Pelo sonho é que vamos”, o bispo disse que “é pelo sonho que temos de ir, se não sonharmos nunca há amanhã e a esperança não vence”.