Arrábida como marca de desenvolvimento sustentável

Rotários de Palmela, Setúbal e Sesimbra realizam debate

Os clubes rotários de Palmela, Setúbal e Sesimbra realizaram, a 5 de Setembro, o colóquio “Marca Arrábida – Ambiente, Turismo e Qualidade de Vida em Desenvolvimento Sustentável”, na antiga Igreja de Santiago, no Castelo de Palmela.

O painel de oradores foi constituído por Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista Zero; Carlos Sargedas, presidente do Rotary Club de Sesimbra e ligado à organização do Festival FinisTerra, e Albino Mendonça, responsável pela cultura do Movimento Pensar Setúbal.

Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista Zero salienta que “preocupa-me o facto de até agora não conseguirmos lidar com alguns planos que já têm anos, como por exemplo, algumas construções que ainda costumamos encontrar ao longo da costa da Arrábida e que estavam previstas serem recuperadas e que não têm tido o melhor encaminhamento”. “Desde há muitos anos que estão lá e aquela área deveria ter sido recuperada”, adianta o ambientalista.

Francisco Ferreira lembrou que quando tinha “17 ou 18 anos, não se sei se ainda se recordam  mas existiam 500 casas, na zona da Arrábida, e foi muito importante que nessa altura se tenha conseguido demoli-las todas para dar à Arrábida uma nova imagem”, frisando que nessa altura “não pertencia à Quercus nem à Zero nem ao projecto ‘Setúbal Verde’ que foi quem fez essa contabilização, e desenvolveu as acções necessárias, quando era o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Pimenta”.

O ambientalista advertiu que “falta na Arrábida um conjunto de valências que são fundamentais, uma é fazer a ligação do turismo à sustentabilidade, ter a capacidade de mostrar a Arrábida com estas valências de sustentabilidade” dando como exemplo “a ligação da economia, desse o pastoreio até ao queijo de Azeitão, a importância da vinha, o turismo científico que encontra na Arrábida um potencial que deveria ter informação e valores únicos que ali tenho presentes”.

Já Albino Mendonça, destacou que “um reparo que penso ser essencial, estamos reunidos aqui num espaço sagrado, que foi a sede da Ordem de Santiago, e que se juntaram na Idade Média dezenas de cavaleiros que tinham um sentido de honra, lealdade e fraternidade, que actualmente faltam muito na nossa sociedade”. “É lamentável que 600 anos depois não tenhamos seguido o exemplo desses homens, que generosamente, grande parte deles, deram a vida para termos esta cantinho chamado Portugal, daqui vai a minha homenagem a esses homens e algumas mulheres que construíram este espaço”, acrescentou.

Para Albino Mendonça, “o turismo tem de estar, inegavelmente ligado à região de Setúbal”, considerando que “esta é uma das regiões do país que tem mais potencial, não só nas áreas industrial, científica e turística”. “Infelizmente, a nossa região, a península de Setúbal, que começa na margem sul do Tejo e que poderia contribuir para o país com uma riqueza enorme, perdeu nos últimos seis anos 2.500 milhões de euros de apoios comunitários”, concluiu.

Por sua vez, Carlos Sargeadas, salientou que “no caso da Arrábida, é cada vez mais importante que as autarquias locais, principalmente as câmaras municipais de Palmela, Sesimbra e Setúbal, estejam mais unidas nas intenções do que no papel”. “O que tenho verificado nos últimos anos é que estão mais unidas no papel do que nas intenções”, lamenta.

Carlos Sargedas disse ainda que é “preciso atrair grandes realizações” dando como exemplo a região de Salzburgo (Áustria), que quando cinquenta anos depois ainda é atraída pelo filme “Música no Coração” e “muitas pessoas que lá vão, visitam os locais onde foram rodados o filme” ou a “Guerra dos Tronos” que foi “um fenómeno”.

“A ‘Arrábida Film Commission’ tentou e falámos com uma produtora, tirámos fotografias aos castelos de Palmela, Sesimbra, Setúbal e Alcácer, e temos uma vantagem de ter num espaço tão curto a possibilidade filmar coisas completamente distintas, a preço mais barato”, disse Carlos Sargedas, lembrando que “nos últimos 50 anos, Setúbal e principalmente o Cabo Espichel (Sesimbra) têm sido escolhidos para cenas de filmes que todos nós conhecemos, e ultimamente muitas produções de publicidade e de televisão”.

“Em cada 3 milhões de investimento há um retorno de mais um milhão, mas grande parte das autarquias não têm esse esforço financeiro para dar, e por isso aconselho a que os municípios da Arrábida se juntem pra investir juntos e depois o retorno financeiro acabar por chegar”.

Pedro Nunes, presidente do Rotary Club de Palmela, agradeceu a presença de todos neste debate “interessante” e lançou um desafio para o próximo projecto. “O rotary club de Palmela, em parceria com todos os clubes rotários do distrito de Setúbal está a desenvolver uma iniciativa para debater a temática de desenvolver uma nova centralidade na região de Setúbal”, principalmente aos concelhos do Montijo, Alcochete, Barreiro, Moita e Palmela, anunciou Pedro Nunes, adiantando que “com o novo aeroporto a ser no Montijo, vamos ter uma zona de influência dessa infraestrutura aeroportuária, alterando a relação entre os diferentes concelhos, surgindo eixos de desenvolvimento, sobretudo na área turística que envolverá o eixo Montijo, Palmela, Setúbal, Tróia e Sesimbra, irá desenvolver-se a construção de uma ponte ou túnel entre Montijo e Barreiro e entre o Barreiro e Seixal”.