Alexandrina Pereira lança “A Grande Marcha da Cidade de Setúbal”

Livro em parceria com o maestro José Condinho

A poetisa Alexandrina Pereira, em parceria com o maestro José Condinho, vai lançar o livro “A Grande Marcha da Cidade de Setúbal – 1988-2018”, no dia 28 de Setembro, às 17h30, na Biblioteca Municipal de Setúbal. A obra que apresenta as letras e músicas da Grande Marcha de Setúbal, nos últimos trinta anos (com excepção de 2003 porque não se realizou), bem como das cantoras que as interpretaram, será apresentada por Amílcar Caetano, um dos maiores conhecedores das marchas populares da cidade, com amplo trabalho desenvolvido como ensaiador e criador desenvolvido em várias décadas. Será ainda exibido um pequeno filme com imagens das marchas, das mais antigas à actualidade.

Florindo Cardoso

Setúbal Mais – Como surgiu a ideia de escrever este livro?

Alexandrina Pereira – Este livro representa uma reconciliação comigo mesma perante o meu livro “Recordar as Marchas”, publicado em 2008, no âmbito do apoio à Liga dos Amigos do Fórum Municipal Luísa Todi, de que fazia parte.

Todos nós trabalhámos em conjunto para ter ideias para angariar fundos para a requalificação do imóvel, e como tinha feito em Palmela, uma edição sobre os 43 anos da Festa das Vindimas, que foi um sucesso, transportei essa ideia, como membro da Liga dos Amigos dos Amigos do Fórum Municipal Luísa Todi para Setúbal mas sobre marchas populares porque a cidade tem muita tradição nesta área. A partir daí, iniciei um exaustivo trabalho, visitando 14 colectividades a quem pedi todo o material sobre as letras das suas marchas, organizando 126 letras, ao qual juntei o historial de cada uma e fotografias, compilando tudo num livro.

S.M. – Não correu bem…

A.P. – Não. Faltou outros olhares, tempo para reorganizar o livro e verificar se estava tudo bem e o resultado final desmotivou-me porque graficamente não era apelativo. Não culpo ninguém porque quem o fez, foi com a melhor vontade, nem foi possível alterar ou fazer revisões. Faltou tudo, ficando em mim o desagrado e verificar que a obra não correspondia aquilo que tinha trabalhado nem correspondeu às minhas expectativas, sendo um fracasso.

Perante esta situação, o Frei Miguel, incentivou-me para fazer outra edição mas pensei que não faria igual e daí ocorreu fazer uma pesquisa sobre as letras e músicas da Grande Marcha de Setúbal, que é aquela que a câmara municipal suporta e paga e tem uma importância muito relevante porque é cantada por todas as colectividades nos desfiles e sobretudo era uma forma de me compensar e dar uma oportunidade a mim mesma do trabalho que tinha realizado.

S.M. – Começou então a trabalhar neste livro…

A.P. – Sim. Há três anos iniciei esta investigação. Comecei a história do livro em 1988, o ano em que a vereadora da Cultura, Paula Costa, reactivou as marchas populares de Setúbal, embora pelo que pesquisei a primeira marcha surge em 1936, com as ruas engalanadas em bairros que me despertou grande interesse, como o da Trindade ou da Rua da Paz, e essa investigação foi feita através do jornal ‘O Setubalense’, que publicava tudo sobre as marchas. Comecei a apaixonar-me pela forma de escrita das notícias desta época e também um bairrismo muito puro.

O livro inicia-se com a Grande Marcha da autoria de Maria Helena Reis Horta, em 1988, e termina em 2018. Como só com as letras o livro seria muito pequeno, decidi juntar também a pauta musical e convidei o maestro José Condinho, um homem também envolvido nas marchas populares, com extrema dedicação ao que faz, e trabalha generosamente e por paixão à música, para efectuar esse trabalho. A obra apresenta os autores das letras e músicas, as madrinhas que as cantaram como Cristina Pereira, Georgette Jesus, Piedade Fernandes ou Deolinda de Jesus, com a sua fotografia, lista do top3 da classificação das das colectividades nas marchas e ainda dezenas de recortes que foram publicados nos órgãos de comunicação social sobre as marchas desde 1936.

S.M. – É uma edição de autor?

A.P. – Este livro, com 160 páginas a cores, resultou de uma subscrição pública devido aos altos custos de produção, tendo todas as juntas de freguesias do concelho apoiado o projecto, contando um depoimento do presidente e do vereador da Cultura da Câmara Municipal de Setúbal.

Quero agradecer o trabalho de Amílcar Caetano pela colaboração nesta obra que considero estar muito elegante e bonita. Foi uma mais valia, sendo ele o homem mais conhecedor de marchas de Setúbal, também contribuiu para o próprio livro e deu-me uma certa tranquilidade.

Alexandrina Pereira

Uma mulher dedicada à cultura

Alexandrina Pereira é uma mulher da cultura que tem dedicado grande parte da sua vida à poesia e ao movimento associativo, sendo presidente da Casa da Poesia de Setúbal e da Associação Cultural Sebastião da Gama.

A poetisa nasceu em Setúbal e reside em Palmela há mais de três décadas. Apesar de ter formação profissional na área dos números (contabilidade), são as letras que desde sempre a fascinam. Porque dois dos seus filhos estudavam música, escreve letras infantis para as festas de audição da escola. A convite do professor/compositor concorrem ambos a Festivais da Canção Infantil que acontecem por todo o país e inicia-se assim um percurso de 12 anos, durante os quais arrecada 110 prémios de melhor Letra e outros tantos de vencedora absoluta. Por duas vezes as suas canções representaram Portugal no Festival Internacional Sequin D’Oro em Itália.

Tem 10 livros publicados, sendo metade de poesia Infantil. Em 2008 é distinguida com a Medalha de Honra da Cidade de Setúbal na área Cultural e em 2010 recebe a Medalha Municipal de Mérito do Município de Palmela e no mesmo ano a Medalha de Honra da Academia de Letras de Poços de Caldas, no Brasil.