Apelo à reabilitação total do Convento de Jesus

Reabertura do monumento contou com secretário de Estado da Cultura

Apelo à reabilitação total do Convento de Jesus

A cerimónia de reabertura parcial do Convento de Jesus ficou marcada pela necessidade de partilhar responsabilidades para assegurar a reabilitação total do monumento nacional. A presidente da Câmara Municipal de Setúbal apelou ao governo para conceder 3 milhões e aprovar igual valor em fundos comunitários para devolver este ex-líbris à cidade e ao país.

 

A presidente da Câmara Municipal de Setúbal Maria da Dores Meira lançou um apelo ao governo para que apoie financeiramente a reabilitação total do Convento de Jesus. Esta posição foi manifestada na cerimónia de reabertura do monumento nacional, no passado sábado, perante a presença do secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, o presidente do Tribunal de Contas, Guilherme de Oliveira Martins e do bispo de Setúbal, D. Gilberto Reis.

A obra está a “meio do caminho” salientou a edil, ao reiterar a necessidade de mais intervenções. “Vamos continuar a trabalhar até que esteja totalmente reabilitado com o projecto do arquitecto Carrilho da Graça, e possa ser devolvido, no seu esplendor, a Setúbal, a Portugal”. Para o restauro total do convento são necessários mais seis milhões de euros. “Queremos continuar a assumir a responsabilidade com a partilha do dever que temos, na Câmara Municipal de Setúbal e no Governo da República” e, para isso, afirmou, a autarquia “está disponível para assumir metade do valor”.

Maria da Dores Meira alertou que “é necessário que o governo crie condições para que a outra metade possa ser financiada por fundos europeus, sem que, com este financiamento, se prejudiquem outros investimentos municipais apoiados por fundos comunitários na área metropolitana de Lisboa”.

De salientar que a segunda fase de obras prevê a conclusão da recuperação das alas norte e leste do convento e a reabilitação da estrutura da Igreja de Jesus e da respectiva cobertura, assim como a construção de um edifício de apoio para acomodar funções científicas, técnicas e administrativas do Museu de Setúbal. A recuperação total do coro alto, da estrutura ao tecto, bem como da torre sineira é outro dos objectivos programados na segunda fase de intervenções, que inclui a beneficiação da praça Miguel Bombarda, com a criação de um jardim e a instalação de um equipamento térmico na totalidade do convento.

Com as intervenções concluídas será possível expor uma seleção dos cinco mil objectos e peças de arte que compõem o Museu de Setúbal, maioritariamente em torno da zona dos claustros.

Maria das Dores Meira frisou que a primeira fase de obras “impediu a ruína irremediável do Convento de Jesus”, com trabalhos centrados na substituição da totalidade da cobertura e a restauração das paredes de pedra e de alvenaria, a par da proteção geral, através da criação de sistemas de drenagem no alçado norte. “Fizemo-lo num momento em que o poder central, no anterior governo, poderia ter abandonado a candidatura a fundos comunitários já aprovada para a recuperação do monumento afirmou a edil adiantando que o município chamou a si a responsabilidade. “Tal como noutras situações, aceitámos substituir o poder central e assumimos a posição contratual do Estado na candidatura e o pagamento da comparticipação nacional de uma obra que, para já, custou mais de três milhões e seiscentos mil euros”, disse.

Por sua vez, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier salientou que este “foi um trabalho com um desfecho que inspira confiança no futuro” e mostrou-se disponível para “trabalhar em encontrar uma solução adequada a um património que é de Setúbal e da Europa”. O governante, que elogiou a importância histórica e cultural do Convento de Jesus, enalteceu o trabalho realizado no imóvel, integrado desde 2013 na restrita lista dos sete monumentos europeus mais ameaçados, da Europa Nostra, organismo de defesa do património.

Já o vice-presidente da Europa Nostra, José María Ballester disse que “o restauro deste monumento, mais do que a sua importância histórica, no contexto urbano, tem um efeito agregador na identidade e memória setubalense.”

O bispo de Setúbal, D. Gilberto Canavarro dos Reis, que benzeu a reabertura do património classificado como monumento nacional desde 1910, sublinhou que, com a obra realizada, o Convento de Jesus recebe o esplendor de outros tempos, agora com novas funções para servir a cidade. “Este é um dia grande” acrescentou o prelado.