Ana Zorrinho lança livro “Súbito” em Santiago do Cacém

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No dia 8 de julho foi lançado o terceiro livro de Ana Zorrinho, no Jardim da Tapada dos Condes de Avilez, em Santiago do Cacém. Depois de “Histórias de Um Tempo Só” e “Lá” surge “Súbito”. O momento assumiu-se como um evento cultural que convocou fiéis leitores, entre eles outros escritores, a entregarem-se, num aprazível fim de tarde, à poesia da natureza, da música e dos sentidos.

O Jardim da Tapada dos Condes de Avilez, no seio das muralhas do castelo de Santiago do Cacém, foi, nesta tarde, (re)descoberto pelas sonoridades dos instrumentos, das leituras, dos sentidos e das palavras.

A abertura foi confiada ao grupo “BAMPS Quintet”, composto por alunos da Escola de Artes do Alentejo Litoral, que no varandim da romântica Casa de Chá da Tapada, acolheu os espetadores para o ambiente de partilha que reinou, por entre as folhas dançantes. Em comunhão com as notas musicais estiveram as declamações feitas pela própria autora, Ana Zorrinho, dos poemas, “encontro”, “circe”, “palavra nascente” e “último poema”, que se encontram no livro, Súbito.

No papel de oradores estiveram a autora Ana Zorrinho, o livreiro Henrique Santos, Jorge Ferreira, editor, representante da editora Caleidoscópio, em particular da sua chancela ORO, e Isabel Lousada.

O livro “Súbito”, apresentou-se como tendo em si a poesia das coisas simples. O olhar que vem da infância. O sentir o tempo. A solidão. O Amor. A perda… parafraseando-se Isabel Lousada, tratam-se de poemas que, para cada leitor, invocarão uma memória e sentimento diferente que fará com que o poema lhe pertença. Nenhum dos poemas contém uma linguagem hermética, por isso, podem pertencer a todos os que os quiserem ler e sentir. Esta é a ideia de poesia, um poema pertencer a todos de maneira diferente. Através deste livro de poesia, não se incentiva a conhecer Ana Zorrinho, mas através dos poemas escritos pela autora, incentiva-se a que cada pessoa encontre uma poesia sua, a sua poesia.

Em concordância com esta visão Ana Zorrinho referiu que, “(…) ainda que muitas vezes os leitores possam sentir que abrir um livro é abrir uma janela para o autor, sobretudo deparam-se com um espelho onde se vislumbram a si próprios. O leitor procura-se no que lê, mesmo que inconscientemente. Procura as suas vivências os seus sentimentos e entrega-se melhor onde se reconhece. Esta viagem pelo mundo interior, através da leitura, em especial da poesia, na qual estes campos são amplamente abertos, é de uma extraordinária beleza”.

A escrita poética já se assumira nas obras anteriores, mas surge em “Súbito” de forma declarada, assumida desde logo através da forma. A escritora tem vindo a assumir de modo coerente um estilo, que permite que reconheçamos a autoria ao ler os seus textos.

Foi abordado o processo editorial, referindo-se que “Súbito”, implicou uma maturação editorial diferente, implicou ter poesia nos olhos, em todos os detalhes. Quando se escolheu o tipo de letra, a cor da capa e a sua textura. Quando nada no seu exterior desvenda o seu conteúdo. Num livro de poesia terá que existir poesia no seu todo, que é o que acontece com “Súbito”, não só nos poemas. Todo o “Súbito”, desde a capa à contracapa, é poesia.

Nesta tarde, sentimos uma poesia viva no vento que soa, nas folhas das árvores e do livro. Em cada leitor. Em cada momento de “Súbito”.

“Súbito” foi encantador e encantatório, na voz da autora e na voz dos presentes.

Sobre este livro, Jorge Ferreira, editor, escreveu “Súbito” é “uma poesia que nasce pulsante, da alma para a mão da escritora. Bela. Assumida. Perturbadora. Traz-nos e lava-nos à (nossa) condição humana.”

Mafalda David e Silva