Alcácer recebe centro de Arqueologia Náutica do Alentejo Litoral – Para estudar o património do rio Sado –

A cidade de Alcácer do Sal vai ser a sede do CANAL – Centro de Arqueologia Náutica  do Alentejo Litoral, destinado a investigar e encontrar património arqueológico no leito do rio Sado, no âmbito de uma parceria entre a câmara municipal e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa.

Alcácer do Sal
Vista de Alcácer do Sal e do Rio Sado

O contrato de comodato foi assinado, no dia 7 de Fevereiro, entre o presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal, Vítor Proença, e  o director da FCSH, Francisco Caramelo, nas instalações do organismo, num espaço cedido pela câmara no sítio da Ameira, numa cerimónia presidida pela secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Maria Fernanda Rollo, contando ainda com a presença da directora regional da Cultura do Alentejo, do comandante do porto de Setúbal, professores e investigadores.

Fernanda Rollo considerou este projecto “incrível que nos deixa orgulhosos de quem somos e do nosso país”. A governante elogiou a “ousadia” e manifestou “contentamento”, realçando a “associação da cultura e da ciência para estudar o nosso património”.

“O país tem de se afirmar na arqueologia náutica e subaquática”, disse ainda Fernanda Rollo, destacando “o trabalho notável e reconhecido” dos professores e investigadores desta área.

Já Vítor Proença afirmou que este protocolo é “histórico” porque “abre portas no domínio da investigação, há um conjunto de elementos que estão envolvidos e poderão juntar-se outras faculdades, centros de investigação, fundações, estudantes”. “É um projecto estruturante para o país”, lembrando que Alcácer é dos poucos municípios do país que tem três arqueólogos, dando “interesse à investigação e história” do concelho que em 2018 celebra 800 anos.

Tendo em conta que o rio Sado foi em tempos “uma grande auto-estrada fluvial ao longo de muitos e muitos anos”, o novo centro pretende fazer uma investigação que permita encontrar “eventuais vestígios arqueológicos subaquáticos”, salienta o presidente da autarquia, Vítor Proença.

O projecto envolve, além do município, o Instituto de Arqueologia e Paleociências (IAP) e o Instituto de História Contemporânea (IHC) da FCSH, que criaram uma unidade de investigação local para “promover a descentralização da investigação científica e académica em arqueologia subaquática”, salienta o edil.

Com o decorrer da investigação, adiantou Vítor Proença, será possível criar uma base de dados dos achados arqueológicos ao longo do rio, podendo, assim, ser feita uma Carta Arqueológica subaquática do Sado.

“Os investigadores estão convictos de que este rio tem escondidos, submersos, achados que podem ser colocados à luz do dia a partir dessa investigação que vai ser acompanhada por especialistas que trabalham em várias partes do mundo”, frisou.

Por sua vez, Francisco Caramelo, manifestou “satisfação e felicidade por testemunharmos um acontecimento desta importância”. “A faculdade tornou-se uma potência na arqueologia náutica e subaquática a nível nacional” mas “temos de trabalhar em conjunto”, concluiu.

Apesar de só agora ser criado o Centro, o projecto foi formalizado em Setembro de 2015, com a assinatura de um protocolo de cooperação entre o município e a FSCH, com vista a investigar todo o património cultural subaquático jazente nas águas do rio Sado, entre a cidade de Alcácer do Sal e a feitoria fenícia do Abul.

O rio Sado assumiu, desde o século VII/VI A.C. um importante papel na redistribuição das rotas comerciais, actuando como agente determinante na comunicação e articulação política e territorial desta zona litoral. Embora exista uma Carta arqueológica terrestre do concelho, nunca foram documentados relatórios ou trabalhos monográficos capazes de elucidar a importância do rio na sua história.

O projecto de Arqueologia Subaquática e Fluvial do Sado e Alentejo Litoral surge do forte interesse do município de Alcácer em promover o estudo e salvaguarda do património cultural submerso do concelho.