Abril de 2017: Comemoração da Revolução

Aliette Martins

Tem sido minha preocupação desde o 25 de Abril de 1974 dedicar-me à publicação de informação que possa contribuir para a nossa memória comum e que possa essencialmente informar as gerações mais novas.

Nesse propósito, durante os 43 Anos que nos separam da “Madrugada Libertadora”, tive a grata possibilidade de fazer alguns registos, condensando-os em textos jornalísticos que, pouco a pouco, deram conhecimento público, do que se passou em momentos da nossa história comum. Um deles, derivou da grata surpresa de ter tomado conhecimento de um artigo publicado na Revista da GNR intitulada “Pela Lei e Pela Grei”, subordinado ao tema: “A Revolução de 74 e o Papel da Guarda”, da responsabilidade, do então jovem major de infantaria, Reinaldo Nuno Valente de Andrade, que assim dava conhecimento do que se passará para além do portal do Quartel do Carmo, a partir de inúmeras publicações na referida publicação, a partir do seu número 65 – Janeiro/Março de 2005.

Faltava passar a informação a um público alargado, sobre essa pesquisa exaustiva que originou num trabalho apaixonante, sobre o desenvolvimento dos últimos momentos exercício de Marcelo Caetano, na sua qualidade de chefe do governo português, vividos no Quartel do Carmo.

Com o conhecimento da existência da publicação referida, tive uma oportunidade extraordinária, solicitando e, tendo sido recebida – no Quartel do Carmo – pelo major Nuno Andrade a quem hoje me liga uma fraterna amizade.

Fui ao Carmo, levando as minhas dúvidas e, saí de lá com uma informação fabulosa que viria a se projectar publicamente em Abril de 2006, no jornal “Litoral Alentejano” e, através de uma entrevista na RDP, que teve um envolvimento afectivo, nomeadamente por parte de um número significativo dos nossos representantes então eleitos, com assento na Assembleia da República, mostrando hoje, no ano de 2017 que, na realidade, longe vão esses tempos.

Importa deixar aos leitores do distrito de Setúbal, através desta espaço do jornal “Setúbal Mais”, as principais questões que levei ao Carmo, onde encontrei resposta para todas elas tendo tido o privilégio de conhecer o percurso feito por inúmeras autoridades, com o detalhe dos acontecimentos.

As principais perguntas foram as seguintes: Em 74, que relacionamento existia entre o MFA e os militares da GNR, uma vez que eram militares oriundos da mesma formação? Que conhecimento teriam os militares da GNR, considerando que no dia 25 de Abril de 1974 não responderam às rajadas de metralhadora, direccionadas ao Quartel pela então força “revoltosa”? É de crer que a GNR e o MFA (Movimento das Forças Armadas) em conjunto, tiveram uma intervenção de grande cuidado e responsabilidade “segurando” uma possível invasão do Quartel do Carmo pela população que se encontrava no local? Será de toda a justiça afirmar que esse mérito – porque evitou um mar de sangue -, se possa atribuir aos militares GNR que, em obediência ao seu comando, não disparou um só único tiro? Partido do princípio de que, o espaço temporal que baliza a 01:00 da madrugada e as 06.00 da manhã do dia 25 de Abril de 1974 – como tempo suficiente para que a GNR viesse a decidir-se pela tentativa de defender o regime em vigor – não poderá certificar os militares da guarda, com um procedimento em prol da revolução que estava em curso?