Ruínas Romanas de Tróia: Mercado romano atraiu 3 mil pessoas

Os visitantes observaram de perto como era viver nos tempos romanos em Tróia, no maior complexo de salga de peixe conhecido no mundo romano, com 2 mil anos de história. Recriações históricas, gastronomia, artesanato e jogos estiveram em destaque na 4.ª edição do mercado romano.

Florindo Cardoso

Mais de 3 mil pessoas visitaram o mercado romano que decorreu nos dias 23 e 24 de Abril nas Ruínas Romanas de Tróia, fazendo desta quarta edição um sucesso.

O maior complexo de salga de peixe do mundo conhecido do império romano encheu-se de gente que aproveitando o bom tempo tiveram contacto com a história ao vivo, onde o garum foi o tema central. O emblemático molho de peixe, sobretudo de sardinha, que se produzia na Tróia Romana e que era vendido e apreciado em todo o império, era um condimento essencial na cozinha, utilizado para temperar tanto o peixe como a carne, legumes ou mesmo o vinho.

Os visitantes participaram no grandioso mundo romano através de várias actividades ao longo dos dois dias, desde petiscos nas tabernas, fazer compras de artesanato nas bancas decoradas à época, visitar a quinta pedagógica, com animais, e brincar com vários jogos.

A arqueóloga Patrícia Magalhães explicou que a “animação foi fantástica, com várias equipas, desde o Grupo de Teatro Fatias de Cá, dando um nova vida e uma experiência completamente diferente com a teatralização em vários edifícios e o percurso cénico com a Comédia da Marmita, de Plauto, os sons da Suévia com actuações musicais inesquecíveis, os Malatis, com performances de deuses aquáticos e de faunos, criaturas mitológicas associadas ao imaginário romano, às oficinas pedagógicas para as crianças, um parque de jogos romanos para as famílias, os quadros vivos sobre a produção do garum e os ofícios bélicos e o mercado com artesãos de todo o país”.

“As pessoas começam a conhecer o mercado romano e temos gente que repete o evento”, sublinhou Patrícia Magalhães, adiantando que “este tipo de animação histórica tem muitos adeptos no nosso país, as pessoas vêm não só para se entreter mas para conhecer, isso é saudável para nós porque a nossa missão neste sítio é preservar e divulgar as Ruínas Romanas de Tróia”.

“Queremos dar a conhecer aquele que foi o maior complexo industrial do mundo romano, que com este evento ganha uma nova vida, e as pessoas conseguem percepcionar um pouco daquilo que era a sua actividade, porque viviam aqui cerca de 1.500 pessoas”, frisa a arqueóloga.

As Ruínas Romanas de Tróia, com dois mil anos de história, são o maior complexo de produção de salgas de peixe conhecido no mundo romano. Construído para aproveitar a riqueza do peixe do Atlântico e a qualidade do sal das margens do Sado, terá estado ocupado até ao século VI.

O seu elemento mais típico é o conjunto das oficinas de salga, com tanques para preparação de conservas e molhos de peixe, incluindo o garum. Também estão a descoberto termas com salas e tanques para banhos quentes e frios, um núcleo de habitações com casas de rés-do-chão e primeiro piso, uma rota aquaria (roda de água), um mausoléu, necrópoles com distintos tipos de sepulturas e uma basílica paleocristã com paredes pintadas a fresco.

Desde 1910 que estão classificadas como Monumento Nacional. Em 2005, mediante um protocolo com o Estado, o troiaresort criou uma equipa de arqueologia que desenvolve trabalhos de investigação no local. A par dos trabalhos de valorização em curso, o sítio arqueológico está aberto à visita, e é possível organizar actividades lúdico-pedagógicas para grupos. Em 2011 foi criado um novo percurso de visita, com cerca de 450 metros, projectado pelo arquitecto paisagista Hipólito Bettencourt, com painéis explicativos, sinalética e outros elementos de divulgação da autoria do designer Francisco Providência.