Restauro do Coro Alto do Convento de Jesus dá origem a mostra em Setúbal

O restauro do Coro Alto do Convento de Jesus, em Setúbal, é mostrado numa exposição, inaugurada, a 14 de julho pelo presidente do município sadino, André Martins, que assinalou a importância de divulgar o trabalho de requalificação do monumento desenvolvido pela autarquia.

Patente até 24 de setembro no Museu de Setúbal/Convento de Jesus, “A Sala do Coro Alto do Convento de Jesus” desvenda, com fotos e textos, o processo de acompanhamento arqueológico, de conservação e de restauro, aquando das intervenções executadas no espaço, no âmbito das obras estruturais de reabilitação, concretizadas entre 2016 e 2020.

Paralelamente às imagens e textos, estão patentes elementos encontrados em 2013 durante a desmontagem do cadeiral e do relicário, perdidos no tempo e deixados cair pelas frechas das cadeiras, como um anel, um lápis de carvão, caixas de fósforos e terços.

O presidente André Martins enalteceu a ação dos técnicos municipais naquele espaço conventual, sublinhando que estes são responsáveis por “fazerem a história das histórias, que nos torna um pouco mais ricos”.

Segundo o autarca, a exposição mostra “uma outra componente do Convento de Jesus”, a do trabalho realizado, “que, se não for divulgada, fica esquecida”.

A mostra, organizada pela Câmara Municipal de Setúbal, de entrada gratuita, pode ser visitada de terça-feira a sábado das 10h00 às 17h00 e aos domingos entre as 15h00 e as 19h00.

Considerada uma das relíquias do património arquitetónico e artístico do Convento de Jesus, a Sala do Coro Alto era uma antiga sala de oração, onde as noviças passavam pelo habitual escrutínio de entrada no convento e onde as freiras assistiam à missa sem contacto com o resto da comunidade.

Antes da restauração integral liderada pela Câmara Municipal de Setúbal no âmbito da segunda fase de intervenções no Convento de Jesus, a Sala do Coro Alto apresentava sinais de degradação muito avançados, existindo mesmo risco de colapso.

Além disso, algumas peças perderam-se para sempre e os inúmeros azulejos que a ornamentavam estavam em muito mau estado.

Depois de desmontados e tratados, um a um, foi preciso marcá-los para que, na recolocação, todo o puzzle batesse certo.

Além do revestimento de azulejos, houve outras peças recuperadas, caso de seis oratórios, dois relicários datados do século XVII, com bustos de santos, um retábulo protobarroco com 12 painéis a retratar personalidades da ordem religiosa franciscana, entre elas a fundadora do convento, Justa Rodrigues Pereira, e um cadeiral.

Toda esta complexa realização implicou medidas extremamente delicadas e minuciosas.

O Museu de Setúbal/Convento de Jesus está na terceira e última fase das obras, lideradas pela Câmara Municipal de Setúbal, que assume uma responsabilidade que seria da competência do Estado.

O projeto de requalificação do Museu de Setúbal/Convento de Jesus representa um investimento global de perto de nove milhões de euros, do qual a autarquia suporte metade do valor, advindo o restante de fundos comunitários resultantes de candidaturas aprovadas pelo Lisboa 2020 – Programa Operacional Regional de Lisboa.