Projeto setubalense “Histórias que as Paredes Contam” no maior festival da Irlanda

Por iniciativa do “Histórias que as Paredes Contam”, fotografias de vinte murais portugueses vão figurar numa exposição em Belfast entre 31 de julho e 8 de agosto, naquele que é o maior festival artístico comunitário de toda a Irlanda, o “Féile an Phobail”, para o qual são esperados cerca de 120 mil visitantes.

O programa do certame, que inclui mais de 350 eventos – entre os quais se contam exposições, palestras, concertos e workshops – foi apresentado, a 27 de junho, na capital norte-irlandesa, com intervenções da primeira-ministra da Irlanda do Norte, Michelle O’Neill, do presidente da câmara de Belfast, Micky Murray, e do responsável do turismo, John McGrillen.

“O projeto recebeu um convite para se fazer representar na sessão, mas não nos foi possível aceitá-lo. Contudo, estaremos em Belfast a partir de 29 de Julho, para preparar a mostra e acompanhar a sua inauguração, bem como os eventos sequentes em torno da mesma”, assegura Helena de Sousa Freitas, coordenadora do “Histórias que as Paredes Contam”.

“Peace, Bread, Housing, Health, Education” (“Paz, Pão, Habitação, Saúde, Educação”) é o nome da exibição, que leva à capital da Irlanda do Norte fotografias de murais de Setúbal e de outros pontos de Portugal em torno daqueles cinco eixos, que se inspiram no tema “Liberdade”, que Sérgio Godinho gravou em 1974.

De acordo com a organização do “Histórias que as Paredes Contam”, o desafio para participar no “Féile an Phobail” – designação em gaélico para “Festival Comunitário” – foi lançado por Bill Rolston, especialista norte-irlandês em muralismo que esteve em Setúbal em janeiro, para uma conversa sobre o tema integrada no conjunto de atividades do projeto.

“Porque a ideia nos pareceu interessante, enviámos uma candidatura ao núcleo de Artes Visuais do festival em abril, e foi com imensa alegria que recebemos a notícia de que a proposta tinha sido aceite”, declara Helena Freitas, que vê nesta presença mais uma oportunidade de “divulgar fora de portas uma peça fundamental da história recente do nosso país: o muralismo político-social”.

A mostra fotográfica, que adapta ligeiramente a exposição que esteve patente em Belgrado em maio, no âmbito das celebrações do Dia da Língua Portuguesa na capital sérvia, inclui registos de Helena Freitas e de António da Paixão Esteves, militar de Abril que é detentor da maior colecção de fotos de murais portugueses, com um acervo que percorre cinco décadas.

“Acolhida pelo principal local onde decorrerá o festival, o St. Mary’s University College, a exposição tem uma sessão de apresentação para convidados a 31 de Julho, abre ao público no dia seguinte, e conta com uma visita guiada a 3 de agosto”, revela a organização do projeto.

O “Histórias que as Paredes Contam – 50 anos de Muralismo em Setúbal”, que desde setembro de 2023 desenvolve na cidade um conjunto de eventos enquadrados no cinquentenário do 25 de Abril, já promoveu, além da pintura de seis murais, um ciclo de cinco conversas públicas sobre muralismo e duas mostras fotográficas – uma, intitulada “Paredes Limpas, Povo Mudo”, apresentada na cidade,  e outra, de seu nome “Liberdade”, concebida a convite do Instituto Camões em Belgrado e exibida na capital sérvia.

Em preparação encontra-se um álbum de imagens e histórias sobre a prática muralística em Setúbal, que terá o contributo de cerca de uma dezena de fotógrafos.

Com chancela do Monte de Letras e incluído no Programa das Comemorações Nacionais dos 50 anos do 25 de Abril, o projeto deve o nome à tese de doutoramento que Helena de Sousa Freitas defendeu no ISCTE-IUL em 2019 e tem por parceiros a Câmara Municipal de Setúbal, através do programa “Venham Mais Vinte e Cincos”, o Instituto Politécnico de Setúbal, a Associação dos Municípios da Região de Setúbal, a Junta de Freguesia de São Sebastião, a União de Freguesias de Setúbal, a União Setubalense e a Associação Cultural Festroia.