Presidente André Martins manifesta “alegria” e “esperança” por Setúbal ter um novo bispo

O presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, disse que o dia de 26 de outubro, era de “alegria” e de “esperança” por Setúbal ter um novo bispo, manifestando total concordância com D. Américo Aguiar sobre a necessidade de união e a disponibilidade da autarquia para trabalhar com o novo bispo.

Recorde-se que o cardeal D. Américo Aguiar, empossado como quarto bispo de Setúbal, na Sé da cidade, apelou à união e ao arregaçar de mangas para resolver os problemas das pessoas.

“Não podemos estar mais de acordo com esta manifestação de, como disse, arregaçar as mangas para fazer o trabalho que é necessário fazer. Na Câmara de Setúbal estamos habituados a trabalhar com a Igreja, também como parceiro, no sentido de, em conjunto, podermos fazer melhor. É isso que nós esperamos e temos confiança de que assim vai ser”, afirmou.

Depois de recordar que “a igreja em Setúbal, através dos bispos, tem tido manifestações de esperança para as populações”, o autarca enfatizou o que D. Américo Aguiar tinha salientado no discurso de posse. “Estamos todos juntos no sentido de podermos defender aquilo que consideramos que é muito importante para o bem-estar das populações que vivem no território, que têm dificuldades”.

André Martins sublinhou que as dificuldades não são únicas do território de Setúbal, mas estendem-se ao país e ao mundo, que vive “com tanta perturbação”, razão pela qual considera “muito importante” que o bispo tenha falado da necessidade de união “para fazer aquilo que for preciso para criar melhores condições de vida e bem-estar”.

Numa cerimónia realizada na Igreja de Santa Maria da Graça, completamente cheia com populares e autoridades eclesiásticas e civis, D. Américo Aguiar, nascido há 49 anos em Leça do Balio, repetiu várias vezes a expressão “estamos juntos”, referindo-se quer ao Governo, autarquias locais, setor social, empresas ou sindicatos, quer aos cristãos, católicos, membros de outras religiões ou pessoas sem transcendência.

“Eu não quero ser presidente de câmara, não quero ser deputado, nem quero ser outra coisa qualquer, quero ser bispo. Estamos cá para fazer o mesmo. No respeito pelo trabalho, pelo empenho, pela função de cada um, queremos o melhor para Portugal, para os portugueses, e ainda muito melhor para todos os que vivem, passeiam, trabalham e criam trabalho neste território da Península de Setúbal e da Diocese de Setúbal. Estamos juntos”, disse.

Após referir que a Península de Setúbal “tem sofrido muito” pela proximidade com Lisboa, devido a questões como a dos fundos europeus, o bispo admitiu haver muito trabalho pela frente. “Infelizmente, temos muitas pessoas com problemas. Temos que ajudar, rezar para que tudo se concretize, mas também arregaçar as mangas para que tudo possa acontecer”.

D. Américo Aguiar considerou que, entre as 900 mil pessoas residentes no território da Diocese de Setúbal, não se pode permitir que um único “se sinta abandonado, se sinta para trás”, que não se sinta verdadeiramente pessoa, “com dignidade, com direitos, com deveres”, e com a coragem de sonhar.

“Mas não chega sonhar, é preciso lutar pelos sonhos. E depois, como o sal e a pimenta, um bocado de poesia nisto. Portanto, sonhar, lutar, poesia e temos paz, sermos capazes de fazer o melhor naquilo que é o bem comum, a subsidiariedade, a dignidade da pessoa humana e a solidariedade”, referiu, frisando que “ninguém se sinta dispensado” entre as “pessoas de boa vontade”, seja qual for a sua religião.

Sem tomar partido “por ninguém”, mas apenas pela paz, o novo bispo de Setúbal recordou ainda as guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, que impediam que o dia fosse de festa “na totalidade”, por haver “irmãos e irmãs a fugir da guerra, da violência e da morte”, o que não pode deixar ninguém “de coração tranquilo”.

Já no exterior da Sé, junto da estátua de D. Manuel Martins, o primeiro bispo de Setúbal, entre 1975 e 1998, recordou aos jornalistas que “desde seminarista” recebeu “os inputs, os conselhos e as partilhas” do seu conterrâneo de Leça do Balio, falecido em 2017.

“Era eu um jovem seminarista de Leça do Balio e cresci ouvindo sempre os gritos daqueles que, como ele dizia, ser a voz dos que não têm voz. Espero que, 40 anos depois, os problemas não sejam os mesmos, mal seria se fossem os mesmos. Portanto, espero que algumas coisas tenham sido resolvidas, para o bem de todos”, afirmou, numa referência à crise vivida na região de Setúbal nos anos 80 do Século XX.