Categories: Opinião

Os hovercrafts do Sado

Corria o ano de 1971 quando uma nova empresa começou a operar também os transportes fluviais no Sado, assegurando os transportes entre Setúbal e Troia e vice-versa, com quatro inovadoras unidades, os hovercrafts, da Sociedade Turística da Ponta do Adoxe, uma empresa do universo TORRALTA.

Estas quatro velozes e atraentes embarcações foram batizadas com sugestivos nomes: “Torralta”, “Soltroia”, “Troiamar” e “Troiano”.

O nascimento do novo serviço de transportes foi de tal forma relevante que teve a honra de ser inaugurado pelo Presidente da República, Almirante Américo Tomás, que acompanhado de alguns membros do Governo, se deslocou ao Porto de Setúbal, no dia 7 de julho de 1971, para participar na viagem inaugural.

As embarcações construídas em Inglaterra eram únicas em Portugal e, na sua velocidade máxima conseguiam cobrir o trajeto Setúbal/Troia em cerca de três minutos.

Porém, a vida destes velozes barcos, que se tornaram numa atração do Sado, foi “sol de pouca dura” pelo que estiveram operacionais cerca de meia dúzia de anos, desaparecendo tão rapidamente como chegaram.

Após a revolução de 25 de abril as convulsões económicas, sociais e políticas que afetaram profundamente o grupo TORRALTA tiveram repercussão direta na STPA, começando ali a faltar dinheiro para aquisição de peças de origem destinadas a substituir as que se iam danificando nas rápidas embarcações.

O então bem conhecido Mr. Roberts, súbdito britânico, representante da empresa Hovermarine, Limited a quem tinham sido adquiridas as embarcações e, em Setúbal, prestava assistência técnica viu os seus serviços dispensados pela comissão administrativa que entretanto substituíra a administração da TORRALTA.

Os serviços que este técnico prestava ficaram então à responsabilidade de operários nacionais. Para solucionar o problema da falta de peças os mecânicos portugueses chamados a suprir a lacuna deixada pelo técnico inglês recorreram a um dos quatro hovercrafts que passou então a funcionar como “fornecedor” e assim, de peça em peça retirada, chegou-se ao fim destas embarcações únicas a operar em Portugal.

Rui Canas Gaspar

 

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