Nuno Mascarenhas diz estar inocente e continua como presidente da Câmara de Sines

O presidente da Câmara de Sines, o socialista Nuno Mascarenhas, arguido na “Operação Influencer”, disse estar inocente e prometeu continuar a colaborar com a justiça “ao longo de todo o processo”, numa declaração pública feita a 14 de novembro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, sem direito a perguntas.

O edil, que cumpre o terceiro e último mandato até 2025, promete aguardar com “serenidade e tranquilidade” o desfechado deste processo, mas reitera a decisão do juiz de instrução criminal nesta fase de que “a justiça falou e decidiu confirmar a minha inocência”, sublinhando que prestou “todos os esclarecimentos” que lhe foram solicitados pelas autoridades.

“Estes foram dias muito difíceis, marcantes, com impacto na minha vida pessoal e familiar, nos quais o meu papel foi, e só podia ser, o de colaborar com a justiça”, afirmou o autarca, acompanhado pelos outros três eleitos da maioria do PS no município.

“Estando inocente como estou, foi com a serenidade possível que lidei com toda esta situação, convicto de que sempre pautei a minha conduta de presidente da Câmara Municipal de Sines na prossecução do interesse público inerente ao exercício das funções para as quais fui eleito”, afirmou Nuno Mascarenhas.
Segundo o autarca, que esteve detido durante seis dias, no âmbito desta investigação judicial que incide sobre negócios relacionados com lítio, hidrogénio verde e a construção de um centro de dados, cabe-lhe manter a reserva, uma vez que o processo “continua a decorrer”.

“A verdade, em bom rigor, é que a justiça falou e decidiu, nesta fase, afirmar a minha inocência”, argumentou Nuno Mascarenhas que não adiantou mais detalhes sobre o processo, “cumprindo obrigatoriedade de reserva” e prometeu continuar o trabalho em Sines, “para que o concelho se mantenha atrativo para as pessoas”.

O autarca disse que ainda não decidiu ceder à tentação de se defender de alguns comentários “inapropriados e desconhecidos da realidade”.

O juiz Nuno Dias Costa, do Tribunal Central de Instrução Criminal, submeteu o autarca Nuno Mascarenhas a Termo de Identidade e Residência (TIR), não tendo sido subscritos indícios de quaisquer crimes.
Recorde-se que o Ministério Público (MP) tinha pedido a suspensão de mandato, a proibição de contactos e de entrar nas instalações da autarquia. Em causa está o apoio da sociedade Start Campus, que está a construir o Data Center na zona industrial e Logística de Sines, e também arguida neste processo, de ter patrocinado o Festival Músicas do Mundo (FMM) em 5 mil euros e apoiado um clube de futebol em Sines em troca do autarca acelerar o processo de licenciamento, segundo o Ministério Público.

A “Operação Influencer”, que se tornou pública, a 7 de novembro, pelo Ministério Público, envolveu 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas, uma delas o autarca de Sines. Os outros foram o agora ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro Vítor Escária, o consultor Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa, e os administradores da empresa Start Campus Afonso Salema e Rui Oliveira Neves.
Os cinco detidos acabaram por sair em liberdade, seis dias depois, por decisão do Tribunal Central de Instrução Criminal, que aplicou somente uma caução de 150 mil euros e a proibição de sair do país a Diogo Lacerda Machado, tendo esta última medida de coação sido igualmente imposta a Vítor Escária. Por sua vez, o autarca de Sines e os dois administradores da Start Campus, empresa construtora de um centro de dados naquela cidade do litoral alentejano, ficaram somente com termo de identidade e residência.

No total, há nove arguidos no processo, incluindo o agora ex-ministro das Infraestruturas João Galamba; o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta; o advogado, antigo secretário de Estado da Justiça e ex-porta-voz do PS João Tiago Silveira; e a empresa Start Campus (que foi sujeita a uma caução de 600 mil euros).
O primeiro-ministro, António Costa, é alvo de um inquérito no MP junto do Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos no processo que investiga tráfico de influências no negócio de um centro de dados em Sines (entre outros negócios) terem invocado o seu nome como tendo tido intervindo para desbloquear procedimentos.

O MP considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus, responsável pelo centro de dados, de acordo com a indiciação. No dia da demissão, Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável”.

Leia o comunicado na íntegra: https://www.sines.pt/pages/396?news_id=3816