Morreu Manuel Carlos Zorro, músico de Setúbal

Manuel Carlos Casalão Zorro, músico e compositor de Setúbal, faleceu hoje, 26 de Dezembro, vítima de problemas cardíacos.

O artista nasceu a 27 de Setembro de 1949 em Beja mas cedo veio residir para Setúbal.

Iniciou a sua carreira artística em 1968 no conjunto musical “Os Zulus”. Fez parte de vários grupos musicais setubalenses, entre os quais “Os Hippis”, “Contágio”, “Bossa Grupo 5”, “Capricho 76”, “Banda de Cá”., embora seja mais conhecido por ter feito parte do mítico “Conjunto Típico Xico da Cana”, onde esteve três década, até à sua extinção. Integrou depois o “Grupo Típico Cantares do Sado”.

Audidacta, aprendeu a tocar sozinho guitarra portuguesa, acompanhando vários fadistas de Setúbal. Venceu o Concurso da Grande Marcha de Setúbal em 2004 como autor da letra, numa composição musical de Artur Jordão.

“A Mais Bela Baía” foi um dos temas que criou para a inauguração da Casa da Baía, transformando-se depois numa canção conhecida na cidade.

Manuel Carlos Zorro recebeu a Medalha de Cultura da Cidade de Setúbal, este ano, nas cerimónias de 15 de Setembro, Dia da Cidade.

Junta de Freguesia de S. Sebastião lamenta

O executivo da Junta de Freguesia de S. Sebastião lamenta “profundamente o falecimento do músico Manuel Carlos Casalão Zorro, um dos mais aclamados e acarinhados artistas setubalenses, cujo desaparecimento deixa um enorme vazio na cultura sadina”, refere, em comunicado.

“Incontestável ícone da nossa cultura, Manuel Carlos Casalão sempre enalteceu Setúbal, cidade que o acolheu há 69 anos, nas suas melodias e poemas, tal como acontece em “A Mais Bela Baía”, tema criado propositadamente para a inauguração da Casa da Baía e um dos que mais dignificam as belezas da nossa cidade. Colaborou igualmente com o município na edição de dois CD das Marchas Populares e editou vários livros e discos de escritores e músicos setubalenses.”, adianta o o comunicado.

“Pertenceu a vários grupos musicais setubalenses, sendo o mais conhecido o “Conjunto Típico Chico da Cana”, de onde transitou para o Grupo Típico “Cantares do Sado”, conjuntos que ofereceram inúmeros hinos a esta terra.
Com a sua viola de Fado acompanhou artistas veteranos como Georgete e Manuel de Jesus, Fernando Machado, Guadalberto Caferra ou António Severino, mas era também um ponto de referência para a nova geração de fadistas que a si recorriam em busca de orientação. Atualmente dirigia e colaborava com o Coro da Associação de Socorros Mútuos e continuava a acompanhar os fadistas da cidade com a sua viola”, lembra.

Em Março deste ano, Manuel Carlos Casalão completou meio século de carreira e foi por isso homenageado num grande espetáculo que reuniu dezenas de artistas, admiradores, familiares e autarcas da cidade, um merecido tributo ao qual a Junta de Freguesia de S. Sebastião se associou e apoiou desde a primeira hora. 

“Para além do seu incontestável talento e contributos como músico, compositor e poeta, era um ser humano excecional, um exemplo de bondade, de humildade e de solidariedade que cativava e mobilizava as pessoas em seu redor. A nossa região e a nossa cidade ficam certamente mais pobres com a partida deste grande artista, embora o seu legado seja eterno e para sempre recordado por todos. Neste momento de profunda consternação, endereçamos as nossas mais sinceras condolências à família enlutada”, conclui.