Júri do concurso das Marchas de Setúbal retira acusação de “plágio” ao autor da música dos Ídolos da Praça

O júri do Concurso das Marchas Populares de Setúbal 2024 emitiu um esclarecimento sobre a acusação de “plágio” ao autor da música da Marcha dos Núcleo Recreativo e Desportivo Ídolos da Praça, Duarte Zacarias.

O júri lamenta o uso inicial do termo “plágio” na comunicação produzida sobre este caso, pela “conotação negativa para a entidade e o compositor, esclarecendo que a decisão se pautou por evidências técnicas e jurídicas, com a preocupação de assegurar a imparcialidade perante as circunstâncias”.

O júri reconhece “o profissionalismo e a qualidade do compositor Duarte Zacarias, enfatizando que a decisão de penalização não constitui uma crítica à competência ou contribuição musical do autor, nem um ataque ao bom nome da coletividade e do respetivo diretor artístico da marcha”.

A penalização, segundo o júri, resultou “exclusivamente da denúncia dos autores da música de 2012 (Artur Jordão), cujas provas foram apresentadas e analisadas de acordo com os critérios estabelecidos”.

O júri reitera “o seu compromisso com a proteção da originalidade das composições musicais e a integridade do processo competitivo, comprometendo-se a rever os seus métodos de comunicação para evitar mal-entendidos futuros”.

“A título meramente informativo, comunicamos que a penalização na pontuação não produziu qualquer interferência na classificação final da marcha do Núcleo Recreativo e Desportivo Ídolos da Praça, que manteve a sua posição, mesmo considerando a sanção do subcritério da originalidade prevista no regulamento”, refere ainda o comunicado.

Ana Tomás, responsável do júri pela avaliação da música, cantora e professora de canto, além de mestre em ensino da música, elucida que “a apreciação resultou de uma denúncia acompanhada de evidências audiovisuais que permitem a comparação entre as músicas de 2012 e a de 2024”, sublinhando que “a análise realizada pelo júri observa uma constatação clara de similaridade entre a introdução da marcha do presente ano e a secção instrumental da marcha de 2012”.

O júri aponta “a existência de vários elementos em comum nas secções em discussão, relacionados com melodia introdutória igual, embora em tonalidades diferentes, intenção de frase musical igual e progressões harmónicas idênticas”.

“As semelhanças encontradas, defende o corpo avaliador, excedem a simples coincidência ou a influência de referências comuns”, conclui.

De referir queAna Tomás foi alertada para esta situação através de uma carta de Artur Jordão, uma semana depois do desfile na avenida Luísa Todi. “Apesar de eu ter estado ausente das marchas na avenida (por doença da minha esposa), fui informado por terceiros e posteriormente pelo Idaliano Batista (autor da letra deste ano), de que a marcha dos Ídolos da Praça deste ano tem 8 compassos (apesar de não serem repetidos), iguais à minha marcha dos Ídolos da Praça de 2012, que por coincidência os autores são os mesmos (Idaliano & Jordão)”, refere Artur Jordão.

“Atenção que não estou a afirmar que é um plágio, mas que tem notas iguais, lá isso tem. Portanto os autores acham de bom tom, avisar o júri da música no que diz respeito a este pormenor”, refere ainda a missiva de Artur Jordão.

Perante esta polémica, o presidente da direção Núcleo Recreativo e Desportivo Ídolos da Praça, Bruno Vigário, esclarece, em comunicado, datado de 24 de junho, que “foi surpreendido na madrugada de domingo aquando do momento da publicação nas redes sociais do município de Setúbal das classificações do concurso das Marchas Populares de Setúbal, que a nossa coletividade sofreu uma penalização na categoria da música por plágio da secção instrumental da nossa marcha de 2012 na introdução do presente ano”.

Bruno Vigário sublinha que “a direção desta coletividade considera de extrema importância clarificar junto do júri do concurso tal acusação de ‘plágio’ criando assim alarmismos e colocar em causa o bom nome do nosso compositor Duarte Zacarias e do respeitado Núcleo Recreativo e Desportivo Ídolos da Praça”.

“Esclarecemos os nossos associados e órgãos de comunicação social que, a nossa música 2024 por coincidência pode até ter 4 compassos iguais à música de 2012 embora que sejam repetidos. O que para ser considerado plágio seriam 8 compassos consecutivos”, afirma Bruno Vigário.