A mostra integra meia centena de diversas peças de arte e de arqueologia da antiguidade, do antigo Egipto, Grécia clássica, Império Romano e do Médio Oriente, doadas ao Museu de Setúbal pela Fundação Büehler-Brockaus.
Luís Geirinhas
A exposição “Arte e Arqueologia da Antiguidade – Colecção Bühler-Brockhaus” foi inaugurada na tarde do último domingo, na Galeria Municipal situada no antigo Banco de Portugal, em Setúbal, durante uma cerimónia bastante participada que contou com a presença dos doadores daquela colecção, Hans-Peter Bühler e Marion Brockhaus. A mostra dos fragmentos doados recentemente ao Museu de Setúbal/Convento de Jesus integra um conjunto de 50 peças cerâmicas, em vidro, em pedras duras, em metal e em terracota, que até ao momento se encontravam na propriedade do casal alemão, a residir actualmente na cidade sadina.
As peças fazem parte de uma área civilizacional que se estende do Egipto faraónico e que passa pela Grécia clássica, Império Romano e Médio Oriente paleocristão, encontrando-se expostas numa das salas da galeria, no interior de duas vitrinas, até ao final da mostra, altura em que serão transferidas para as instalações definitivas, a inaugurar na segunda quinzena de Junho.
Pedro Pina, vereador da Cultura da Câmara de Setúbal, agradeceu a doação feita pelo casal de coleccionadores, tenho sublinhado “a importância do valioso património exposto” e destacado o “potencial de Setúbal na atracção de novos públicos na esfera do turismo cultural”. A inauguração contou ainda com as presenças de José Luís Catalão, director do Museu do Trabalho, e de Luís Liberato, também do departamento cultural da autarquia.
A sessão de abertura contou ainda com uma pequena intervenção de Fernando António Baptista Pereira, director e conservador do museu municipal. Também autor do prefácio, o professor considera que o espólio “vem enriquecer de forma significativa o âmbito temático e cronológico dos acervos existentes no museu” e que agora, que chegou a Setúbal deve fazer parte dos interesses dos setubalenses em geral.
O responsável destacou, entre as peças existentes, a espectacularidade das “peças romanas, entre as quais, uma fechadura em bronze, presumivelmente de um cofre, ornamentada com cabeças do Deus Mitra”, que é de grande significado para toda a região do estuário do Sado, uma vez que “a península de Tróia foi, no final da época romana, um dos centros difusores desse culto no território da Lusitânea”, sublinha no prefácio do catálogo lançado no mesmo dia da abertura da mostra. O conservador do museu refere ainda o facto de muitas das peças que foram oferecidas serem “muito raras” nas colecções públicas e privadas. “Esta colecção constituirá um acrescido motivo de orgulho e interesse não só para os setubalenses mas para todos que visitam a região”, defende.
Marion Brockaus, da Fundação Bühler-Brockaus, agradeceu o apoio de todos os que contribuíram para tornar possível a exposição, nomeadamente Joaquina Soares, directora do Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal (MAEDS), bem como daqueles que apoiaram a realização da doação e do catálogo. A Fundação Buehler-Brockaus, refira-se, foi a entidade que ao longo de várias décadas adquiriu e investigou a meia centena de peças que compõe a presente colecção.
Hans-Peter Büehler e Marion Brockhaus, da Fundação Büehler-Brockaus, partilharam com o público “o entusiasmo e a paixão que os levou a adquirir e a investigar, ao longo de vários anos, as obras da colecção” que doaram a Setúbal. A investigação realizada pelo casal alemão sobre cada uma das peças desta coleção de arte e arqueologia da antiguidade é apresentada num catálogo expositivo.
A exposição ficará patente até à conclusão integral dos trabalhos de requalificação e modernização do Museu de Setúbal, no Convento de Jesus, acervo ao qual a colecção passou a pertencer após a doação ao município.
