Francisco Macheta, presidente da ARCOLSA: “Há um rejuvenescimento e um continuar da tradição e isso reflete-se na qualidade” do Queijo de Azeitão

Francisco Macheta, presidente da Associação Regional de Criadores de Ovinos Leiteiros da Serra da Arrábida (ARCOLSA), entidade que promover o Festival Queijo, Pão e Vinho, juntamente com o município de Palmela e Junta de Freguesia da Quinta do Anjo, manifesta satisfação pela procura do Queijo de Azeitão no mercado, o rejuvenescimento de gerações dos ovinicultores e dos produtores de queijos, graças à continuação dos negócios familiares. A freguesia da Quinta do Anjo produz totalmente o Queijo de Azeitão. Francisco Macheta destaca a forma artesanal como é feito o queijo que mantém a qualidade do produto que tem cada vez mais procura.

Florindo Cardoso

Setúbal Mais – Como está a decorrer este ano a produção de queijo neste contexto de dificuldades dos mercados?

Francisco Macheta – Nesta altura, estamos novamente a aumentar a produção de queijo. A nossa grande dificuldade foi no final de 2022 devido à venda de 4.500 ovelhas, que saíram do nosso território. Isso refletiu-se e tivemos muita dificuldade no final do ano passado em abastecer o mercado. Tomámos algumas medidas, desenvolvemos contatos com os nossos produtores que foram aumentando os seus efetivos e conseguimos recuperar a produção considerada normal para a época.

Setúbal Mais – Em termos de custos de produção como está a situação?
Fernando Macheta
– As matérias primas aumentaram na casa dos 70 por cento, fazendo com que, numa fase inicial, em junho e julho do ano passado, tivessem sido vendidas 4.500 ovelhas. As queijarias, tendo em atenção as dificuldades dos produtores, decidiram aumentar o preço a pagar pelo leite, que de alguma forma resolveu a questão em relação aos ovinicultores. Isso levou à alteração do preço do queijo. Só que, para nosso prazer, mesmo com o preço mais elevado o consumidor continuou a comprar o nosso queijo. Foi muito positivo. É o grande reconhecimento do nosso trabalho, desde os ovinicultores aos dos produtores de queijo.

Setúbal Mais – Em relação ao facto do Queijo de Azeitão ser produzido somente no concelho de Palmela. Porque acha que isso aconteceu?
Francisco Macheta
– Historicamente o queijo de Azeitão surgiu em Azeitão (concelho de Setúbal), chegando a existir várias queijarias em Setúbal e Sesimbra, mas os produtores começaram a deslocar-se para a freguesia da Quinta do Anjo, onde existem os rebanhos de ovelhas. Foram fechando nesses concelhos, não há uma justificação, apenas aconteceu a junção das queijarias neste território.
Setúbal Mais – Talvez porque seja também um negócio familiar…
Francisco Macheta – Sim. Permite manter a qualidade. A forma de trabalhar, muito artesanal, do Queijo de Azeitão, vai passando de pais para filhos. Temos uma nova geração, dos filhos dos produtores, a assumirem a gestão das queijarias e o mesmo se passa com os produtores de leite, com idades entre os 30 e 40 anos. Há um rejuvenescimento e um continuar da tradição e isso reflete-se na qualidade.

Setúbal Mais – Não há falta de procura de Queijo de Azeitão?
Francisco Macheta
– Não há falta de procura pelo Queijo de Azeitão, há é falta do produto. O nosso consumo aumentou e 2022 só não foi o melhor ano de sempre devido à falta de leite para produzir o queijo. Aliás, no concurso dos 100 melhores queijos do mundo, o de Azeitão ficou 43.º lugar e foi o segundo melhor queijo português. Isso demonstra a qualidade do produto e o reconhecimento da qualidade que temos por parte do consumidor.


Setúbal Mais – Em relação ao número de ovelhas?
Francisco Macheta
– Tínhamos 14 mil e depois passámos para 9.500 no final do ano passado, mas neste momento ainda não é possível apurar porque estamos a fazer a parte sanitária, o controlo de doenças na raça, mas acreditámos que estamos já nas 12 mil. A nossa preocupação é que os produtores façam um maneio reprodutivo para conseguir ter leite ao longo do ano. Um dos problemas que tínhamos é ter leite na altura da primavera e temos dado esse apoio na forma de rentabilização das explorações, sem momento algum, alterar a parte artesanal e as condições necessárias para produzir leite para o Queijo de Azeitão.

Setúbal Mais – Em relação ao projeto “Adote uma ovelha” como tem decorrido?
Francisco Macheta
– Dos 12 animais que temos aqui no Museu da Ovelha, temos seis adotadas. Estamos a falar de um valor anual de 200 euros para as empresas que adotem que nesta altura de crise não é fácil. Criámos um plano B, que era criar em outras explorações e fizemos uma parceria com a Escola Profissional da Moita, que têm os cursos de agropecuária, tendo já cerca de 20 exemplares e o objetivo é chegar às 40. A obrigatoriedade é manter o exemplar em regime puro para controlar a parte reprodutiva.

Setúbal Mais – Quais as novidades desta edição do Festival Queijo, Pão e Vinho?
Francisco Macheta
– Em 2022 foi o primeiro evento pós pandemia, com os riscos e receios assumidos pela organização, que acabou por ser um êxito maior que esperávamos e criou uma responsabilidade maior para 2023, sobretudo criar melhores condições para quem nos visita. Dessa forma aumentámos as áreas cobertas, com mais uma tenda, adquirimos em parceria mais mesas de exterior e fizemos um pedido ao Mercado Caramelo para aumentar o número de sombras. Voltaremos a ter a presença dos queijos de Portugal, representados pela ADREPES (Associação para o Desenvolvimento Rural da Península de Setúbal), que o ano passado foi uma mais valia e nos deu uma grande visibilidade. Decidimos também convidar as câmaras municipais de Setúbal e de Sesimbra para estar presentes no evento, contando assim com todos os representantes da região Arrábida, que é muito importante para nós. Teremos 39 stands divididos pelas áreas do queijo, pão, vinho, doçaria e mel.


Setúbal Mais – Qual é a expetativa, em termos de público, para a edição deste ano?
Francisco Macheta
– O ano passado foi excecional com 18 mil visitantes que revelou o reconhecimento do trabalho da organização. As nossas expetativas são sempre entre as 15 e as 16 mil pessoas. A entrada será 2 euros para os três dias, cujas pulseiras de livre acesso já estão à venda na Junta de Freguesia de Palmela e na Casa Mãe da Rota dos Vinhos inclui a oferta de um copo reutilizável para consumo de bebidas

De 31 de março a 2 de abril em S. Gonçalo

Festival Queijo, Pão e Vinho espera 15 a 16 mil visitantes

A 27.ª edição do Festival Queijo, Pão e Vinho, que vai realizar-se de 31 de março a 2 de abril, em S. Gonçalo, freguesia da Quinta do Anjo, concelho de Palmela, promete atrair entre 15 a 16 mil visitantes durante os três do evento que este ano apresenta várias novidades como um vaivém gratuito, a oferta de um copo reutilizável na compra do ingresso e mais uma tenda para receber instituições.

O número foi avançado por Francisco Macheta, presidente da ARCOLSA – Associação Regional de Criadores de Ovinos Leiteiros da Serra da Arrábida, entidade que organiza o festival, a principal montra dos produtos regionais de qualidade da região, com o apoio da Câmara Municipal de Palmela e da Junta de Freguesia de Quinta do Anjo, durante a conferência de imprensa, realizada a 22 de março, nas instalações da associação.

Francisco Macheta revelou que para “criar melhores condições para quem visita o evento”, vai ser instalada uma tenda, onde funcionará os stands da ADREPES – Associação para o Desenvolvimento Regional da Península de Setúbal que apresentará também os queijos de Portugal e ainda dos municípios de Setúbal e Sesimbra que estarão presentes pela primeira vez, ficando assim representada toda a região da Arrábida, e mais mesas de exterior e zonas de sombra.

“Uma vez que a ARCOLSA é a detentora da marca do queijo de Azeitão, que está alicerçado nos três concelhos da Arrábida – Palmela, Sesimbra e Setúbal -, nós convidámos a estarem presentes as câmaras municipais de Setúbal e de Sesimbra”, acrescentou Francisco Macheta, adiantando que, por isso, “este ano o festival também vai ter um ‘showcooking’ ligado ao mar”.

Para Francisco Macheta, o Festival do Queijo, Pão e Vinho é também uma oportunidade para o “contacto direto do consumidor com o produtor, sem haver intermediários”.

“Toda a gente se queixa de que os intermediários é que que cobram comissões e fazem com que os produtos cheguem ao consumidor muito caros. Aqui temos a oportunidade de ter um contacto direto e comprar diretamente ao produtor”, sublinhou.

“Esse contacto direto é importante para os produtores, mas também para os visitantes, que podem comprar os nossos produtos a preços mais baixos”, acrescentou.

O presidente da ARCOLSA revelou também que esta edição terá um copo reutilizável que os visitantes adquirem à entrada, na Junta de Freguesia da Quinta do Anjo e na Casa Mãe da Rota dos Vinhos de Palmela, juntamente com a pulseira para consumo de bebidas no recinto. O objetivo é evitar o desperdício de plástico e afirmar cada vez mais o Queijo, Pão e Vinho como um eco evento, apoiado pela Amarsul. As pulseiras (incluindo o copo) têm o valor simbólico de 2€, permitindo a entrada em todos os dias do festival.

Outra novidade desta edição é a iniciativa do município de Palmela de disponibilizar um vaivém gratuito, com partidas do largo de S. João, em Palmela, sexta-feira, entre as 20h00 e as 23h30, sábado, das 16h00 às 23h00, e domingo, das 14h00 às 21h00.

O presidente da Câmara Municipal, Álvaro Balseiro Amaro, acredita que 2023 vai voltar a ser um ano de “enchente”, após o recorde de 18 mil visitantes alcançado em 2022, considerando que é “um programa ideal para as famílias”. Aliás, a maioria dos visitantes vêm da margem norte da Área Metropolitana de Lisboa.

O autarca realçou que este festival “é já uma marca territorial, de atração de visitantes”, sendo um “grande espaço de convívio e reencontro com as origens” e sobretudo um evento “com um enorme potencial de crescimento e um percurso de futuro ainda incalculável”. “Este é um certame que queremos levar cada vez mais longe”, concluiu Álvaro Balseiro Amaro, lembrando o apoio do município, de 4.800 euros e ainda 18 mil euros em apoio logístico.

Já o presidente da Junta de Quinta do Anjo, António Mestre, evidenciou o empenho da Junta para com o Festival, afirmando que a autarquia “reforçou o apoio financeiro para o dobro”. Passados estes anos, o festival “mantém as características quase originais”, elogiando “envolvimento do movimento associativo” local.

O certame vai ter 39 produtores presentes (15 de vinhos da península de Setúbal, nove queijarias, duas panificadoras e 13 de doçaria, mel, entre outros produtos).

O programa inclui a tradicional corrida de ovelhas, mostra de produção de queijo, demonstrações da tosquia e ordenha de ovelhas, diversas atividades desportivas promovidas em parceria do movimento associativo animação com os espetáculos com Jorge Nice, Sevilhanas, Grupo Alluahá, Orquestra Ligeira da SIM e Cante Alentejano com Mod’Alentejo e o Grupo Coral 1.º de Maio. O programa inclui ainda atividades equestres, gastronomia e vinhos, com destaque para o Ateliê de Fogaça de Palmela com a Chef Marta Nunes, que o município promove no âmbito do programa “Palmela – Experiências com Sabor!”.

Franciso Macheta com o vereador do Turismo, LUís Miguel Calha, e os presidentes do município, Álvaro Amaro e da Junta de Freguesia da Quinta do Anjo, Antónioo Mestre

Programa do festival com muita animação

O Festival Queijo, Pão e Vinho abre no 31 março às 15h00. A inauguração oficial do evento será às 18h00, bem como a abertura da Tenda Gastronómica. A animação musical é garantida a partir das 22h00 pelo popular cantor Jorge Nice. O certame encerra à meia-noite.

No dia 1 abril, pelas 9h30, no recinto do festival decorre o Treino de Trail Queijo, Pão e Vinho, promovido pela Limited Edition Team. Segue-se às 10h00, a partir da Capela de S. Gonçalo, o passeio “Terras de Queijo, Pão e Vinho”, realizado pela SAL. Pelas 10h30, atividades no Picadeiro e Demonstração de Atletismo pelo Quintajense Futebol Clube. Entre as 12h30 e 23h30, no Picadeiro, decorrem atividades equestres pela Escola de Equitação Quinta dos Barreiros.

 Às 14h00, no recinto do festival, realiza-se o espetáculo de rua da SIM (Sociedade de Instrução Musical) da Quinta do Anjo. Pelas 16h00, no Picadeiro, haverá demonstrações de tosquias mecânica por Armindo Mendes, e manual por João Cândido. Pelas 17h30, na Tenda Gastronómica, espetáculo de sevilhanas dirigido por Maria José Navarro. À 17h30, no Ovinódromo, terá lugar uma Corrida de Ovelhas. Pelas 20h00, na Tenda Gastronómica, atuará o Grupo Alluahá, com coreografia de Ana Pinto. Pelas 22h00, na Tenda Gastronómica, realiza-se o concerto da Orquestra Ligeira SIM. O certame encerra às 24h00.

No dia 2 abril, pelas 9h00, no recinto do festival, realiza-se o passeio de bicicleta estrada pela Associação Desportiva Bike & Nutrition. À mesma hora e local, passeio de BTT promovido pela Salta Carrascas. Entre as 10h00 e as 20h00, no Picadeiro, decorre o programa equestre pela Quinta dos Barreiros. No mesmo local, pelas 16h00, demonstrações de tosquias mecânica e manual. Às 16h00, na Tenda Gastronómica, terá lugar o espetáculo de Cante Alentejano pelo Mod’Alentejo, seguindo-se uma hora depois, também Cante Alentejano pelo Grupo Coral 1.º de Maio. Pelas 17h30, no Ovinódromo, corrida das ovelhas. O festival encerra às 20h00.