Casa da Poesia de Setúbal apoia Casa do Gaiato

“Vinhos solidários” já contam com cinco edições

A poesia e os vinhos deram as mãos numa acção de solidariedade que vai ajudar a Casa do Gaiato de Setúbal. Uma iniciativa solidária da Casa da Poesia de Setúbal, em parceria com a Casa Ermelinda Freitas, que nos últimos anos já entregou 9 mil euros a instituições do concelho.

Florindo Cardoso

A 5.ª edição dos “Vinhos Solidários”, promovida pela Casa da Poesia de Setúbal, em parceria com a Casa Ermelinda Freitas, decorreu no dia 12 de Outubro, na Casa da Baía, com a presença de dezenas de pessoas, entre as quais a vereadora do município sadino, Carla Guerreiro, o padre Acílio Fernandes, e os presidentes da União de Freguesias de Setúbal, Rui Canas, e do Sado, Manuel Véstias.

As receitas das garrafas de vinho tinto e branco da Casa Ermelinda Freitas, vendidas ao preço de 10 euros por unidade, revertem a favor da Casa do Gaiato de Setúbal, a quinta instituição a ser apoiada, após o Centro de Acolhimento de Crianças em Risco da Cáritas Diocesana de Setúbal, a Clínica Dentária Social, criada pelo padre Constantino, a delegação de Setúbal da Liga Portuguesa contra o Cancro e a APPDA Setúbal (Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo).

Alexandrina Pereira, presidente da Casa da Poesia, lembrou que “nos estatutos da associação está a parte solidária e temos cumprido, embora não seja uma tarefa fácil, mas vamos fazendo com o coração”, explicando que o evento realizou-se este ano mais cedo do que é habitual, próximo do Natal, porque está incluído nas comemorações dos 200 anos de nascimento de Calafate, poeta popular setubalense. Aliás as garrafas de vinhos têm os rótulos com a figura e seis poemas de Calafate, uma criação gráfica da adega de Fernando Pó.

“A iniciativa tem dados os resultados que nós queremos e neste momento já temos três instituições em lista de espera”, disse a responsável, agradecendo o apoio da empresária Leonor Freitas, proprietária da Casa Ermelinda Freitas, que apoiou esta acção desde o primeiro ano.

“Este trabalho é sempre muito gratificante porque o trabalho final oscila entre os 1.500 a 2 mil euros, sendo talvez pouco para as instituições mas tendo em conta as poucas horas do evento é um resultado muito positivo”, destacou Alexandrina Pereira, revelando que “em cinco anos, a Casa da Poesia que vive apenas do apoio monetário da União de Freguesias de Setúbal e das quotas dos associados, já distribuiu cerca de 9 mil euros pelas instituições”.

A poetisa elogiou o trabalho desenvolvido pela Casa do Gaiato de Setúbal e o seu responsável, o padre Acílio Fernandes, “um autêntico pai dos rapazes” e por isso é “gratificante para nós apoiar esta instituição”.

Leonor Freitas que não esteve presente por motivos profissionais, mandou uma mensagem: “Embora não consiga estar presente, realço o orgulho que sinto por todo o empenho e trabalho desenvolvido pela Casa da Poesia que tão bem tem sabido associar a cultura à solidariedade, temos aprendido e ficado mais ricos através da vossa poesia”.

Já a vereadora Carla Guerreiro salientou que “talvez não seja difícil fazer esta acção uma vez mas manter o nível de pessoas que contribuem o longo destes cinco anos”, sendo “um motivo de orgulho porque não é fácil nos dias que correm juntar as pessoas”.

Por sua vez, Rui Canas elogiou a Casa da Poesia por “divulgar a poesia, não só as obras dos seus associados como de outros que estão esquecidos ou que não tenham a devida atenção e mérito da sociedade, nomeadamente alguns setubalenses”. Para o autarca este evento “é um casamento muito feliz entre os vinhos e a poesia e quando se junta o apoio a entidades melhor ainda”.

Manuel Véstias sublinhou que é com “imenso prazer e gosto que estou aqui como presidente da Junta do Sado”, adiantando que a Casa da Poesia “presta um serviço à sociedade com muita elevação e elegância” e incentivou a continuar este trabalho solidário.

O padre Acílio Fernandes disse que “sinto-me feliz por este gesto dos poetas de Setúbal por terem convidado a Casa do Gaiato para este evento, é uma forma de sermos mais conhecidos”, adiantando que “não temos um tostão do Estado para nada”.

“Temos um método de educar que assenta na vida das pessoas”, disse ainda o padre lamentando que “algumas pessoas pensem que este método de educação está ultrapassado”.