Casa da Música Jorge Peixinho abre a 25 de abril no Montijo

A Casa da Música Jorge Peixinho, que contará com programação da Mascarenhas-Martins a convite do município, vai ser inaugurada no dia 25 de Abril, pelas 11h00, no Jardim das Nascentes, representando um investimento global de cerca de 3 milhões de euros.


Do montante global deste valor, um milhão destinou-se à recuperação e musealização da antiga casa do maestro e construção do auditório, 1,4 milhões para a construção do Jardim das Nascentes, sendo ambas as obras financiadas a 50 por cento por fundos comunitários, e ainda 700 mil euros na nova avenida António Mourão (fadista natural do concelho do Montijo), paga totalmente pelo promotor de uma superfície comercial e que serve de acesso ao novo equipamento cultural.

Este equipamento, que surge como homenagem ao maestro, compositor e pianista montijense Jorge Peixinho, uma das figuras mais relevantes da música contemporânea portuguesa da segunda metade do século XX, vai diversificar a oferta cultural na cidade.

A Casa da Música Jorge Peixinho está incorporada no novo Jardim das Nascentes. Além do auditório, programado pela Mascarenhas-Martins, terá ainda um museu que pretende aprofundar o conhecimento da obra de Jorge Peixinho, revelando parte do seu espólio aos seus visitantes. Foi concebido pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa num protocolo com a Câmara Municipal do Montijo.
A apresentação da programação do equipamento decorreu a 18 de abril e contou com a presença do presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, do diretor da Mascarenhas-Martins, Levi Martins, e do professor da Faculdade de Belas Artes, Luís Jorge Gonçalves, instituição responsável pela musealização da antiga casa do maestro.

Nuno Canta sublinha que a Casa Música tem “dupla função”, por um lado “um elemento de criatividade cultural com a Companhia Mascarenhas-Martins a dar dinâmicas a este espaço para ser uma referência para o concelho e esperamos para a zona de Setúbal e país”, e por outro, “temos associado a esta casa, a parte do Museu Jorge Peixinho, que esperamos ser um forte atrativo para este espaço cultural e expor, valorizar e dignificar grande parte do espólio do maestro que deixou ao município”.

“Este projeto surge da necessidade de ter mais um espaço cultural na cidade”, disse ainda o edil, acrescentando que pretender-se “abrir portas ao futuro, à criatividade e ao conhecimento, de levar a cultura e reflexão às pessoas”.

O autarca explicou ainda que esta obra surge “de um sonho antigo mas com ideias muito claras, a preservação do património natural e de todos os valores ambientais do território, do património cultural material com a recuperação do edificado e do património cultural imaterial, expresso na figura de Jorge Peixinho e agora também na Companhia Mascarenhas-Martins”.

Já Luís Jorge Gonçalves afirma que “criar um museu é sempre um desafio” e neste caso “idealizar um museu sobre um músico é sempre uma tarefa complexa porque há uma imaterialidade, as sua obras não são os seus instrumentos, mas o som e documentação”. “Jorge Peixinho está atualmente um pouco esquecido e este museu serve para o elevar porque ele é talvez o grande compositor da segunda metade do séc. XX em Portugal”, deixando 185 obras, a partir dos 19 anos, “dentro das grandes vanguardas do seu tempo e traz a modernidade para Portugal”, falecendo cedo, aos 55 anos, a caminho do Montijo. “Jorge Peixinho faz parte da história da música”, concluiu.

Levi Martins explicou que para a programação da Casa da Música, a companhia conta com um apoio financeiro de 80 mil euros do município do Montijo e de 180 mil euros da Direção Geral das Artes, que permitirá ter uma equipa de 8 profissionais contratados, “garantindo a dinâmica deste espaço com programação regular a preços reduzidos”.

A Casa da Música Jorge Peixinho terá no dia 21 de abril, às 17h30, o concerto de inauguração, a cargo do Grupo de Música Contemporânea de Lisboa (GMCL) — conjunto criado em 1970 por Jorge Peixinho e outras importantes figuras da música de então. De 26 a 28 de abril, sempre às 21h30, a Mascarenhas-Martins apresenta Interlúdio, um espetáculo que recupera o repertório musical original criado pela companhia para as suas mais diversas criações, uma viagem sonora pela história da mesma.

No dia 30 de abril, às 16h30, assinala-se o fim da semana de abertura da Casa da Música Jorge Peixinho, a Mão Verde — projeto de António Serginho, Capicua, Francisca Cortesão e Pedro Geraldes que quer provocar pensamento nos públicos mais jovens em torno da ecologia — protagoniza um dos momentos altos da semana de abertura. É um concerto virado para o Jardim das Nascentes — espaço verde contíguo à Casa da Música Jorge Peixinho —, que promete ser uma tarde de domingo bem passada em família.