Bruno Vieira Amaral ganha Prémio José Saramago: Jovem residiu no Barreiro

 

Bruno Vieira Amaral com o livro “As Primeiras Coisas”, publicado em 2013 pela Quetzal Editores, foi distinguido com o Prémio Literário José Saramago. O autor, que cresceu no Barreiro, dedicou a distinção aos seus vizinhos e ao rapper e activista luso-angolano Luaty Beirão.

04Bruno Vieira do Amaral, autor de “As Primeiras Coisas”, publicado em 2013 pela Quetzal recebeu o Prémio Literário José Saramago, na passada semana, na Casa do Bicos, sede da fundação com o nome do Prémio Nobel da Literatura português. A decisão foi tomada pela poetisa Ana Paula Tavares, pelos escritores Nelida Piñon e António Mega Ferreira, pela presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Río, e pela editora Guilhermina Gomes, que presidiu ao júri.

Bruno Vieira Amaral nasceu em 1978 e residiu na torre 63 do bairro do Fundo de Fomento da Habitação, no Barreiro. Soma várias actividades: é crítico literário, tradutor, assessor de imprensa no Grupo Bertrand Círculo, editor-adjunto da revista Ler e escritor. “As Primeiras Coisas” foi o seu primeiro romance e já tinha recebido três distinções: o prémio PEN Narrativa, o prémio Fernando Namora e o prémio de Livro do Ano da revista Time Out.

Além deste romance, publicou “Guia Para 50 Personagens da Ficção Portuguesa”, editado em 2013 pela Guerra & Paz, e Aleluia!, editado em 2015 pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

O Prémio Literário José Saramago foi criado pela Fundação Círculo de Leitores para celebrar a atribuição do Prémio Nobel de Literatura a José Saramago, em 1998. Com um valor de 25 mil euros, distingue uma obra literária no domínio da ficção, romance ou novela, escrita em língua portuguesa, por um escritor com idade não superior a 35 anos.

Em 2013, o escritor angolano Ondjaki foi o distinguido pelo romance Os Transparentes. Paulo José Miranda (1999), José Luís Peixoto (2001), Adriana Lisboa (2003), Gonçalo M. Tavares (2005), Valter Hugo Mãe (2007), João Tordo (2009) e Andréa del Fuego (2011) foram os restantes vencedores.

Na entrega do prémio, o autor lembrou o rapper e activista luso-angolano Luaty Beirão que esteve 36 dias em greve de fome e aguarda julgamento. “Não é concebível que alguém esteja preso pelas suas ideias”, adiantando que “quando vejo alguém a levantar a sua voz contra as estruturas religiosas, políticas, partidárias, estou automaticamente do lado desse indivíduo, porque essas estruturas, de poder, podem silenciá-lo”. Por isso, defende o premiado, “é desse lado que devemos estar”.

“As primeiras coisas” conta uma “história de reconciliação”. Com o passado, com a vida, com o mundo em redor. Passa-se no Bairro Amélia, algures na Margem Sul do Tejo. Mas Bruno Vieira Amaral recusa que seja uma história, autobiográfica. Embora partilhe o nome com o personagem principal, o escritor diz que não têm mais nada em comum.