António Figueira Mendes, presidente da Câmara Municipal de Grândola: “É importante manter a actividade económica e os postos de trabalho para responder às necessidades das populações”

O presidente da Câmara Municipal de Grândola, António Figueira Mendes (CDU) garante que os principais investimentos municipais, na ordem de vários milhões de euros, vão continuar a decorrer no concelho e os grandes projectos turísticos previstos para Tróia, Melides e Comporta estão assegurados segundo os seus promotores. O autarca tem estado na linha da frente no combate à pandemia com medidas de apoio às famílias, instituições e empresas de forma a diminuir os impactos do Covid-19 e manter o crescimento económico e os postos de trabalho no concelho.

António Figueira Mendes, presidente da Câmara Municipal de Grândola

Florindo Cardoso

Setúbal Mais – Quais os principais investimentos municipais previstos para 2020?

António Figueira Mandes – Os investimentos municipais continuam, embora alguns deles estão neste momento atrasados. Um conjunto de empresas suspenderam de imediato as obras em Março devido à pandemia mas já manifestaram intensão de retomar com as medidas de protecção adequadas. Vamos acompanhando o evoluir da situação. Apesar disso, temos um conjunto de processos de concursos públicos em andamento, que não pararam, e admito que tendo em vista a melhoria da situação pandémica, esperamos que avancem partir de Julho como estava previsto no nosso Plano de Actividades e Orçamento. Não gostaríamos de parar estas obras porque são necessárias para o concelho, dando um sinal que é importante manter a actividade económica e os postos de trabalho, sendo fundamental para equilibrar as nossas contas públicas e responder às necessidades das populações.

S.M. – O que destacaria dessas obras?

A.F.M. – Está prevista uma grande obra que representa um investimento superior a 4 milhões de euros, a requalificação da avenida Jorge de Vasconcelos Nunes. Neste momento, o júri está a apreciar as propostas. A empreitada deste eixo central da vila inclui a remodelação das redes de saneamento, abastecimento de água, águas pluviais, gás, electricidade e telecomunicações. À superfície, terá novos pavimentos, passeios, ciclovia, passadeiras e sinaléctica mais moderna e a substituição de algumas árvores, num percurso de 1,3 km. A requalificação do Jardim 1.º de Maio, uma obra estruturante e ex-líbris da vila, introduzindo um factor de modernidade, num valor de um milhão de euros, sendo uma empreitadas que foram suspensas e serão retomadas dentro de poucos dias. A beneficiação da estrada das Sobreiras Altas, que também foi suspensa e vai retomar os trabalhos, com um valor total superior a 1,3 milhões de euros, num troço de 5,4 km. A construção de uma via de acesso à Zona Industrial que reforça todas as infraestruturas de acessibilidades, cujo contrato será assinado brevemente. Está a decorrer um conjunto de pavimentações de estradas e arruamentos do concelho. A recuperação de edifícios históricos, a Casa Frayões Metello e o antigo Paços do Concelho, onde está a funcionar o posto de turismo, cujas adjudicações estão feitas. Algumas obras precisam do visto do Tribunal de Contas mas creio que dentro de um mês ou dois estas obras estarão a decorrer. São obras fundamentais para o desenvolvimento do concelho e para usufruto da população. A obra de remodelação da Biblioteca Municipal, um investimento de 2 milhões de euros é também significativa para o concelho, está a decorrer, embora com alguns atrasos, e gostaria que abrisse até ao final do ano. Acabámos de concluir a recuperação da Igreja de São Pedro, onde está instalado o Núcleo de Arqueologia, e decorre a operação de equipamento do edifício prevendo-se a sua abertura para Outubro.

S.M. – Em relação aos grandes investimentos turísticos no concelho como está a situação?

A.F.M. – Estamos a contactar periodicamente os promotores, desde esta situação, para avaliar o estado de espírito de continuidade destes investimentos previstos e não temos indicações de nenhum deles de que vão parar ou abdicar dos projectos. São investimentos de grande qualidade que aumentarão e valorizam a oferta turística do concelho e consolidam o destino turístico do Litoral Alentejano. Destaco três que se encontram em fase final de aprovação, o empreendimento da “Costa Terra”, dos norte-americanos da Discovery Land Company, na freguesia de Melides, do “Ferrado Comporta” de Sandra Ortega (filha do fundador da Inditex – ZARA, e “Club Med”, da Lagune Tróia, ambos na península de Tróia. Penso que todos estes projectos vão continuar e não temos desistências e mesmo os promotores Vanguard Properties/Amorim que compraram a Herdade da Comporta continuam a desenvolver os projectos e garantem que não vão parar, apesar desta situação da pandemia. Ficamos com a ideia de que a continuidade destes projectos e nomeadamente como a região do Alentejo se tem comportado face a esta pandemia, levamo-nos a perpectivar que em termos de futuro não percamos os objectivos que as empresas tinham. Esta região continua a ser um destino de grande qualidade, segurança e neste caso de saúde, com todos os cuidados que temos de ter e este ano ainda vai ser complicado, mas estamos com esperança de continuar nesta senda do desenvolvimento turístico que estava previsto para o nosso concelho e o litoral alentejano.

Grândola regista poucos casos positivos de Covid-19

António Figueira Mendes garante:

“Não temos conhecimento de que exista no concelho alguém que precise de ajuda que não tenha resposta do município”

O presidente do município de Grândola elogia o comportamento dos munícipes pelo respeito das medidas de combate à pandemia, fazendo com que a região tenha poucos casos positivos confirmados de Covid-19. António Figueira Mendes destaca ainda as medidas tomadas pelos autarcas no sentido de evitar a propagação do vírus. O município apresentou com conjunto de 30 medidas de apoio às famílias, instituições e empresas para reduzir os impactos sociais e económicos da pandemia.

Presidente na visita ao hospital de campanha instalado no pavilhão do parque das feiras e exposições

S.M. – Na sua opinião, a que se deve o Alentejo ter poucos casos confirmados de Covid-19 e mortes em comparação com o resto do país?

A.F.M. – Considero que se deve à nossa forma estar e não haver grandes cidades, com pouca ocupação urbana do território, aliadas à disciplina que foi bem aceite pelos alentejanos de que era necessário resguardarem-se e protegerem-se, seguindo as medidas recomendadas pelas autoridades de saúde. Deve-se também ao trabalho das autarquias, que desde a primeira obra arregaçaram as mangas no sentido de proteger as populações e tomar medidas preventivas, aos profissionais de saúde, a quem deixo um reconhecimento profundo, bem como aos bombeiros, forças de segurança de protecção civil. Há um conjunto de razões que conduziram a esta situação do Alentejo.

S.M. – Como a câmara está a acompanhar esta situação?

A.F.M. – A Câmara municipal está a acompanhar permanentemente a situação. Realizámos várias reuniões por semana, na comissão de protecção civil, que inclui os bombeiros, a GNR, as autoridades de saúde e protecção civil. Avaliamos diariamente o que necessário efectuar ou reforçar as medidas. Temos adquirido e também têm sido oferecidos equipamentos de protecção que são distribuídos desde o Hospital do Litoral Alentejo às Finanças, bombeiros, GNR, Instituições Particulares de Solidariedade Social, aos estabelecimentos comerciais em funcionamento como as peixarias e frutarias. Desinfectamos diariamente os espaços públicos, em parceria com as juntas de freguesia, nomeadamente aqueles que são mais utilizados e colocámos gel álcool junto dos terminais de multibanco. Tudo isto tem contribuído para contenção da propagação deste vírus, que nos preocupa mas num trabalho colectivo e empenhado temos conseguido manter o controlo desta situação.

S.M. – A câmara municipal também tem apoiado as famílias?

A.F.M. – Neste momento, não temos conhecimento de que exista no concelho alguém que precise de ajuda que não tenha resposta do município. Temos uma linha de apoio aos munícipes e em monotorização cerca de 800 pessoas, um serviço de entrega ao domicílio de compras de bens alimentares e de medicação, fornecimento de refeições às crianças do escalão A e B, e a famílias carenciadas. Agradeço a um conjunto de empresas que nos têm apoiado com medicamentos e meios financeiros, como por exemplo a entrega de um equipamento de RX digital e portátil ao Hospital de Litoral Alentejo, doado pela Vanguard Properties, uma doacção da EDP de equipamentos de protecção.

A câmara municipal aprovou um conjunto de 30 medidas extraordinárias de apoio às famílias, empresas e instituições, para dar um sinal de esperança às pessoas e responder na primeira hora como a isenção de pagamento dos serviços de abastecimento de água, saneamento e resíduos aos consumidores do tarifário social doméstico e das tarifas fixas dos serviços de abastecimento de água, saneamento e resíduos aos consumidores domésticos durante três meses até final de Junho, do pagamento da ocupação dos espaços da via pública, da restauração e das rendas das habitações sociais municipais, reforçámos apoios financeiros às Instituições Particulares de Solidariedade Social, aos bombeiros e às juntas de freguesia.

S.M. – Como está a situação da fábrica da Lauak?

A.F.M. – A fábrica está a laborar. Tenho conhecimento de que encerrou para dar férias ao pessoal. A crise que vai sofrer a aeronáutica e o sector automóvel é uma questão que nos preocupa.Neste momento, estão a estudar a produção de outros tipos de equipamentos, fora da aeronáutica. Esta empresa como outras no país vão ter de reinventar-se para manter a sua estrutura, encontrando soluções para continuar a produzir e a criar riqueza.