Eleições legislativas no distrito de Setúbal revelam surpresas: PS elege 10 deputados e Chega e Iniciativa Liberal um

O Partido Socialista alcançou um resultado histórico no Círculo Eleitoral de Setúbal nas eleições legislativas de 30 de janeiro de 2022, ao eleger 10 deputados, com 45,73% dos votos, entre os 18 elegíveis.

A grande surpresa foi a eleição de um deputado pelo Chega e outro pela Iniciativa Liberal. Isto levou a que o Bloco de Esquerda (5,75%), e a CDU, (10,05%), perdessem um deputado, cada.

Os socialistas, liderados por Ana Catarina Mendes, já tinham alcançado uma votação significativa nas legislativas de outubro de 2019, com 38,58% dos votos e nove deputados eleitos, aumentaram a votação em mais de seis pontos percentuais e garantiram a eleição de dez deputados no distrito de Setúbal.

Os deputados socialistas eleitos são os seguintes: Ana Catarina Mendes, João Cravinho, Eurídice Pereira, Jorge Sanches, António Mendonça, Maria Antónia Almeida Santos, André Batista, Clarisse Campos, Fernando José e Ivan Gonçalves.

O PS de Setúbal refere em comunicado que “este é o tempo de agir e não é o tempo do protesto pelo protesto”. “Este é o tempo do diálogo e dos consensos, de agarrar os enormes desafios que se aproximam e de fazer o que ainda não foi feito”, referem ainda os socialistas.

Já o PSD manteve os três deputados eleitos em 2019 e passou a segunda força política do distrito, com 16,15% dos votos, logo a seguir à CDU. Os deputados eleitos são: Nuno Carvalho, Fernando Negrão e Fernanda Velez.

Nuno Carvalho agradeceu a todos pelo “empenho e disponibilidade nesta campanha para as eleições legislativas”. “Apesar de subirmos no distrito de Setúbal não conseguimos o nosso objetivo e dou os parabéns ao PS pela vitória”, adianta. “Como deputado, trabalharei para dar voz ao distrito de Setúbal no parlamento”, conclui.

A CDU, com 10,05% elegeu dois deputados, menos um do que em 2019: Paula Santos e Bruno Dias. O deputado perdido pela CDU em Setúbal foi José Luís Ferreira, do Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV), que ficou sem representação parlamentar.
Para a Direção da Organização Regional de Setúbal do PCP “o resultado obtido pela CDU nestas eleições legislativas no distrito de Setúbal, traduz uma quebra eleitoral e perda de um deputado, do PEV. Um resultado que fica aquém do importante trabalho realizado pelos deputados da CDU, nos últimos dois anos. Nomeadamente Paula Santos e Bruno Dias”.

O Bloco de Esquerda perdeu um deputado, elegendo apenas Joana Mortágua.

A novidade foi a eleição de um deputado da Iniciativa Liberal e outro do Chega.

O Chega, que obteve 9,03% dos votos, é agora a quarta força política da região, à frente do BE, e tem um deputado eleito, Bruno Nunes.

A IL, sexta força política mais votada no distrito, conseguiu 5,13% dos votos e assegurou a eleição da primeira deputada por Setúbal, Joana Cordeiro.

Recorde-se que nas legislativas de 6 de outubro de 2019, o PS tinha assegurado a eleição de nove deputados (38,58% dos votos), a CDU três deputados (15,74%), o PSD também três eleitos (14,39%) e o BE dois deputados (12,11%). O PAN, com 4,44% dos votos, também elegeu uma deputada em 2019, Cristina Rodrigues, mas o cabeça de lista nestas legislativas, Vítor Pinto, ficou aquém dos votos necessários para ser eleito.

Com 745.593 eleitores inscritos, o distrito de Setúbal, que elege um total de 18 deputados, registou uma abstenção de 41,9% e uma alteração significativa na correlação de forças políticas.

A nível nacional, o Partido Socialista venceu as eleições legislativas com maioria absoluta. No total, os socialistas, liderados por António Costa, conseguiram 117 deputados, que correspondem a 41,68 por cento do total da votação.

O PSD, de Rui Rio, voltou a ficar no segundo lugar, conseguindo 76 deputados (menos seis). Iniciativa Liberal (8 deputados e tinha apenas um), Chega (12, tinha apena um) ultrapassaram Bloco Esquerda (5, tinha 19) e CDU (6, tinha 12) e PAN (1, tinha 4), com o Livre a ganhar novamente representação parlamentar, com Rui Tavares a ser eleito por Lisboa. Por último, nota para a saída do CDS-PP do Parlamento. Um dos partidos fundadores da democracia, não conseguiu qualquer eleito, pela primeira vez na sua história.

Análise concelho a concelho:
PS ganha todo o distrito e CDU apenas uma freguesia

No distrito de Setúbal o PS ganhou nos 13 concelhos e na quase totalidade das 55 freguesias. A CDU venceu apenas na freguesia de S. Martinho, no concelho de Alcácer do Sal. A CDU deixou de ser a segunda força política mais votada nos concelhos de Santiago do Cacém e Sines. A nível de abstenção Alcochete foi o concelho com maior taxa de votantes (33,70%) e Sines com menos votantes (50%). O Chega ultrapassa a CDU nos concelhos de Alcochete, Montijo, Palmela, Sesimbra e Setúbal.

Alcácer do Sal – Os socialistas ganharam o concelho com 51,70% dos votos. A abstenção foi de 42,22%. A CDU com 17,35% foi a segunda força política mais votada. Seguiu-se o PSD com 11,14%, o Chega com 6,71%, o Bloco de Esquerda (BE), com 4,08%, e Iniciativa Liberal (IL), com 2,13%. A CDU venceu apenas na freguesia de S. Martinho, sendo as restantes três ganhas pelo PS.

Alcochete – O PS conquistou 40,30% dos votos, sendo o vencedor no concelho e nas três freguesias. Seguiu-se o PSD com 21,70%, o Chega com 9,67%a CDU com 8,37%, o IL com 6,82% e o BE com 4,64%. A abstenção foi de 33,70%.

Almada – O PS venceu o concelho de Almada por larga maioria, com 45,68% dos votos. Seguiu-se o PSD, com 17,48%, a CDU com 9,07%. O Chega com 7,42% ficou à frente do BE, com 5,99% e do IL com 5,87%. Os socialistas ganharam nas cinco freguesias do concelho. A abstenção foi de 40,75%.

Barreiro – Os socialistas ganharam o concelho do Barreiro com 51,45% e nas quatro freguesias. Seguiu-se a CDU com 13,82%, o PSD com 11,16%, o Chega com 7,42, o BE com 5,45% e o IL com 3,55%. A abstenção foi de 39,60%.

Grândola – com 44,12% dos votos o PS venceu o concelho de Grândola e nas quatro freguesias. A abstenção atingiu os 44,07%. A CDU com 16,18% foi a segunda força política mais votada. Seguiu-se o PSD com 14,97%, o Chega com 8,57%, o BE com 5,34%, e o IL com 3,55%.

Moita – O PS venceu o concelho da Moita com 49,31% dos votos e nas quatro freguesias. Este concelho foi o último a apurar os votos fazendo com que só depois da meia-noite foi possível saber o número de deputados eleitos pelo distrito de Setúbal. Seguiu-se a CDU com 13,84%, o PSD com 10.05%, o Chega com 9,79%, o BE com 6,20% e o IL com 3.16%. A abstenção foi de 45,21%.

Montijo – Os socialistas ganharam o concelho do Montijo e em todas as cinco freguesias, com 41.60%. A abstenção atingiu os 43,67%. Seguiu-se o PSD com 20,63%, o Chega com 11,41%, o IL com 6.88%, a CDU com 6.16% e o BE com 5.08%.

Palmela – O PS venceu com 43,21% dos votos o concelho de Palmela e nas quatro freguesias. A abstenção foi de 42,25%. O PSD com 17,12% foi a segunda força política mais votada, seguindo-se o Chega com 10,18%, a CDU com 8,77%, o BE com 6,36% e o IL com 5,25%.

Santiago do Cacém – Com 43,55% dos votos os socialistas ganharam o concelho de Santiago do Cacém e nas oito freguesias. A abstenção atingiu os 43,06%. O PSD ficou em segundo lugar com 18,37%, seguindo-se a CDU com 12,19%, o Chega com 8,01%, o BE com 5,95% e o IL com 3,80%. Em 2019, a CDU tinha sido a segunda força política mais votada a seguir ao PS.

Seixal – O PS venceu o concelho e nas quatro freguesias com 46% dos votos. A abstenção foi de 40,56%. Em segundo ficou o PSD com 15,79%, a CDU com 9,86%, o Chega com 9,45%, o BE com 5,39% e o IL com 5,37%. Em 2019, a CDU tinha sido a segunda força política mais votada a seguir ao PS.

Sesimbra – Com 43,49% dos votos o PS ganhou no concelho de Sesimbra e nas três freguesias. Seguiu-se o PSD com 16,63%, o Chega com 12,02%, a CDU com 8,14%, o BE com 5,70% e o IL com 5,43%. A abstenção foi de 42,19%.

Setúbal – O PS ganha o concelho de Setúbal e nas quatro freguesias com 44,58%, seguindo-se o PSD com 17,98%, o Chega com 9,03%, a CDU com 8,68%. O BE alcança os 6,17% e o IL 5,52%. A abstenção atingiu os 43,68%.

Sines – Os socialistas venceram o concelho de Sines e nas duas freguesias com 46,35% dos votos. A abstenção atingiu os 50%. Seguiu-se o PSD com 15,81%, a CDU com 10,13%, o Chega com 9,37%, o BE com 6,23% e o IL com 3,77%. Em 2019, a CDU tinha sido a segunda força política mais votada a seguir ao PS.