Após manifestação junto ao Hospital do Litoral Alentejano: ARS garante continuidade da Unidade de Convalescença

A Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, garante que a Unidade de Convalescença do Hospital do Litoral Alentejano (HLA), sito em Santiago do Cacém, não vai ser encerrada, embora reconheça a redução “transitória” de 25 para 12 camas.

“Não houve qualquer encerramento da Unidade de Cuidados Paliativos como não houve nenhum encerramento da Unidade de Convalescença”, salienta o presidente da ARS do Alentejo, José Robalo, que confirmou, no entanto, uma “deslocalização da Unidade de Paliativos” dentro do hospital para “rentabilizar os recursos humanos”.

“Reduzimos o número de camas para garantir a qualidade da prestação de cuidados e assim que a Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA) nos disser que podemos avançar com mais internamentos nós avançaremos”, assegura.

José Robalo que reuniu no dia 18 de Outubro com o conselho de administração da ULSLA, o presidente da CIMAL (Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral), Vítor Proença, e com o presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, afirma que esta medida é “transitória” e foi tomada porque faltam recursos humanos para garantir a prestação de cuidados.

“Não queremos pôr em causa a prestação de cuidados”, disse o presidente da ARS Alentejo, defendendo que “não vale a pena” estar a “criar grande pressão junto dos profissionais enquanto não houver o número de profissionais adequado às necessidades de funcionamento da unidade”, adiantando que “assim que for adquirido o número de profissionais será tudo restabelecido e isso é no próprio dia, assim que o presidente do conselho de administração da ULSLA me disser que podemos avançar e voltar novamente às 25 camas, rapidamente resolvemos esse assunto”, disse, reafirmando que se trata de “uma situação transitória”.

Para libertar as vagas, “começaram já a ser reduzidos os internamentos, alguns utentes terão tido alta médica e outros podem ser remetidos para outras unidades de convalescença no Alentejo”, segundo indicou José Robalo, revelando estarem actualmente internados no serviço 14 utentes.

Esta tomada de posição surge após uma manifestação de mais de uma centena de utentes e de enfermeiros, no dia anterior, junto ao Hospital do Litoral Alentejano (HLA), contra “o encerramento da Unidade de Convalescença e a de Cuidados Paliativos” e o “despedimento de profissionais” de saúde.

“O conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA) quer fechar dois serviços no HLA, a Unidade de Convalescença e a de Cuidados Paliativos”, acusa Dinis Silva, porta-voz da Coordenadora das Comissões de Utentes do Litoral Alentejano, sublinhando que a Unidade de Convalescença está a prestar cuidados a “cerca de 25 utentes” que “estão em risco de sair dali e ir para zonas fora da sua área de residência”.

“Como está integrado na Rede de Cuidados Continuados, tanto podem ir para o Porto, como para o Algarve”, advertiu Dinis Silva, esperando que o protesto leve a voz dos utentes “a Lisboa, ao Ministério da Saúde e ao restante governo, para dizer que estes serviços não devem encerrar”.


Após visita ao hospital

Sindicato alerta para situação de cuidados paliativos

Além da Unidade de Convalescença, em risco está também o serviço de Cuidados Paliativos, destacou Zuraima Prado, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que visitou as duas unidades no HLA, em Santiago do Cacém, antes de participar no protesto, onde verificou “que continua a intenção de encerrar serviços e de diminuir o número de vagas”.

“O que foi dito é que haveria uma intenção de ou dar alta ou de transferir todos os utentes sem condições de terem alta para a Unidade de Cuidados Continuados de Serpa [distrito de Beja], o que obviamente não serve as populações desta região”, criticou.

Segundo a dirigente sindical, a Unidade de Cuidados Paliativos não encerrou até ao momento, “mas já está integrada noutro serviço”, tendo sido “retirado pelo menos um enfermeiro”, o que significa que “a qualidade dessa resposta dada aos utentes já está colocada em causa neste momento”.

“A Unidade de Cuidados Paliativos saiu do serviço onde estava originalmente, que sofreu obras de melhoria precisamente para receber essa unidade, e foi neste momento para outro espaço que não está adequado aos utentes de cuidados paliativos”, apontou.

Além dos serviços prestados aos utentes, outra preocupação do SEP é o “despedimento de trabalhadores”, incluindo “quatro enfermeiros a tempo inteiro e mais dois a meio tempo, em regime de recibos verdes, que deixaram de estar afetos à unidade”.

“Por que é que foram admitidos cerca de 44 enfermeiros no Hospital do Barreiro e aqui não são admitidos, porque é que há uma bolsa de recrutamento para o Hospital Garcia da Horta e aqui não são admitidos enfermeiros”, questionou Zuraima Prado.

A ULSLA, que integra o HLA e os centros de saúde dos concelhos de 01, no distrito de Setúbal, e Odemira, no distrito de Beja, abrange uma população residente de cerca de cem mil habitantes.