A Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão (LASA) manifesta-se contra a construção de um hotel com 15 pisos na zona ribeirinha da cidade sadina e manifesta preocupações ambientais em relação à futura marina. Esta posição surge no âmbito da consulta pública que decorre até 14 de agosto da Proposta de Definição de Âmbito (PDA) do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da marina proposta pela APSS (Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra).
“Nas novas construções previstas e sem prejuízo de futuras análises de pormenor, considera-se necessário reduzir a cércea do hotel”, refere o parecer da LASA, sublinhando que “a altura projetada para esse imóvel, 15 pisos, cria uma barreira permanente entre a cidade e o rio, não respeitando o perfil urbano ideal, escalonado da serra para a baía (clube das mais belas baías do mundo), não assegurando a democratização do direito à fruição da paisagem e estabelecendo um corte abrupto e definitivo com a escala do centro histórico, suas referências culturais e urbanas no perfil da imagem da cidade”.
A LASA lembra que “a avenida Luísa Todi conta, infelizmente, com dois casos disruptivos até hoje impossíveis de integrar física e afetivamente na cidade”, acrescentando que “reconhece a necessidade de requalificação da frente ribeirinha de Setúbal, mas segundo pressupostos distintos dos apresentados”.
Relativamente à marina, a Liga considera que “os pressupostos constantes dos objetivos do projeto ‘romoção de uma maior e melhor relação entre a cidade e o rio’ não estão fundamentados, nem relativamente à localização, nem no que respeita à dimensão, que parece excessiva”. Além disso, considera ainda “necessária uma articulação cuidadosa da multiplicidade de usos e interesses instalados no passeio marítimo da cidade, desde as Fontainhas até ao Parque Urbano da Albarquel: atividades de lazer e desportivas; elevada concentração de restauração; pesca local/tradicional e desportiva, comércio e movimentação de pescado, movimentação de pessoas e cargas, património arquitetónico e imaterial, habitação”.
A LASA recomenda “maior aprofundamento do estudo de impacto ambiental” e considera “indispensável uma análise cuidadosa e profunda dos impactos ao nível social e ao nível económico, nomeadamente na ‘promoção da economia do mar’ e no âmbito de um plano estratégico de desenvolvimento da cidade e da região, tendo em conta possíveis sinergias e (in)compatibilidades com outros projetos eventualmente em curso ou na fase de conceção, salvaguardando a qualidade de vida dos residentes e os valores patrimoniais e históricos de Setúbal, mormente os edifícios classificados”.