O IV Encontro Poético da Casa da Poesia de Setúbal que realizou-se, a 11 de Maio na cidade sadina, juntou meia centena de poetas, tendo como poeta convidado António Canteiro, autor que recebeu já os prémios literários Sebastião da Gama e Bocage.
Durante a manhã, uma sessão no auditório do Mercado do Livramento permitiu o diálogo com o poeta convidado, que falou sobre a sua produção poética, a leitura de poesia e o papel que a escrita tem no seu percurso.
“É uma honra estar aqui ao ser convidado como poeta pela Casa da Poesia”, disse António Canteiro, lembrando que já tinha estado em Setúbal, “numa condição diferente”, para receber o Prémio de Poesia Sebastião da Gama e o Prémio de Poesia Bocage”.
“Desde jovem, quando viajava naqueles inter-rails por Espanha e França, levava sempre um pequeno bloco, onde anotava e escrevia e sempre com um ou dois livros na mala para ler”, lembrou o poeta, sublinhando que “não nascemos poetas, fazemo-nos poetas, imitando, não no sentido literal, porque seria plágio, mas descobrindo e sermos diferentes e originais”. “Há uma espécie de sumo que brota para a nossa criação”, adianta o poeta.
António Canteiro, pseudónimo de João Carlos Costa da Cruz, nasceu em S. Caetano, em 1964. Vive atualmente em Febres, Cantanhede. “António por ser o nome do meu filho mais velho e Canteiro pela parte da Bairrada e da pedra da sertã que adotei desde o meu primeiro livro”, explicou o escritor.
É técnico superior na Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais e trabalha em Aveiro. Foi cofundador do Jornal Ver Lendo, de S. Caetano, e publicou um trabalho de investigação sobre a etnia cigana, “Questões Étnicas Questões Éticas”, na revista Em Comunicação, para além de colaborar em vários jornais regionais.
Na poesia e no romance, publicou e recebeu vários prémios literários com destaque para “Ao Redor dos Muros” (Gradiva Publicações), romance que venceu o Prémio Alves Redol, em 2009; “O Silêncio Solar das Manhãs” (Gradiva Publicações) que venceu o Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama, em 2013; “Logo à Tarde vai Estar Frio” (Gradiva Publicações), romance vencedor, em 2015, do Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho; “Na Luz das Janelas Pestanejam as Sombras” (Ed. LASA), que arrecadou o Prémio de Poesia de Bocage, em 2015; “A Luz Vem das Pedras” (Gradiva Publicações), romance que venceu, em 2015, o Prémio Alves Redol; “Vamos Então Falar de Árvores”, romance (no prelo da Editora Húmus), que venceu ex-áqueo o Prémio Bento da Cruz, em 2018; “A Casa do Ser” (Gradiva Publicações), que venceu o Prémio de Poesia de Bocage, em 2018. “Não Fosse o Tumulto de Um Corpo”, poesia (Edições Húmus), venceu o Prémio Literário António Cabral 2019. O romance, “Nocturno (inédito)”, venceu o Prémio Literário Ferreira de Castro, em 2020.
A parte da tarde foi dominada pela apresentação da antologia poética da Casa da Poesia, “Entre a Poesia e a Vida – No Centenário de Sebastião da Gama”, obra que tem escritos de Alexandrina Pereira, Anna Neto, António Calado, António Jacob Lopes, Arnaldo Ruaz, Bento Passinhas, Eduarda Gonçalves, Isabel Melo, José-António Chocolate, José Raposo, Linda Neto, Maria Celeste Gomes, Maria Helena Barata, Maurícia Teles da Silva, Paulo Reis Simões e também do poeta convidado, António Canteiro. Este volume teve ainda a colaboração artística de Lurdes Pólvora e de Dália Vale Rego.
A edição deste ano do Encontro Poético da Casa da Poesia de Setúbal teve o apoio da União das Freguesias de Setúbal.
Foto: Simões Silva