Encerramento de balcões da CGD

No distrito de Setúbal está previsto o encerramento de seis agências da Caixa Geral de Depósitos (CGD), nomeadamente no Faralhão (Setúbal), Lavradio (Barreiro), Canha (Montijo), Sobreda da Caparica, Fórum Almada e em Cacilhas (Almada) até 2020, não havendo datas definidas para o incremento desta medida.

A nível do país serão 180 que implicarão o despedimento de 2.200 trabalhadores no âmbito de um acordo celebrado entre a anterior administração do banco público e as entidades competentes de Bruxelas.

Mais uma vez os números estão à frente dos interesses das pessoas. Talvez, nas cidades, o encerramento não terá grandes consequências porque haverá outras agências bancárias quer da CGD quer de outros bancos. É apenas uma opção de escolha. O problema coloca-se nas localidades rurais longe dos grandes centros urbanos.

Tomamos o caso do balcão do Faralhão, na freguesia do Sado. É a única entidade bancária existente nesta localidade com mais de três mil habitantes. Dependem inteiramente desta agência para tratar dos seus assuntos. Ora, a alternativa está em Setúbal ou em Alcácer do Sal, o que para muitos é perder uma manhã ou tarde para tratar de um assunto. Neste caso, é preciso pensar o serviço público deste banco.

O mesmo acontece com Canha, uma freguesia rural do concelho do Montijo. Aqui, com o encerramento, a população terá de deslocar-se a Vendas Novas ou ao Montijo.

A Caixa Geral de Depósitos é um banco público e assim se manterá graças à injecção de capital colocado pelo Orçamento de Estado, ou seja o dinheiro dos contribuintes. Questiona-se assim esta opção de encerramento. Não será assim que se fixam populações longe dos centros urbanos.

O primeiro-ministro, António Costa, defendeu na passada segunda-feira que o plano de reestruturação da CGD prevê a presença do banco público em todo o país mas salientou que o governo não se substituirá à administração, colocando em causa a liberdade de gestão. António Costa respondia assim à contestação existente ao plano de reestruturação da CGD, o qual prevê o encerramento de 180 balcões até 2020.

“O plano de reestruturação da CGD garante a presença da Caixa em todo o país, em todos os concelhos. Mas, o Estado ser accionista da Caixa não significa que o Governo se deva meter na vida do dia-a-dia da CGD. Temos uma administração que deve exercer as suas funções com independência, com autonomia – e o Governo tem toda a confiança na Caixa para assegurar a boa gestão”, respondeu o primeiro-ministro.

Já a coordenadora nacional do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, mostrou-se preocupada com o plano de reestruturação da CGD, considerando que o banco tem de ter uma estratégia de serviço publico. O que é preciso é que a Caixa seja pensada para o serviço público que deve fazer”, afirmou Catarina Martins aos jornalistas, em Viseu.

Na sua opinião, a função do banco público é “servir as populações de todo o país”, o que “não quer dizer ficar tudo como está”. Significa que o plano de reestruturação não pode servir para tirar o acesso à CGD a partes do território. Significa que onde ela falta tem de abrir [balcões] e onde for redundante pode fechar”, frisou.

A líder bloquista sublinhou que “a CGD está num processo de recapitalização que é importante para que haja um banco público forte”.

O Governo PSD/CDS não recapitalizou a Caixa e, com isso, foi fazendo o problema aumentar. Felizmente, há agora as condições para a recapitalização pública da Caixa, mas se nós temos o banco público que é pago por todos nós, ele tem de servir todo o país e todas as populações”, considerou.

As explicações têm de ser bem fundamentadas. Caso contrário, os portugueses questionam sobre a utilidade de ter um bem público.