Dores Meira “espantada” com críticas à requalificação da avenida Álvaro Cunhal

A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, manifesta-se “triste e espantada” com as críticas feitas pelos vereadores do PS e do PSD sobre as obras de requalificação da avenida Álvaro Cunhal.

“Fico muito triste e espantada com as intervenções dos vereadores do PS e do PSD porque estamos no séc. XXI sobre um homem com uma dimensão política, humanista, intelectual e artística foram do comum, e gostariam que esta homenagem estivesse escondida num jardinzinho, num beco ou larguinho para não dar muito impacto, é impressionante” e “uma vergonha”, afirmou a edil sadina, na reunião pública do executivo de ontem (14 de Novembro), lembrando que “a aprovação da obra e do topónimo foi votada por unanimidade”.

“Agora estão preocupados em meter o homem lá num cantinho porque o homem incomoda, que deu a sua vida para que a liberdade dos outros acontecesse, como muitos outros”, adiantou.

O vereador socialista Fernando Paulino, salientou o que “levanta-se aqui uma questão de ordem política e da dimensão despropositada da homenagem e culto à personalidade de Álvaro Cunhal, embora esteticamente esteja bonito”. “Deixou de ser uma homenagem da cidade e da câmara municipal a Álvaro Cunhal mas apenas uma homenagem dos comunistas a seu líder histórico e enquanto cidadãos e autarcas da cidade entendemos que a câmara não tinha que assumir o compromisso de o fazer”, acrescentou”.

Já o vereador Nuno Carvalho, do PSD, disse que “esteticamente não concordo, considero que deveremos embelezar as entradas da cidade com aquilo que são os seus símbolos e não com figuras políticas”. Aliás, afirma que “tem havido um especial cuidado com figuras do nosso concelho, o que é muito bem positivo mas esta opção estética foge ao próprio critério que tem sido a gestão comunista em Setúbal”.

As obras de beneficiação, um investimento de 300 mil euros, inauguradas a 10 de Novembro, dotam a avenida Álvaro Cunhal, no troço compreendido entre as rotundas do Monte Belo e dos Golfinhos (praça 25 de Abril), de renovadas condições de usufruto, com o reperfilamento da rede viária e pedonal, incluindo uma ciclovia, o reforço da iluminação e um novo arranjo paisagístico. Na placa central, além de um novo apontamento ajardinado, com áreas de relvado e novos espécimes arbóreos, há agora cinco painéis de grandes dimensões, em madeira e iluminados, com desenhos elaborados por Álvaro Cunhal, entre 1951 e 1959, enquanto preso político do fascismo.

“Desenhos da Prisão” dá título à mostra que é partilhada no espaço público, com parte dos desenhos elaborados durante os sete anos de rigoroso isolamento na Penitenciária de Lisboa e no Forte de Peniche a ser inaugurada precisamente no dia em que o homenageado completaria 105 anos.