Carlos Albino, 37 anos e engenheiro civil, é o novo presidente da Câmara Municipal da Moita, sendo a grande surpresa das eleições autárquicas de 26 de setembro no distrito de Setúbal. O jovem autarca socialista que conquistou um bastião comunista com 45 anos, ao derrotar o histórico Rui Garcia, promete mudanças na governação do município. Sem maioria absoluta espera um “comportamento responsável” da oposição e descarta acordos políticos com o Chega. As questões de higiene e limpeza, a reabilitação urbana e da zona ribeirinha, atração de investimento para criação de emprego são uma prioridade e pondera uma nova posição sobre o novo aeroporto no Montijo.
Florindo Cardoso
Setúbal Mais – Foi a grande surpresa eleitoral das eleições autárquicas de 26 de setembro no distrito de Setúbal. Na sua opinião, quais as razões que levaram os munícipes da moita a apostar na sua candidatura e acabar com 45 anos de poder comunista?
Carlos Albino – Sem dúvida, o contacto direto com as populações que tem vindo a ser mantido nos últimos anos. Ouvindo as suas preocupações, os seus anseios, as suas histórias, isso permitiu-nos ter uma visão clara de quais as prioridades que estas desejavam. A par disso fomos transmitindo esperança, através das nossas propostas, e apontado soluções. Das longas horas que passamos na rua, percebemos que as pessoas estavam insatisfeitas. Que havia a necessidade de uma mudança urgente. Que a apatia que se instalou no concelho teria que ter um fim.
Setúbal Mais – Não tendo maioria absoluta qual é a sua ideia para a governação do município? Atribui pelouros ou não à oposição?
Carlos Albino – Não tendo maioria absoluta, o Partido Socialista faz votos que as demais forças políticas na oposição saibam interpretar os resultados eleitorais, contribuindo com a sua ação para que exista uma estabilidade governativa, viabilizando a mudança tão desejada pelas pessoas que se deslocaram às urnas no passado dia 26 de setembro. Esperamos por isso um comportamento responsável de todas as forças políticas para uma governação séria e pacífica, com um único objetivo: trabalhar para as pessoas. Solucionar os seus problemas. É essa a nossa preocupação central. Mas para isso é preciso haver genuína disponibilidade de todos.
Setúbal Mais- Como presidente eleito considera preocupante ou não a eleição de um vereador do Chega na futura vereação? Está posta de parte qualquer entendimento político com este vereador?
Carlos Albino – A minha única preocupação é dar resposta às legítimas preocupações das pessoas, mostrando que no quadro do respeito pela dignidade humana, e valores humanistas, é possível encontrar as respostas tão desejadas. E que fique claro que não haverá qualquer acordo com o Chega.
Setúbal Mais – Tendo em conta que a votação demonstrou que os munícipes querem mudança. O que vai fazer diferente da gestão anterior?
Carlos Albino – Tudo faremos para colocar o concelho da Moita onde merece estar. Um concelho que promova uma nova centralidade na Península de Setúbal. Onde a modernidade se encontre com a tradição, onde os jovens e os menos jovens se realizem em todas as dimensões. Que seja um concelho onde todos tenham orgulho de viver e trabalhar. Para isso é necessário captar empresas que promovam mais e melhor emprego local, dando-lhes condições e atribuindo incentivos para a sua fixação no concelho. Fazer as pazes com o rio, que é uma das nossas grandes mais valias e que está subaproveitado. Apostar na reabilitação urbana, devolvendo os espaços públicos às pessoas, mantendo-os limpos, atrativos, transformando-os em sítios agradáveis que as pessoas possam desfrutar.
Setúbal Mais – Sempre manifestou preocupação pelas questões ambientais. O que pretende fazer nesta área?
Carlos Albino – Uma das questões que mais nos preocupa é, precisamente, a higiene e limpeza públicas. Há neste momento, um grave problema a este nível que tem que ser solucionado o quanto antes. É preciso acabar com as lixeiras que se acumulam, sobretudo nos centros urbanos, sendo necessário, para isso, conceber um plano, de implementação gradual, de sistemas de recolha de resíduos inovadores. A par disto, urge também elaborar respostas que ponham termo às descargas irregulares que vão diretas para o rio. Não é aceitável que situações como esta se repitam pondo em causa um dos bens mais preciosos do nosso concelho.
Setúbal Mais – Quais as prioridades cruciais para a sua futura gestão camarária?
Carlos Albino – A questão das rendas acessíveis, a criação de um gabinete de apoio ao empresário, que ajude as empresas a identificar oportunidades de acesso a fundos, desenvolver contactos por forma a criar alternativas para novas vias de acesso, apostar no turismo, são tudo assuntos que consideramos prioritários para o desenvolvimento e modernização do concelho. A modernização administrativa é outro dos pilares para este mandato, pois acreditamos que isso contribuirá para uma melhoria dos serviços, tornando a resposta mais rápida e célere, contribuindo para acabar com a burocracia, permitindo aproximar as pessoas aos serviços e vice-versa. Há muito trabalho para fazer e tudo tem sua importância. No entanto, as prioridades têm de ser avaliadas em função das necessidades e dos recursos disponíveis.
Setúbal Mais – O concelho tem uma grande frente ribeirinha. O que pretende fazer nesta área?
Carlos Albino – Uma das nossas batalhas vai ser devolver o rio às pessoas, criando novos acessos, passadiços, espaços de lazer. No fundo, integrar o rio na paisagem urbana. É preciso recuperar a importância estratégica que a frente ribeirinha do nosso concelho teve em tempos.
Setúbal Mais – Pondera mudar a posição do município da Moita sobre o novo aeroporto no Montijo consoante o Estudo de Impacte Ambiental?
Carlos Albino – Esta é a hora dos técnicos se pronunciarem, na Avaliação Ambiental Estratégica que está a decorrer. Logo que o estudo esteja terminado, faremos uma análise cuidada dos resultados e decidiremos, tendo sempre em mente a defesa dos interesses das nossas populações.
Carlos Albino:
O mais jovem presidente do distrito
Carlos Albino Nasceu a 14 de janeiro de 1984 e filiou-se no partido Socialista em 2010.
Licenciado em Engenharia Civil, especializado em Higiene e Segurança no Trabalho, trabalhou no setor da construção civil.
Para além do desempenho profissional e do tempo que dedica aos seus filhos, dedica- se também à atividade política e cívica.
Tem desenvolvido essa atividade no concelho da Moita, assumindo responsabilidade como presidente da Juventude Socialista concelhia, cargo que o levou a apadrinhar várias causas como o Conselho Municipal Juventude, Hortas Urbanas, redução da taxa de IMI (imposto Municipal sobre Imóveis), requalificação do parque José Afonso, promoção do acesso a mais e melhores transportes públicos no concelho, projeto alternativo para as festas multiculturais e proposta de traçado para ciclovia ambas no Vale da Amoreira.
Nos últimos mandatos integrou o Secretariado da Comissão Política Concelhia da Moita.
Em 2013 foi eleito pelas Listas do PS para a Assembleia Municipal da Moita e já em 2017 foi eleito como vereador.
Nesta candidatura à município moitense, Carlos Albino tem a seu lado um veterano nestas andanças, António Duro, que foi eleito para a presidência da Assembleia Municipal da Moita.
Com duas mulheres e dois homens como cabeças de lista às quatro freguesias e união de freguesias, o Partido Socialista apostou, tal como há quatro anos, na paridade das suas listas e ganhou. Bárbara Dias, candidata à União de Freguesias da Baixa da Banheira e Vale a Amoreira, Fabrício Pereira, candidato à Freguesia da Moita, Ana Costa, candidata à União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos e Artur Varandas, candidato à Freguesia de Alhos Vedros foram todos eleitos.
Tomada de posse
Teve lugar, na noite de 19 de outubro, no Salão da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Moita, o Ato de Instalação dos Novos Órgãos Autárquicos.
Nesta cerimónia, tomaram posse os membros eleitos para a Câmara e Assembleia Municipal da Moita, resultantes das eleições autárquicas de dia 26 de setembro.
Para a Câmara Municipal da Moita, foram eleitos, pelo PS – Partido Socialista, Carlos Edgar Rodrigues Albino, Sara Daniela Rodrigues e Silva, António Carlos Pedrosa Pereira e Anabela da Cruz Ramalho Fidalgo Rosa; pela CDU – Coligação Democrática Unitária, Rui Manuel Marques Garcia, Daniel Vaz Figueiredo, Vivina Maria Semedo Nunes e João Miguel da Silva Romba; pelo Chega, Ivo Manuel Pereira Pedaço.
Os membros da Assembleia Municipal foram eleitos de acordo com a seguinte distribuição: 11 pelo PS, 10 pela CDU, 2 pelo CHEGA, 2 pelo Bloco de Esquerda e 2 pela coligação Merecemos Mais.
Após o Ato de Instalação dos Novos Órgãos Autárquicos teve lugar a primeira Sessão da Assembleia Municipal do mandato 2021/2025. Nesta sessão foi aprovada a constituição da Mesa da Assembleia Municipal, com a seguinte composição: Presidente – António José Gonçalves Duro – Partido Socialista (PS), 1.º Secretário – António Augusto Jordão Chora – Bloco de Esquerda (BE) e 2.ª Secretária – Cláudia Sofia Alves Dias Fera – Partido Socialista (PS).
Tomaram ainda a palavra os representantes de todas as forças políticas eleitas nesta Assembleia Municipal: Coligação Merecemos Mais (Sabine Buchel), Bloco de Esquerda (Luís Morgado), CHEGA (Rui Proença), CDU (Mónica Ribeiro) e PS (António Manuel da Costa).
