Associações e Pestana apelam ao governo para parar dragagens

O Clube da Arrábida, a Ocean-Alive ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, o Pestana Troia Eco-Resort e SOS – Sado emitiram um comunicado conjunto para apelar ao governo que para o processo de dragagens no estuário do Sado. Este apelo surge na sequência das comemorações do Dia Nacional da Conservação da Natureza, amanhã, 28 de Julho.

“Foi com o ‘grito” simbólico de “Socorro, Socorro, estão a destruir a Mata do Solitário”, que o poeta Sebastião da Gama apelou em 1947 à salvaguarda da Serra da Arrábida, dando os primeiros passos para a constituição, anos mais tarde, do Parque Natural da Arrábida, cujo 43º aniversário também amanhã se comemora. Mais do que nunca, há que ter a coragem de dar prioridade à sua salvaguarda quando se enfrenta novamente um perigo avassalador, as dragagens do Sado. Não podemos deixar desaparecer as zonas que suportam a nossa sobrevivência e que são cruciais para a conservação da natureza em Portugal e na Europa”, refere o comunicado.

“Só a conservação efectiva destes locais, permitirá garantir um refúgio e a oportunidade para estas espécies se manterem. Para isso, o governo português deve aprovar o alargamento do Sítio de Interesse Comunitário (SIC) Estuário do Sado e a criação do SIC Costa de Setúbal, integrando estes SICs como parte de rede ecológica europeia (Rede Natura 2000) que visa assegurar a biodiversidade num estado de conservação favorável. Mais ainda, deve pôr em marcha planos de gestão destes SICs que tenham como meta não viabilizar as atividades e interesses económicos que põem em causa a manutenção do património natural”, refere ainda o comunicado.

“Já perdemos as pradarias marinhas da costa da Arrábida e a população de golfinhos do Sado encontra-se muito reduzida. As extensas dragagens previstas para o alargamento do porto de Setúbal terão o potencial impacto de aumentar drasticamente a erosão costeira, de fazer desaparecer as pradarias marinhas que ainda subsistem no estuário do Sado e de contaminar a cadeia alimentar. A degradação das pradarias também tem como consequência a libertação do carbono armazenado por estas plantas no fundo marinho”, conclui.

Recorde-se que esta semana, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, reforçou a posição de avançar com as dragagens no estuário do Sado já em Outubro.