Ministro da Educação prevê “futuro muito promissor” para o Politécnico de Setúbal

O ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, considera que as próximas décadas reservam um “futuro muito promissor” para o Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), que deve encarar como “enorme oportunidade” a instalação de um novo aeroporto na margem sul do Tejo.

O governante falava, a 7 de outubro, no encerramento da Sessão Solene Comemorativa do Dia do IPS, que assinalou os 45 anos de vida da instituição, juntando o seu contributo a este momento simbólico de celebração, mas também de reflexão sobre o impacto do IPS na região e desafios que se avizinham.

“Setúbal é uma das regiões com níveis de escolaridade mais baixos do país, e está entre as três que coloca menos jovens no Ensino Superior, ao lado de Lisboa e Algarve, o que se reflete nas remunerações, que estão também abaixo da média nacional. O novo aeroporto vai ter um efeito multiplicador enorme na economia da região. O futuro aqui é, de facto promissor”, considerou o governante, assumindo-se defensor do “reforço da autonomia” das instituições de Ensino Superior, a quem cabe a “obrigação de pensar o futuro e fazê-lo em articulação com a sociedade, ao nível nacional, europeu e global”.

“Somos todos muito poucos nesta resistência em nome do saber”

Para celebrar o seu 45º aniversário, o IPS contou também com o contributo do historiador José Pacheco Pereira, que, na qualidade de orador convidado, abordou o impacto do Ensino Superior Politécnico no desenvolvimento das regiões, em especial na de Setúbal.

“O IPS tem 45 anos, mas é obra do 25 de Abril, na medida em que o Ensino Politécnico é obra de preocupações que se tornaram dominantes depois do 25 de Abril. Em particular a democratização do Ensino Superior, que significa uma coisa mais vasta: a democratização da sociedade”, referiu José Pacheco Pereira,, sublinhado o importante papel de “elevador social” que a instituição tem desempenhado ao longo do seu caminho. Isto numa região historicamente marcada pelos “conflitos sociais, repressão e perseguições, baixos salários, pobreza, más condições de trabalho e despedimentos”.

Centrando-se nos dias de hoje, Pacheco Pereira considera que se enfrenta “um ataque ao saber por uma ignorância atrevida e arrogante, que condiciona muitos jovens nas redes sociais e noutros mecanismos”, cabendo ao IPS e instituições congéneres responder “não só com qualidade técnica e científica, mas também com abertura cultural e a imaginação”.

“Somos todos muito poucos nesta resistência em nome do saber, mas sem esse esforço Portugal fica mais pobre e menos livre”, rematou.

Ângela Lemos, presidente do IPS, reiterou o “compromisso de continuar a contribuir para o desenvolvimento do país, formando profissionais competentes, cidadãos conscientes e líderes capazes de enfrentar os desafios atuais e do futuro”.

A responsável aproveitou também para assinalar alguns desafios externos que colocam obstáculos à missão do Ensino Superior politécnico e que o Governo deverá ter em consideração. Entre eles, contam-se o modelo de financiamento vigente, “que discrimina negativamente as instituições do subsistema politécnico”, ou a alteração das condições de acesso, com o aumento do número mínimo de provas de admissão, o que contribuirá para “uma ainda maior contração do número de estudantes a frequentar o Ensino Superior”.

No caso do IPS, e apesar desta tendência, Ângela Lemos sublinhou “a taxa de 99 % de colocações atingida no Concurso Nacional de Acesso de 2024/25, continuando a afirmar-nos no panorama nacional”.

Homenagem à comunidade académica e parceiros

A tarde comemorativa, que levou ao auditório nobre do campus de Setúbal dois momentos musicais a cargo da Companhia de Ópera de Setúbal, contou também com as intervenções da presidente do CCISP – Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Maria José Fernandes, do vice-presidente do Conselho Geral do IPS, Nuno Maia, e do presidente da Associação Académica (AAIPS), Ivan Svac. O reconhecimento institucional foi também parte integrante do programa, com a entrega de medalhas e prémios de mérito profissional e académico a trabalhadores docentes, não docentes e aposentados, e a estudantes e diplomados.

No Dia do IPS foi igualmente entregue Prémio Carreira alumniIPS 2024, atribuído a Francisco Fernandes, diplomado de Gestão de Recursos Humanos e quadro no grupo Air Liquide, cabendo o diploma de Instituição de Mérito Cultural e Artístico à Ephemera – Biblioteca e Arquivo de José Pacheco Pereira, e o de Instituição de Mérito Socioprofissional à Escola Tecnológica do Litoral Alentejano (ETLA), entidades com quem o IPS colabora há vários anos de forma dinâmica e frutuosa.

Também distinguidas foram as docentes Lucília Nunes, da Escola Superior de Saúde, que recebeu o título de Professora Benemeritus, e Maria Emília Brederode Santos, que integrou a comissão instaladora da Escola Superior de Educação, recebendo, por isso, o reconhecimento de Professora Emeritus.