Câmara de Setúbal avalia inundação estuarina para adoção de medidas

A Câmara Municipal de Setúbal juntamente os Serviços Municipalizados de Setúbal (SMS), está em contacto com a Agência Portuguesa do Ambiente para a definição de um plano de ação destinado à resolução do problema das inundações estuarinas.

Este fenómeno, resultante do aumento da frequência e da altura das marés ao longo dos anos, devido às alterações climáticas, está a provocar, à semelhança de outras cidades portuguesas e europeias, situações de galgamento e inundações de águas para a via pública, o que afeta vias de circulação e, nalguns casos, habitações ou outro tipo de edifícios.

O problema, sentido no concelho nos últimos dias, decorrente de marés cheias muito próximas dos quatro metros de altura, já tinha sido sinalizado pelo Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros de Setúbal.

A reunião, realizada a 19 de setembro, junto do Moinho de Maré da Mourisca, na zona mais afetada, na qual participou a APA – Agência Portuguesa do Ambiente, envolveu diversos serviços da Câmara Municipal de Setúbal, associados às questões do urbanismo, das obras e das alterações climáticas, além da Proteção Civil.

A Junta de Freguesia do Sado, os Serviços Municipalizados de Setúbal (SMS), o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, a Capitania do Porto de Setúbal e a Guarda Nacional Republicana também participaram neste encontro de avaliação das inundações estuarinas, causadas por uma quantidade excessiva de entrada de água da maré no sistema urbano de pluviais, dimensionado para a recolha e drenagem da chuva.

“O município, em articulação com os SMS, vai enviar uma caracterização do problema à APA, indicando possíveis soluções técnicas de intervenção a nível hidráulico no sistema urbano, adequando-a à nova realidade resultante desta situação”, refere a autarquia, em comunicado.

A Câmara Municipal de Setúbal espera “obter o necessário apoio da APA, nomeadamente quanto ao acionamento de candidaturas europeias existentes para financiamento nesta área”.

“A construção da bacia de retenção de cheias no Parque Urbano da Várzea ajudou a solucionar os episódios frequentes de inundações na Baixa da cidade, motivados pela escorrência da serra em casos de chuva intensa”, adianta.

Esta obra de engenharia hidráulica, orçada em 3,6 milhões de euros, tem “conseguido cumprir esse papel, eliminando a ocorrência das cheias tradicionais no centro histórico da cidade, localizado numa cota baixa, mas, em face deste fenómeno das inundações estuarinas, assiste-se à necessidade de intervenções complementares no sistema”.

A Câmara Municipal de Setúbal, “consciente desta realidade, com a parceira de diversas entidades locais, desencadeou as ações necessárias para, junto da Agência Portuguesa do Ambiente, proceder a uma caracterização da situação atual e, com base nos estudos existentes, a previsões de cenários futuros”.

“Nos últimos 40 anos, o nível médio de águas do mar subiu aproximadamente 15 centímetros na costa, o que, associado a marés de amplitude e frequência inusitadas, está a originar inundações estuarinas na área das freguesias do Sado e de Gâmbia-Pontes-Alto da Guerra e também no centro da cidade, ou seja, em zonas de cota baixa”, alerta a autarquia.

No caso da freguesia do Sado, as marés vivas têm vindo “a originar, nos últimos dias, cortes pontuais da circulação rodoviária na Estrada de Santo Ovídeo, no troço entre o Faralhão e o Moinho de Maré da Mourisca, em função de galgamentos estuarinos”.

No centro da cidade, as marés têm “saturado o sistema de drenagem de pluviais, motivando a saída de água dos sumidouros para a via pública”.

“Este quadro, além de afetar as condições de circulação e mobilidade, pode ameaçar edifícios, o que já sucedeu em habitações na freguesia do Sado, pelo que o Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros de Setúbal tem vindo a fazer um conjunto de recomendações”, afirma.

Os conselhos são a colocação de sacos com areia à porta das habitações, o não estacionamento em zona potencialmente inundável, a não utilização de caves e a colocação de bens em locais elevados, sempre que as previsões sejam de chuva e de maré alta.

O serviço adverte que a situação pode agravar, como se percebe, caso se conjuguem marés vivas com chuva intensa, pelo que aconselha a adoção das medidas de autoproteção.