Vinhos da Península de Setúbal distinguem melhores produtores da região: SIVIPA foi a grande vencedora

SIVIPA, Casa Ermelinda Freitas e Adega Cooperativa de Pegões foram os produtores mais medalhados do XV Concurso de Vinhos da Península de Setúbal, com a primeira a destacar-se num ano que ficou marcado por um número recorde de participantes e em que o Melhor Vinho Generoso e o Melhor Vinho foram atribuídos a José Maria da Fonseca.

 

Luís Geirinhas

 

A SIVIPA foi a grande vencedora do XV concurso organizado pela Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal (CVRPS), que procedeu à entrega das medalhas de ouro e das cinco distinções de Melhor Vinho da região durante o ano de 2014, na última semana, numa cerimónia que decorreu na Igreja de Santiago (Castelo de Palmela).

A edição deste ano, que bateu o recorde de participantes, recebeu um total de 128 amostras para prova, as quais originaram 39 medalhas de ouro. Dos vinhos participantes 94 são Regionais Península de Setúbal, 19 DO Palmela e 15 DO Setúbal (Moscatel de Setúbal e Moscatel Roxo de Setúbal). Deste conjunto, foram premiados 22 vinhos regionais, 12 Palmela e 5 Moscatéis de Setúbal, pertencentes a 12 empresas, o que perfaz as 39 distinções. Entre os medalhados estiveram os vencedores nas categorias Branco, Rosado, Tinto, Generoso e Melhor Vinho, o mais pontuado de todos. O Moscatel Roxo 20 Anos da José Maria da Fonseca mantém os títulos de Melhor Vinho e Melhor Vinho Generoso. Domingos Soares Franco, enólogo que ganhou o maior prémio do concurso, pelo segundo ano consecutivo com o Moscatel Roxo, lembrou as colheitas feitas ainda por membros da família e referiu que todos os anos “esta é a única região a crescer em qualidade”.

Além destes, entre os grandes troféus, contam-se ainda os vinhos tranquilos VERITAS 2013 – Melhor Vinho Tinto – da SIVIPA, com o Dona Ermelinda 2014 – Melhor Vinho Branco  – da Casa Ermelinda Freitas, e com o Terras do Sado 2014 – Melhor Vinho Rosado, também da SIVIPA. Feitas as contas, a SIVIPA trouxe para casa nove prémios, seguida da Adega Cooperativa de Pegões que recebeu sete distinções. Em terceiro lugar surge a Casa Ermelinda Freitas, que arrecadou mais seis medalhas.

Henrique Soares, presidente da CVRPS, agradeceu os apoios dados ao evento e ao júri do concurso, composto por diversos enólogos, escanções, jornalistas da imprensa da especialidade e gastrónomos, em provas que decorreram durante dois dias em Palmela, na Casa Mãe da Rota dos Vinhos da Península de Setúbal. O responsável mostrou-se satisfeito com o facto de o concurso ter atingido este ano 15 anos, o que considerou ser “uma idade bonita”, tendo este ano a “fasquia voltado a elevar-se”. Revelou também que o concurso atingiu “um patamar de plena maturidade e consistência, em consonância com a dimensão e a importância que a península de Setúbal soube construir e com o prestígio de que hoje granjeia junto da crítica e dos consumidores”.

O presidente da Comissão realçou que registou-se também um aumento do número de empresas participantes, num total de 23, tendo “ultrapassado todos os recordes”. No ano que passou, segundo Henrique Soares, os vinhos da região “chegaram a mais mercados do que era habitual” e foi o melhor ano de sempre do DO Palmela, pelo “seu crescimento e afirmação comercial”.

O investimento na plantação de novas vinhas foi outro dos aspectos destacados pelo responsável, considerando que está a “decorrer a bom ritmo”, sendo uma evidência da “confiança que existe quanto ao futuro desta actividade económica na nossa região”. Após cinco anos de intenso crescimento, entre 2009 e 2013, o responsável reconheceu que o ano passado foi “um pequeno passo atrás”, no entanto, o “patamar de certificação atingido nestes últimos 5 anos” foi bastante significativo, tanto nos concelhos de Palmela como em Setúbal.

“Começamos agora a ter os problemas que as maiores e mais bem-sucedidas regiões vinícolas portuguesas têm já há alguns anos”, alertou Henrique Soares, que se congratulou com a presença de um grande número de autarcas na iniciativa deste ano, entre os quais os presidentes das câmaras municipais de Palmela, Moita, Seixal e Sines, o que encarou como “um óptimo sinal” e muito importante para fortalecer a identidade regional e o sector da vinha e ao vinho.

O “crescimento exponencial do turismo no nosso País nos últimos dez anos”, para o presidente da CVRPS, contribuiu para “melhorar a situação” da actividade, e a “circunstância da gastronomia e vinhos terem obtido o estatuto de produtos estratégicos em termos turísticos” foi igualmente importante neste meio, tendo referido algumas parcerias feitas com vários municípios neste âmbito.

 

TESTEMUNHOS:

 

Filipe Cardoso | SIVIPA

“A nossa equipa é boa, jovem e dinâmica”

 

Filipe Cardoso, enólogo e administrador da SIVIPA, em declarações ao Setúbal Mais, mostrou-se “muito satisfeito por a nossa adega ter ganho mais prémios” neste concurso. “Foi a primeira vez que aconteceu termos sido a empresa mais premiada. Trabalhamos o ano todo a tentar fazer o melhor possível e este é o reconhecimento desse trabalho e que os nossos vinhos e da região estão cada vez mais aptos a ganhar quota de mercado e a vendermos mais”, disse.

O ano de 2014, em termos de vindima, parece não ter sido dos melhores, “tanto que a maior parte dos prémios que ganhámos aqui foi com vinhos de 2013, que foi uma boa colheita”, reconheceu o responsável. “Estamos a crescer cerca de 25 por cento este ano, que foi o nosso maior crescimento nos últimos cinco anos. Normalmente a adega trazia a concurso quatro vinhos, mas desta vez concorremos com 15, tendo ganho com 9”, sublinhou.

“A nossa equipa neste momento é boa, jovem e dinâmica. Dá tudo pela empresa e tenta fazer o seu melhor pela adega. Estes prémios são da equipa inteira e da empresa”, concluiu o responsável da adega.

 

Leonor Freitas | Casa Ermelinda Freitas

“Vamos lançar em breve um vinho Alvarinho”

 

Ouvida pelo Setúbal Mais, a empresária Leonor Freitas, proprietária da Casa Ermelinda Freitas, mostrou-se satisfeita com o resultado do concurso. “Valorizamos todos os prémios, sendo que todos são recebidos com muito carinho e com muita responsabilidade, porque cada prémio é isso mesmo, temos que ser cada vez melhores e cada vez mais corresponder àquilo que nos é atribuído”, disse. “Fico felicíssima porque aquilo que assistimos com a entrega destes prémios revela a grande qualidade que temos na região. Fico feliz com o facto da Casa Ermelinda Freitas poder colaborar nessa qualidade e nessa parceria e representar a região e Portugal”, acrescentou.

“Ganhámos com o vinho Branco Dona Ermelinda 2014, que tem o nome da minha mãe. É um vinho que tem estrutura e que tem agradado a nível nacional e internacional, sendo que tem sempre ganho prémios desde que existe. É uma boa representação de Palmela”, disse.

“O ano de 2015 está a ser bom, continuamos com muito trabalho e fizemos uma ampliação da adega, o que nos trouxe muitas preocupações, tendo sido um grande investimento. Continuamos a apostar na qualidade, que é o nosso lema”, salientou a empresária de Fernando Pó. “Contamos dar entrada no mercado com um vinho Alvarinho dentro de um mês, ideal para acompanhar os nossos peixes. Penso que será óptimo” adiantou. No próximo Natal “vamos ter o nosso Moscatel Roxo”, revelou Leonor Freitas.

 

Jaime Quendera | Adega Cooperativa de Pegões

“Pegões tem crescido a cada ano que passa”

 

Jaime Quendera, enólogo e um dos administradores da Adega Cooperativa de Pegões, no final da atribuição dos prémios também estava visivelmente satisfeito. “É bom ganhar prémios, ganhar medalhas e é bom ganhar todos os anos”, disse. “É bom sinal e é sinal que o trabalho é bem feito e que os vinhos são bons. A grande aposta da nossa empresa é na qualidade e como fazemos sempre: qualidade com um bom preço”, acrescentou.

“É isto que Pegões tem feito e tem crescido mais a cada ano que passa, sendo reconhecida por isso e pelos bons preços que temos. Estamos a crescer bastante e esperamos que 2015 seja o melhor ano de sempre”, realçou.

“Estamos a crescer mais no mercado externo do que no interno. No exterior estamos a crescer muito nos países fora da Europa, como o Canadá ou a China, mas também estamos a crescer na Europa, como na Inglaterra, Alemanha, Suécia, em todo o lado, sendo estes países onde se premeia muito a qualidade/preço. São mercados maduros que sabem o que é bom”, explicou o enólogo. Em termos de novidades, “temos em vista um Moscatel Superior Branco no final do ano, mas mesmo que tenhamos mais algumas novidades só no próximo ano poderemos trazê-las a concurso”, concluiu.

 

CAIXA

 

Os melhores vinhos da península em 2014

 

Melhor Vinho Generoso e Melhor Vinho

José Maria da Fonseca 20 Anos

Vinho Generoso | Do Moscatel Roxo de Setúbal

José Maria da Fonseca Vinhos, S.A.

 

Melhor Vinho Tinto

VERITAS 2013

Vinho Tinto, DO Palmela

SIVIPA – Sociedade Vinícola de Palmela, S.A.

 

Melhor Vinho Branco

Dona Ermelinda 2014

Vinho Branco, DO Palmela

Casa Ermelinda Freitas – Vinhos, Lda.

 

Melhor Vinho Rosado

Terras do Sado 2014

Vinho Rosado, Regional Península de Setúbal

SIVIPA – Sociedade Vinícola de Palmela, S.A.