Morreu Dolores de Matos, a “mãe do FIAR”

Dolores de Matos, directora do FIAR (Festival Internacional de Artes de Rua) de Palmela, faleceu hoje de madrugada, 4 de Agosto, aos 62 anos, vítima de doença prolongada.

O funeral realiza-se amanhã às 10h45 no cemitério de Palmela. O corpo encontra-se na Capela da Santa Casa de Misericórdia de Palmela.

A Lola, como era tratada carinhosamente pelos amigos, era actriz, encenadora, realizadora, criadora de produções teatrais, dedicando a sua vida à cultura e a Palmela, criando na década de 90 o projecto de grupo de teatro comunitário “As Avozinhas”.

Dolores de Matos, frequentou o Liceu em Elvas, o Colégio Luso Britânico e tirou o curso de teatro no CENDREV (Centro Dramático de Évora), entre 1976 e 1979.

De Janeiro de 1982 a Agosto de 1993 trabalhou no Serviço Educativo do Museu de Setúbal.

De Janeiro de 1997 a Janeiro de 1999, assumiu a coordenação da operações artísticas da Expo98.

Desde 1999 era directora do FIAR, desempenhando o cargo durante duas décadas.

Para a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, ” A Dolores de Matos tinha uma energia contagiante, sempre solidária”. “Era a alma do FIAR, em Palmela, e de muito mais. Fomo-nos cruzando nas lutas da cultura e do resto. Fará falta. Que dia triste”, frisou a dirigente bloquista.

Também Rui Tavares deixou uma mensagem na sua página do Facebook: ” Chocado com esta notícia muito triste: a nossa querida Dolores de Matos faleceu, por doença, injustamente cedo. Conheci-a da fundação do LIVRE, depois de muito ter ouvido falar dela e do seu trabalho com o Festival Internacional de Artes de Rua (FIAR) em Palmela, e da sua incansável participação em inúmeras atividades culturais, sobretudo no domínio do teatro e da dança. Sempre me encantaram o seu otimismo e boa vontade permanentes, a sua generosidade e a sua alegria. Foi membro da assembleia do LIVRE, foi muitíssimo ativa no nosso núcleo de Setúbal, participou desde 2014 na vida do partido sempre que pôde e a intensa atividade cultural — e a saúde, nestes últimos tempos — lho permitiram. Outros conhecerão também o seu ativismo cultural de longa data, e testemunharão da integridade do seu empenhamento cívico e social. Uma grande, uma enorme perda, a sua partida”.

O FIAR teve início em 1999, em Palmela, sendo o primeiro Festival de Artes de Rua a acontecer em Portugal, após a Expo98 . A FIAR, Associação Cultural, foi criada em 2000, como estrutura co-organizativa do Festival Internacional de Artes de Rua, organizado em parceria com a Câmara Municipal de Palmela e o Teatro o Bando.

O Teatro do Mar “lamenta profundamente a partida precoce da Dolores de Matos, directora do FIAR, Palmela”. “Um grande obrigado de todos nós, Lola. Por tudo o que deste às artes de rua. Um até já, na certeza de que na rota das estrelas, nos encontraremos todos um dia”, refere em comunicado.

O Teatro Estúdio Fontenova “guardará para sempre a memória da Lola.
De uma geração que cresceu a par do TEF, partilhando o mesmo amor pelo teatro, pelas artes, pela capacitação local, e pela presença e condição de equidade da mulher, trabalhando sempre para o engrandecimento das mesmas”.