Entrevistas

Leonor Freitas, sócia-gerente da Casa Ermelinda Freitas: “Queremos ser uma referência no mercado nacional e internacional, mantendo a modernidade e respeitando o trabalho feito ao longo das gerações anteriores”

A Casa Ermelinda Freitas, sita em Fernando Pó, concelho de Palmela, presente em mais 40 países, enfrentou a crise causada pela pandemia do covid-19 mantendo os consumidores nacionais e angariar novos mercados internacionais como o asiático. Para Leonor Freitas “o facto de termos sempre a melhor relação qualidade preço, a nível nacional e internacional ajudou bastante”. A adega vai lançar novos produtos, entre os quais um vinho do Douro e um azeite também produzido em quintas adquiridas pela empresa nessa região do país.

Setúbal Mais – Como foram os primeiros quatro meses deste ano tendo em conta o contexto da pandemia?
Leonor Freitas –
Tendo em conta o contexto podemos dizer que os resultados foram bastante positivos. Temos de agradecer a grande dedicação e envolvimento de toda a equipa da Casa Ermelinda Freitas, mas sobretudo ao consumidor que tem continuado a optar pelos nossos vinhos.


S.M. – Como a Casa Ermelinda Freitas se adaptou à situação da pandemia desde o início em Março de 2020 perante as dificuldades do mercado?
L.F. –
A Casa Ermelinda Freitas tentou com sua grande diversidade de portfolio, apresentar ofertas que pudessem corresponder as necessidades do mercado atual. O facto de termos sempre a melhor relação qualidade preço, a nível nacional e internacional ajudou bastante. Atualmente a Casa Ermelinda Freitas já esta em mais de 40 mercados, sendo os mais importantes os de Inglaterra, EUA, Polónia e Luxemburgo. Neste último ano, devido a pandemia tentamos angariar novos mercados, especialmente onde o consumo dos vinhos mais cresce, como é o caso do mercado asiático. Sendo que aí estamos a abrir novos compradores no Japão, Coreia e China.


S.M. – A Casa Ermelinda Freitas tem um importante papel social e económico na região. Como foi manter essa relação com os fornecedores e manter os postos de trabalho?
L.F. –
A Casa Ermelinda Freitas teve sempre como primeira preocupação manter e assegurar a saúde dos seus colaboradores. Aumentamos o número de colaboradores para poder manter o distanciamento, podendo assim criar turnos. Tivemos um aumento de gastos em materiais de proteção (luvas, batas, álcool gel, mascaras, etc). Com os fornecedores mantivemos a relação de sempre, comprando uvas a todos como é habitual, tendo existido um aumento na compra, de modo a poder ajudar os viticultores que ficaram sem vender. Temos bem consciência da nossa responsabilidade social na região da Península de Setúbal, e sentimo-nos muito gratificados por poder contribuir quer nos postos de trabalho, quer na compra de uvas.


S.M. – A Casa Ermelinda Freitas em colaboração com o IPS ajudou na produção de álcool-gel numa altura muito complicada para o país. Como surgiu este projecto ?
L.F.
– É um trabalho de grande colaboração com o Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), de que me orgulho muito. A ideia de produzir álcool-gel, nasce da necessidade que a Casa Ermelinda Freitas sentia que havia na sociedade e no mercado devido à grande procura deste produto. Nós próprios tínhamos dificuldades em adquirir e o que encontrávamos estava com um preço muito alto. A Casa Ermelinda Freitas sentiu também grande necessidade de colaborar com as instituições mais desfavorecidas como lares, prisões, e outras instituições carenciadas de idosos que não conseguiam ter acesso. O IPS forneceu todo o seu conhecimento e parte química para o processo de conceção, a Vinisol vendeu o álcool a preço muito barato, tendo sido assim possível criar esta conjugação de esforços que permitiram uma grande aprendizagem em prol da nossa sociedade podendo ajudar todos os que necessitavam. Assim, nasce a iniciativa que juntou três entidades Casa Ermelinda Freitas, Vinisol, e IPS e sem toda esta envolvência não seria possível fazer os 6.000L de álcool-gel. Não há dúvida que juntando vontades, saberes e colaboradores podemos ser solidários e com um pequeno gesto ser uma grande mudança e ajuda na vida das pessoas e instituições.

S.M. – Qual o significado que tem para a Casa Ermelinda Freitas poder ajudar nesta altura difícil para o país?
L.F. –
A Casa Ermelinda Freitas está preocupada com o que se passa com a saúde e economia da sociedade em Portugal e no mundo. Temos imensa alegria em pensar que é possível ajudar aqueles que tanto precisam. Também dizer que tivemos imensa preocupação que cada funcionário nosso fosse seja um agente de saúde, dando formação para poderem agir como tal, podendo assim também passar a quem lhe rodeia toda esta responsabilidade. Estou preocupada com a economia, mas muito mais preocupada com as pessoas. Quando estivermos bem lutaremos pela economia agora vamos lutar pelas pessoas.


S.M. – A Casa Ermelinda Freitas celebrou 100 anos em 2020 mas não foi possível realizar a festa devido à pandemia. Prevê realizar este ano?
L.F.
– Gostaríamos muito de fazer alguma celebração, mas claro que nada será igual ao que tínhamos previsto. Em primeiro lugar assegurar a saúde de todos.


S.M. – Como vai ser o futuro da Casa Ermelinda Freitas, já com uma nova geração liderada pela Joana Freitas?
L.F.
– Adivinhar o futuro é sempre muito difícil, mas penso que será uma continuidade no feminino com a 5.ª geração a minha filha Joana Freitas que com a ajuda do irmão João Freitas, vão certamente dar continuidade à Casa Ermelinda Freitas. Queremos que a mesma continue a ser uma referência no mercado nacional e internacional, mantendo a modernidade, mas sempre respeitando o trabalho feito ao longo das gerações anteriores.


S.M. – Quais são os principais objetivos para 2021?
L.F. –
Os principais objetivos são que não tenhamos nenhum caso de covid-19, que os nossos colaboradores continuem com saúde, e que as vendas se mantenham. A Casa Ermelinda Freitas vai manter toda a qualidade que gostamos de ter nos nossos produtos, e o mais importante que os consumidores continuem a preferir os vinhos da Casa Ermelinda Freitas, pois é esta a maior ajuda.

Casa Ermelinda Freitas expande-se ao norte do país
Vinhos verdes e azeite no Douro


A Casa Ermelinda Freitas expandiu a sua área de negócios ao norte do país. Com aquisições de quintas no Douro vai lançar vinhos verdes e azeite.


S.M. – Que novos produtos estão previstos lançar no mercado?
L.F.
– A Casa Ermelinda Freitas é uma casa dinâmica e neste momento a grande novidade são os vinhos verdes, onde adquirimos a Quinta do Minho, que conta com 40 hectares, e nasceu em 1990 em Póvoa do Lanhoso perto de Braga, tendo resultado da fusão de duas das mais antigas quintas ali existentes: Quinta do Bárrio e a Quinta da Pedreira. A casa principal remonta ao séc. XVIII e tem vindo a ser gradualmente recuperada para apoio a atividades ligadas ao turismo vitivinícola. Com um “terroir” típico do alto Minho, o seu vinho elegante e fresco tem por base a casta Loureiro, rainha desta região. Este projeto é uma continuidade da grande parceria com o enólogo Jaime Quendera. O vinho já se encontra no mercado: “Fugaz” (pode ser comprado no Recheio) – Clássico e Ligeiro Loureiro e Trajadura; “Gábia” (pode ser comprado no Pingo Doce) – Clássico e Ligeiro, castas Loureiro e Trajadura; “Porta Nova” (pode ser comprado no Pingo Doce) – Clássico e Ligeiro, castas Loureiro e Trajadura; “Campos do Minho” (pode ser comprado na Sonae) – Clássico e Ligeiro Loureiro e Trajadura; “Fugaz, Porta Nova e Gábia 100% Loureiro”.
As marcas mais recentes: “Campo da Vinha – Clássico e Ligeiro” e “Quinta do Minho – 100% Loureiro (o nosso topo)”. Em breve, teremos o primeiro vinho do Douro da Casa Ermelinda Freitas: “Vinho do Douro – Quinta de Canivães – Douro Superior. Em 2018, com a aquisição da Quinta de Canivães, concretizou-se um sonho de longa data, ter uma quinta no Douro. Esta antiga quinta localiza-se na margem esquerda do Douro, perto de Vila Nova de Foz Côa sendo conhecida antigamente como “Quinta do Porto Velho”, pois possui um pequeno porto onde as pequenas embarcações atracavam. Com a dimensão de 50 hectares, possui 20 hectares de vinha de diversas idades, composta pelas mais nobres castas tintas, e 4,5 hectares de olival de onde se obtém azeite e elevadíssima qualidade Este projeto é uma continuidade da grande parceria com o enólogo Jaime Quendera.
O azeite do Douro: “Azeite Virgem Extra”. Localizada nas terras quentes do Douro Superior, a Quinta de Canivães possui características ímpares para a produção de Azeites e vinhos de alta qualidade. Elaborado com base na variedade “Cobrançosa”, e com um toque de “Picual” e “Negrinha de Freixo”, usando o processo de extração a “frio”, apresenta-se um azeite elegante e delicado. Azeite de categoria superior obtido diretamente de azeitonas unicamente por processos mecânicos. conservar ao abrigo da luz, ar, fontes de calor e odores intensos.

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