A curiosidade leva as pessoas a querer mexer ou até provar algumas peças

 

Entrevista com Filipe Blanquet, “Sugar stylist”:

 

 

Filipe Blanquet, 31 anos, de Setúbal, é um estilista original já que utiliza como ferramenta o açúcar. Recentemente abriu um espaço de restauração na baixa da cidade. O sucesso das suas roupas levou-o a participar em vários programas de televisão.

 

Florindo Cardoso

Semanário Setúbal Mais – Como surgiu a ideia de fazer peças de roupa à base de açúcar?

Filipe Blanquet – Foi uma ideia que surgiu enquanto construía uma escultura em açúcar, encomenda de um cliente. Após concluir a peça, pus-me a divagar e tive a ideia de construir uma escultura feminina que se mexesse. Daí ao conceito do vestido de açúcar foi um instante.
S.M.M. – Em Portugal é o único “sugar stylist”. As pessoas já entendem o
seu trabalho ou ainda não acreditam que as peças têm como base o
açúcar?

F.B. – Neste momento as pessoas já entendem o meu trabalho, sim. É normal que a curiosidade as leve a querer mexer ou até provar algumas peças. Entendo isso como um óptimo sinal, visto que o ser humano é, por vezes, um pouco resistente à novidade.

S.M.M. – Considera que a sua formação em pastelaria ajudou na elaboração das peças?

F.B. – Sem dúvida que sim. Enquanto designer, considero que para realizar uma peça é fundamental conhecer as propriedades e limites dos materiais com que trabalhamos. A formação em pastelaria deu-me os alicerces necessários para o manuseamento e manipulação das técnicas de trabalhar o açúcar.
S.M.M. – Como correram os seus primeiros desfiles de moda?

F.B. – Os primeiros desfiles correram bem e os que se seguiram melhor ainda. A prática faz a perfeição, não é? Ter bons profissionais envolvidos aliados a uma boa organização, é a receita que nunca falha para um desfile bem sucedido.
S.M.M. – O Filipe alcançou notoriedade nacional com a presença em vários
programas de televisão. Isso ajudou na sua carreira como estilista?

F.B. – A publicidade e divulgação ajudam muito ao crescimento de qualquer actividade profissional, desde que o trabalho em si tenha qualidade, claro. No meu caso específico, eu gosto de trabalhar com materiais que fogem ao universo das matérias-primas normalmente empregues na indústria da moda. Isso capta a atenção da comunicação social e de certa forma beneficia-me pois o meu trabalho é divulgado. Felizmente.

S.M.M. – Qual a peça mais difícil que elaborou e a que mais gosta? Quanto
tempo leva a fazer uma peça?

F.B. – Um vestido de noiva é o tipo de peça que é mais difícil de fazer, é demorada, mas por outro lado é o que me dá mais gozo fazer. Em média o vestido demora um mês a ser feito.
S.M.M. – Sempre gostou de moda ou interessou-se depois de começar a fazer estas roupas em açúcar?

F.B. – Sempre me interessei por moda e design de equipamento desde os meus 16 anos. Desde essa altura vou a exposições e desfiles sempre que tenho disponibilidade para isso, pois são também nesses momentos que a nossa cabeça “abre” e fluem em nosso redor energias criativas.
S.M.M. – Apostou no seu próprio espaço de restauração. Gosta da experiência?

F.B. – Estou a gostar muito desta experiência. Gosto muito da produção e lidar com o público tem sido muito enriquecedor.
S.M.M. – Projectos que pretende realizar?

F.B. – Existe um projecto a ganhar forma e que será apresentado para o próximo ano. Mais informações não darei… é surpresa!

 

Retrato:
Nome: Filipe Blanquet

Idade: 31 anos

Naturalidade: Portuguesa

Residência: Setúbal/Cascais

O que mais gosta em Setúbal? Gosto das nossas praias espectaculares e do calor humano e autenticidade das pessoas.

Qual o seu local favorito? A minha casa

A imagem que guarda de Setúbal? O nosso rio Sado

Prato favorito: Amêijoas à bulhão pato ou bitoque de vaca

Uma música: “Fly with me”, Frank Sinatra

Um artista: Alexander Mcqueen