Visita às ruínas romanas de Tróia: APSS e Fundação Buehler-Brockhaus apoiam restauro

 

O Troiaresort abriu as portas das ruínas romanas e da basílica ao público para celebrar o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. Oportunidade para conhecer o maior complexo de salga do mundo romano. No evento, foi realçado o apoio da APSS e da Fundação Buehler-Brockhaus na recuperação da pintural mural da basílica.

Florindo Cardoso

Várias dezenas de pessoas participaram no passado sábado, Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, numa visita à pintura mural da basílica paleocristã integrada no complexo das ruínas romanas de Tróia promovida pelo Troiaresort, de grande riqueza histórica. O evento intitulado “Conhecer, explorar, partilhar” para além de demonstrar o trabalho realizado pelos arqueólogos no sítio visou sobretudo reconhecer o apoio financeiro da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS) e da Fundação Buehler-Brockhaus para a valorização do património histórico das ruínas romanas de Tróia.

Os convidados, entre os quais Vítor Caldeirinha, presidente do Conselho de Administração da APSS e Hans-Peter e Marion Buehler, presidentes da Fundação Buehler-Brockhaus, tiveram oportunidade de assistir a uma conferência sobre a importância deste monumento, na Clubhouse do Tróia Golf Championship Course com a intervenção de Filomena Limão, da Universidade Nova de Lisboa, e de José Artur Pestana, da Empresa Mural da História, sobre a história e trabalhos de restauro das pinturas romanas que revestem as paredes desta que é considerada uma das mais antigas basílicas da Península Ibérica e das que apresentam melhor estado de conservação, seguindo-se depois uma visita ao local.

A arqueóloga Inês Vaz Pinto explicou a importância desta acção. “É muito importante para nós porque permite trazer pessoas interessadas, muitas delas de longe, que aproveitam este dia para conhecer o local” adiantando que são provenientes da comunidade mais alargada desde Grândola a Setúbal e também turistas.

Para a arqueóloga “as pessoas ficam surpreendidas e algumas que já tinham visitado o local noutros tempos, consideram que houve uma grande transformação” gostando do “percurso da visita que está bem explicado e acessível”.

Inês Vaz Pinto revelou que “tem estado com uma escola de Verão a escavar uma grande oficina de salga, que já tinha sido trabalhada nos anos 70 e gostaria de a completar porque está entre a zona valorizada e a basílica, alargando a área visitável”. A arqueológa confessa que o grande sonho é “valorizar a basílica, retirando a cobertura provisória para dar maior noção do espaço interior, permitindo visualizar todo o conjunto e fazer mais escavações para perceber melhor o edifício”.

Em relação à pintura mural, a arqueológa afirmou que “a nossa estratégia foi de começar recuperar as pinturas aos poucos” agradecendo o apoio da APSS que permitiu restaurar uma parede, frisando que esta “vê nestas ruínas de Tróia talvez um dos mais fortes testemunhos da antiguidade do porto de Setúbal” bem como da Fundação Buehler-Brockhaus que se “mostrou disponível para continuar este esforço e que e concretizará em 2015”.

A pintura romana a fresco da Basílica de Tróia é única em Portugal e remonta ao século IV com recurso a desenho preparatório. O monumento foi erguido sobre tanques de salga de peixe, daí apresentar irregularidades, sendo composto 11 paredes e 6 pilares. As pinturas de grande beleza apresentam formas geométricas e motivos como vasos, molduras, elementos vegetais, florais e aves, em cor vermelha, cinzenta e fundo branco amarelado.

De referir que as ruínas romanas de Tróia, com dois mil anos de existência, é o maior complexo de produção de salgas de peixe do mundo romano, que se distingue pelas oficinas com grandes tanques onde era colocado o peixe no sal e se fazia um produto muito apreciado, o garum (molho de peixe), exportado para todo o império até ao século V. Devido à grande produção, o complexo tinha na altura muita gente e daí a existência de casas, termas, cemitério e a basílica.

O monumento está aberto ao público aos sábados à tarde enquanto a pintura mural da basílica só é possível conhecer com visita guiada. A entrada custa 5 euros.