Vinho é cartão de visita da região

A importância da vinha e do vinho na economia do distrito de Setúbal tem crescido e solidificado nos últimos anos, fruto de um trabalho notável dos produtores locais, de uma nova geração de empreendedores e de enólogos.

As exportações têm vindo a aumentar de forma gradual e sustentada fazendo da região de Setúbal uma referência a nível nacional. Depois de anos de crise no mercado angolano que assimilava grande parte da produção de vinhos da região, parece haver boas notícias com a recuperação das exportações e a conquista de novos mercados um pouco por todo o mundo, fora da União Europeia. Angola e Brasil continuam a ser dois importantes mercados para os vinhos de Setúbal.

Com cerca de 1.200 vitivinicultores e mais de uma centena de produtores de vinho inscritos na área geográfica da Comissão Vitivinícola da Península de Setúbal, esta região é responsável pela produção de 40 milhões de litros de vinho, número com tendência a aumentar tendo em conta os investimentos previstos neste território.

A estes números há acrescentar o litoral alentejano, que se assume como mercado emergente graças ao trabalho de adegas como a da Comporta, a Herdade de Portocarro (já produziu o melhor vinho tinto nacional “Cavalo Maluco”), no concelho de Alcácer do Sal, da Serenada, com os vinhos Serras de Grândola, situada neste concelho.

O vinho é cada vez mais o cartão de visita da nossa região no mundo, com destaque para o Moscatel de Setúbal que leva o seu nome a novos mercados, numa espécie de rota dos descobrimentos, desde a China ao Brasil passando pela Rússia.

São impressionantes os valores de investimentos. Só na localidade de Fernando Pó, concelho de Palmela, onde se regista uma das maiores concentrações de vinha e de produção de vinho, assistimos à requalificação de centenas de hectares de terrenos e ao nascimento de projectos de enoturismo de grande qualidade.

No próximo ano, nascerá um novo espaço, no edifício da Sociedade de Fernando Pó que receberá a Mostra de Vinhos de Fernando Pó e outros eventos de promoção, constituindo o ponto de encontro desta “Aldeia Vinhateira”.

Os incontornáveis “jardins de vinhas” que se estendem ao longo das freguesias de Poceirão e Marateca – extensos territórios de vocação rural, que somam cerca de 281 quilómetros quadrados – marcam a paisagem, num convite à descoberta das tradições antigas e histórias de família, que se escondem em cada casa agrícola e em cada vinho.

No fim-de-semana de 13 e 14 de Maio de 2017, a aldeia de Fernando Pó assumiu-se como ponto de partida para esta viagem de exploração, que pode começar com uma viagem de comboio no sábado a partir de Lisboa, através do programa “À Descoberta das Vinhas do Sado – Fernando Pó”. Com embarque disponível na Gare do Oriente, Entrecampos, Sete Rios, Pragal e Pinhal Novo, esta viagem parte duma organização da Casa Ermelinda Freitas, da Fernão Pó Adega, da Adega Filipe Palhoça e da Câmara Municipal de Palmela, em parceria com a CP – Comboios de Portugal e o apoio da Rota de Vinhos da Península de Setúbal, proporcionando visitas guiadas às adegas e experiências gastronómicas

Outro factor de dinamismo foi a criação da Rota de Vinhos da Península de Setúbal/Costa Azul que reúne três concelhos: Palmela, Setúbal e Montijo, com o objectivo de aliar o vinho ao património, à gastronomia e aos recursos naturais. A Rota de Vinhos da Península de Setúbal junta as vontades de adegas, instituições e agentes para exaltar a identidade própria desta região, em torno dos seus principais valores, contando com cerca de duas dezenas de adegas aderentes.

A dinâmica do vinho e da vinha é exemplo a seguir por outros sectores para que o distrito de Setúbal alcance a importância económica que merece.