Terra barrenta invade areal do Portinho da Arrábida

O presidente do Clube da Arrábida, Pedro Vieira, denuncia, na página do Facebook “Arrábida de Luto“, o escorrimento de terra barrenta para o areal da praia do Portinho da Arrábida, ocorrido a 11 de Fevereiro.

“Hoje num pequeno passeio ao Portinho deparei-me com estas imagens alarmantes mas em nada surpreendentes. A mancha castanha no areal em frente aos restaurantes ‘Anicha’ e ‘Golfinho’ é barro duro que nem uma pedra e resulta de anos de escorrimento de terra barrenta pela estrada do estacionamento do Creiro que por má drenagem vem parar ao areal e aí se fixa de tal maneira que tomou conta do areal”, alerta Pedro Vieira, adiantando que “como o desassoreamento continua a ritmo acelerado a areia vai-se sumindo e fica este barro”.

“Mais à frente a caminho do Portinho mais ou menos depois do Restaurante Zeca eis novo cenário assustador num local onde não era comum”, afirma o responsável.

O presidente do Clube da Arrábida salienta que a “mancha castanha na água é derivada de afloramentos de barro (manchas castanhas nas fotografias junto à água) que como não têm areia para os tapar vão agora ‘sangrando’ para a água tornando as outrora águas cristalinas do Portinho numa mancha barrenta” e esta “situação já era comum mais ou menos em frente ao restaurante ‘Farol’ mas agora está a alastrar-se a vários pontos da praia”.

Pedro Vieira lembra que “há 8 anos o Clube da Arrábida organizou um colóquio com os maiores peritos de erosão costeira para debater este assunto que foi publicado em livro”, acrescentando que estiveram presentes o ICNF (Instituto de Conservação da Natureza Florestas), APA (Agência Portuguesa do Ambiente) e Câmara Municipal de Setúbal. “Nessa altura há 8 anos alertámos para o desassoreamento eminente do Portinho. Nada foi feito”, lamenta.

No ano passado o Clube da Arrábida solicitou ao LNEG (Laboratório Nacional de Energia e Geologia) um parecer sobre a situação que entretanto se tinha degradado muito para além do expectável. Este parecer foi apresentado em público em Julho do ano passado na presença da presidente da Câmara Municipal de Setúbal, ICNF e APA.

“Que se saiba não estão previstas para breve quaisquer medidas que parem este fenómeno e retribuam as areias perdidas ao Portinho. Recordo que o relatório do LNEG aponta para que apenas reste menos de 30% da Areia do Portinho em relação há 50 anos atrás. Vão esperar porquê? O que é que a Câmara Municipal de Setúbal tem previsto fazer para travar este fenómeno agora que tem a tutela das praias? E a APA que tem a faca e o queijo na mão vai continuar a assistir a esta catástrofe ambiental de braços cruzados? Fica aqui um alerta para que ninguém se esqueça”, conclui Pedro Vieira.