Tenho o maior respeito e amor pelo meu público

Entrevista com Mafalda Veiga, cantora:

 

Mafalda Veiga, 48 anos, natural de Montemor-o-Novo é uma das cantoras portuguesas mais respeitadas pelo público. No próximo dia 24 de Junho actuará em Alcácer do Sal e promete um grande espectáculo com uma banda ao vivo. Conhecida pela canção “Pássaros do Sul” tem demonstrado uma carreira sólida, com concertos esgotados.

Florindo Cardoso

 

Semanário Setúbal Mais – Como vai ser o concerto do dia 24 de Junho, na PIMEL, em Alcácer do Sal?

Mafalda Veiga – Vai ser uma festa. Acho que o concerto vai estar bem integrado neste evento. Estou muito contente por voltar a tocar em Alcácer do Sal. Já dei um concerto mais intimista no auditório municipal para um pequeno público e agora venho com uma banda para um grande espectáculo ao ar livre. Estou com imensa vontade de fazer este concerto.

 

S.M.M. – Este espectáculo vai apresentar um reportório geral da sua carreira?

M.V. – Sim. Vai ter uma escolha das canções que mais gosto de tocar com banda bem como canções de outros autores. Vai ser um concerto variado com cinco músicos em palco, alguns dos quais trabalho há bastante tempo, virado mais para hip-hop e rock.

S.M.M. – Quando foi lançado o seu último trabalho discográfico?

M.V. – O último trabalho foi em 2011. Esse CD reúne temas inéditos que nunca tinha tocado ao vivo. Outros foram apresentados com nova roupagem, de um ponto de vista mais electrónico, tendo trabalhado com Fred Ferreira, uma pessoa de hip-hop, da banda “Orelha Negra” e dos “Buraka Som Sistema”. Foi uma experiência muito interessante.

S.M.M. – E para quando um novo disco?

M.F. – Está quase pronto. Estou a trabalhar nisso. Não sei se lanço ainda este ano. Não tenho propriamente prazos porque não gosto, geralmente fico nervosa com isso.

S.M.M. – Como está a ser este ano a nível de espectáculos?

M.V. – Está a ser bom. No Inverno fiz vários espectáculos em auditórios. No início do ano dei dois concertos no Centro Cultural de Belém (CCB), com sala esgotada. Foi muito bom. O espectáculo chama-se “Todas as palavras tocam” e caracteriza-se por ser mais acústico. Os espectáculos ao ar livre são sempre feitos com uma banda.

S.M.M. – Qual o segredo para manter esta carreira de sucesso e esgotar as salas onde actua como aconteceu no CCB?

M.V. – Não sei qual é mas espero que dure muito tempo (risos). Eu tenho o maior respeito e amor pelo meu público. Sinto muita amizade e carinho pela parte das pessoas que acompanham o meu trabalho. Sou sempre muito bem recebida onde dou concertos.

S.M.M. – É uma apaixonada pelo Alentejo?

M.V. – Sou, até porque sou alentejana, propriamente de Montemor-o-Novo.

S.M.M. – A nível de espectáculos nota que há uma crise a nível do país?

M.V. – Noto que não é só mais difícil para os artistas mas para toda a gente. Estamos a passar por uma crise há muitos anos. As pessoas têm encontrado formas de investir nelas próprias para superar esta crise. Nota-se que é em todas as áreas e não somente na música.

S.M.M. – O que transmite às pessoas nos concertos de modo a saírem com boa disposição?

M.V. – Este espectáculo de ar livre é de festa, com boa energia e boa onda. Enquanto o espectáculo de auditório é mais de palavras, mais intimista e focado nas letras, próximo da poesia, com a presença de um piano.

S.M.M. – Quantos anos de carreira musical?

M.V. – Já são vinte e sete anos de carreira musical.

S.M.M. – O público “obriga-a” a cantar sempre a canção “Pássaros do Sul”?

M.V. – Curiosamente não. O público que conhece as minhas músicas e o meu trabalho não me pede. É engraçado. Lembram-se de coisas mais recentes.

S.M.M. – Qual a sua fonte de inspiração para criar temas tão bonitos?

M.V. – O que inspira é viver. Sou uma escritora de canções, escrevo histórias que têm a ver com aquilo que eu vivo e sinto e do meio à minha volta. Há uma luta com a folha em branco mas é boa porque começa-se sempre de novo uma canção. É um desafio permanente.

S.M.M. – Tem algum estúdio em casa para compor as suas canções?

M.V. – Tenho um equipamento em casa para trabalhar. Depois, vou gravar em estúdio. As maquetas e esboços das canções são feitas em casa.

S.M.M. – Tem referências a nível musical?

M.V. – As minhas canções são escritas por mim e claro que tenho a influência de muitos autores portugueses.