Quinta da Serralheira abre espaço de enoturismo: Investimento superior a 400 mil euros

A produção de vinho na Quinta da Serralheira é na ordem das 120 mil garrafas por ano, sendo 60 por cento destinadas ao mercado nacional e 40 por cento para exportação, com destaque para a Suíça.

 Florindo Cardoso

Várias dezenas de pessoas participaram na cerimónia de inauguração da Quinta da Serralheira, situada no concelho de Palmela, no passado sábado, dia 21 de Novembro. Trata-se de um investimento superior a 400 mil euros, que contou com o apoio comunitário de 300 mil euros através de uma candidatura ao PRODER (instrumento estratégico e financeiro de apoio ao desenvolvimento rural para o período 2007-2013) apresentada pela ADREPES (Associação de Desenvolvimento Rural para a Península de Setúbal.

Lício Cardoso, responsável pela Quinta da Serralheira, explicou que este projecto consistiu na reconversão de três pavilhões de uma exploração suinícola, em escritórios, loja de venda de vinhos e produtos regionais e num espaço para eventos. A segunda fase do projecto arrancará em final de 2016 com a construção da adega que terá uma capacidade para 700 mil quilos de uva, por ano, e um armazém para o produto acabado. “Pretendemos controlar o negócio do princípio ao fim, com a produção à volta da propriedade e produzir o próprio vinho que neste momento está a ser terceirizado noutra adega” afirmou. Este investimento será candidato ao Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020.

Lício Cardoso revelou que a produção de vinho é na ordem das 120 mil garrafas por ano, sendo 60 por cento destinadas ao mercado nacional e a restante percentagem para exportação com destaque para a Suíça (25 por cento). “Temos dois tipos de clientes completamente distintos, um do Damasceno nocturno que procura um vinho mais simples, directo, sem grandes pretensões e depois temos os Damasceno, com estágio em madeira”, disse. Em Abril de 2016 será lançado o Damasceno Tradição, feito a pedido do mercado externo. “Trabalhamos com vinhos de perfil internacional e surgiu um pedido de um cliente suíço que solicitou um vinho com casta portuguesa e oriundo desta região e criámos um 100 por cento castelão, com estágio em barrica de carvalho, que varia entre um ano e ano e meio” explica o produtor.

O vereador do Turismo da Câmara Municipal de Palmela, Luís Calha elogiou o investimento feito na Quinta da Serralheira. “Trata-se de um espaço qualificado, diferenciador, aquilo que o turista moderno procura” frisou o autarca, considerando que estamos perante “um produto que se encontra num espaço rural, diferente de uma grande cidade e este equipamento vem qualificador a oferta existente e responder a uma procura crescente que tem havido na região a nível do enoturismo”.

A marca de vinhos Damasceno nasceu no século XIX. Nesta época, a região tinha três casas importantes: José Maria da Fonseca, em Azeitão, José Maria dos Santos, da Herdade de Rio Frio e Domingos Damasceno Carvalho, com a Herdade dos Carvalhos, no Poceirão. As duas primeiras casas seguiram o seu trajecto mas a Damasceno, por motivos desconhecidos, acabou por se perder no tempo.

Em 2003, os herdeiros decidiram recomeçar o projecto e em 2011 houve a possibilidade de adquirir as marcas a essa família. “Tínhamos as áreas das vinhas, éramos produtores de uva e começámos a ter necessidade de criar o negócio dos vinhos” explicou Lício Cardoso. Começou assim o processo de produção de vinhos, com as próprias uvas e uma renovação da gama, desenvolvido em 23,5 hectares.

O enólogo manteve-se que é Nuno Cancela de Abreu. “Para mim é um enólogo excepcional e a empresa tem crescido com ele” afirma o produtor.

A Quinta da Serralheira factura neste momento 300 mil euros por ano com perspectivas de crescimento, de forma faseada.