Presidente da Câmara de Sesimbra morreu vítima de cancro: Milhares de pessoas na despedida de Augusto Pólvora

Milhares de pessoas participaram nas cerimónias fúnebres de Augusto Pólvora, presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, no passado dia 4 de Julho, na Igreja Matriz de Sesimbra e no Crematório da Quinta do Conde.

Uma multidão emocionada quer dentro da igreja que no adro, ouviu as palavras do pároco que fez uma justa homenagem a um homem que dedicou a sua vida à causa pública. “É um grato adeus ao presidente Augusto Pólvora”, disse o padre, recordando que “tive o privilégio de ter algumas conversas com o presidente” e “recordo-me de suas interrogações e esperanças no seu humano e na capacidade que temos de mudar as coisas”.

A missa de corpo presente contou com cânticos e a leitura do poema “Sou capitão da minha alma”, de Ernest Hemingway: “Por ser estreita a fenda – eu não declino, Nem por pesada a mão que o mundo espalma; Eu sou o mestre de meu destino; Eu sou o capitão de minha alma”.

Estiveram presentes a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, e presidentes das câmaras municipais do distrito como de Setúbal (Maria das Dores Meira), Moita (Rui Garcia), Almada (Joaquim Judas), Palmela (Álvaro Amaro), entre outros, autarcas, técnicos, e amigos.

Recorde-se que Augusto Pólvora morreu no domingo à tarde, dia 2 de Julho, no Hospital Nossa Senhora da Arrábida, em Azeitão, vítima de doença oncológica. O autarca, de 57 anos, lutava desde Fevereiro do ano passado contra um tumor e foi internado há pouco mais de uma semana naquele hospital do concelho e distrito de Setúbal.

Augusto Pólvora, autarca do PCP eleito pela CDU, estava a cumprir o terceiro e último mandato na presidência do município, tendo sido substituído no último ano nos actos oficiais de maior relevância pela vice-presidente, Felícia Costa, não tendo renunciado ao cargo.

Natural de Sesimbra, o autarca era casado, tinha quatro filhos e residia na localidade dos Pinheirinhos, freguesia do Castelo, no concelho de Sesimbra.

Augusto Pólvora licenciou-se em arquitectura com distinção, média final de 19 valores, e foi distinguido com o Prémio do Reitor da Universidade Técnica Eslovaca de Bratislava.

Foi autor e coautor de diversos estudos, planos e projectos na área do urbanismo e arquitectura quer enquanto técnico municipal, quer enquanto profissional liberal, tendo iniciado a actividade profissional como arquitecto em 1985.

No ano seguinte, em 1986, ingressou na Câmara Municipal de Sesimbra, onde exerceu funções no Gabinete da Quinta do Conde e desempenhou, nos anos de 1988 e 1989, as funções de chefe da divisão de Administração e Planeamento Urbanístico.

No plano político, Augusto Pólvora foi eleito vereador pela CDU, no mandato de 1989-1993, tendo exercido funções de vereador-substituto do presidente da Câmara, com responsabilidades directas nos pelouros do Urbanismo, Habitação, Lagoa de Albufeira e Quinta do Conde. Exerceu também as funções de administrador-delegado da Associação de Municípios do Distrito de Setúbal entre 1994 e 2002.

Em 1997, Augusto Pólvora voltou a ser eleito vereador pela CDU na Câmara de Sesimbra, exercendo funções não remuneradas com responsabilidades directas no Pelouro do Trânsito e Transportes.

Reeleito vereador pela CDU no mandato 2001-2005, Augusto Pólvora ficou em regime de meio-tempo, com responsabilidades directas no Pelouro do Planeamento Urbanístico, Ambiente e Toponímia.

Em 2005 foi eleito presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, tendo sido reeleito por duas vezes para o cargo, que desempenhou até ao dia em que faleceu.

Recorde-se que a Câmara Municipal decretou três dias de luto municipal. Num comunicado, a autarquia refere que “os seus mandatos ficaram marcados por uma enorme capacidade de negociação e de gerar consensos, tanto com entidades locais como governamentais, tendo sempre em vista o interesse do concelho”.

“Os seus conhecimentos técnicos e do terreno, e a paixão com que vivia a sua função e a sua terra, conferiam-lhe uma enorme capacidade de trabalho e de planeamento. O seu falecimento, prematuro, é uma enorme perda para o município e para a região”, refere ainda a nota.