Praceta Francisco Finura inaugurada: Homenagem ao homem dos sete ofícios

Francisco Finura, homem multifacetado que se destacou em vida no desempenho de várias funções e pelo espírito inventivo e empreendedor, dá o nome a praceta de Setúbal, inaugurada no passado dia 15 de Abril, precisamente quando completaria 87 anos.

Setúbal prestou na passada semana homenagem a uma das figuras populares mais carismáticas, Francisco Finura, mais conhecido por “Finuras”, o homem dos sete ofícios, no dia em que faria 87 anos.

O nome de “Finuras”, fica assim perpetuado numa praceta na Quinta Alves da Silva, bairro no qual viveu e trabalhou num pequeno espaço de garagem, futuramente oficina-museu, dando largas à imaginação e criatividade para criar várias máquinas e objectos.

“Homem difícil de definir, Francisco Finura era, segundo as próprias palavras, um operário especializado em trabalhos não especializados”, recordou a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, na cerimónia de inauguração do espaço público com o nome do homenageado. A autarca partilhou que “Finuras”, falecido em 2012, “era alguém que surpreendia constantemente, com curiosidade ilimitada pela vida e pela terra onde nasceu”.

Francisco Finura foi, entre muitas outras coisas, professor de hipnose, telepatia e retenção memorial, psicanálise, magnetismo e fascinação, actividade que acumulou com a de artista de variedades, ilusionista, faquir, toureiro, arqueólogo, marinheiro de longo curso e mergulhador, ou, como lhe chamavam na época, homem-rã.

O homem que se fez transportar durante anos numa estranha bicicleta pelas ruas da cidade, depois de ter começado a trabalhar aos 9 anos como afinador destes veículos, foi também fabricante e conserveiro, industrial, lutador, boxeur e rei, ou, melhor, o Rei do Carnaval de Setúbal.

A praceta que ganhou o nome de Francisco Finura, acessível através da rua Alves da Silva, uma iniciativa da União das Freguesias de Setúbal e da câmara municipal, recebeu ainda uma manifestação artística, um desenho em grafitti da autoria de Zé Nova e João Varela. A frase “Operário especializado em trabalhos não especializados”, uma das mais carismáticas e que melhor descrevem o génio da figura popular setubalense, acompanha a obra de arte pública, que partilha uma das imagens mais conhecidas de “Finuras”, de fato, lenço branco na lapela e a fumar cachimbo.

O presidente da União das Freguesias de Setúbal, Rui Canas, sublinhou a importância da iniciativa que “reconhece uma figura ímpar da cidade, uma pessoa que acrescentou algo de diferente, de melhor, à vida e ao quotidiano setubalense e que hoje faz parte da memória de todos”.

 

O filho do homenageado, igualmente Francisco Finura, agradeceu, emocionado, “a todos os que ajudaram a concretizar este projecto”, perante amigos e populares que marcaram presença na cerimónia.

Momentos da vida e obra do setubalense são também partilhados no espaço de garagem no qual trabalhou, localizado naquela praceta, agora convertida em oficina-museu, um projecto, ainda em fase de desenvolvimento, impulsionado pelos filhos, Francisco e Patrícia Finura. A oficina-museu abriu portas em dia de homenagem para partilhar fotografias, documentos, artefactos, ferramentas, máquinas e alguns artigos pessoais de Francisco Finuras, com destaque para a bicicleta, personalizada e reinventada pelo próprio, em que se fazia transportar pela cidade.

“Isto é apenas uma amostra daquilo que o espaço vai ser, para já com algumas das peças mais significativas. O espólio é muito vasto, pelo que vamos tentar expor tudo”, esclareceu o filho, para adiantar que a ideia,