Para se viver a música em Portugal é necessário espírito de sacrifício

 

Jorge Nice, 48 anos, é um dos artistas mais populares de Setúbal, com uma carreira de duas décadas. Um autêntico “showman”, que toca e canta músicas divertidas e adoradas pelo público. Humor e profissionalismo fazem deste artista um sucesso que utiliza a pronúncia charrôca, de arrastar nos erres, como imagem de marca e de bairrismo.

 

Florindo Cardoso

 

Semanário Setúbal Mais – É um dos artistas de Setúbal que dá mais concertos ao longo do ano na região e outras zonas do país. Qual a chave desse sucesso?

Jorge Nice – O facto das pessoas gostarem de mim, do meu trabalho, da minha versatilidade e do meu profissionalismo.

 

S.S.M. Não tendo a pronúncia charrôca, como nasceu a ideia de brincar com isso?

J.N. – Não se trata propriamente de ser só brincar, é trazer algo comum de Setúbal aos setubalenses, neste caso a linguagem e que nos permite distinguir de outras culturas e criar um certo “Bairrismo” saudável e o orgulho de ser sadino…

 

 

S.S.M. – Essa é já a sua imagem de marca. No início foi difícil ou teve logo aceitação do público?

J.N. – Foi um processo natural e como tal as coisas foram acontecendo de uma forma normal.

 

S.S.M. – Como se inspira para criar canções sobre Setúbal e os setubalenses como por exemplo o Visigodo?

J.N. – Personagens fictícias, baseadas em pessoas, situações  e locais comuns e reais da nossa cidade.

 

S.S.M. – Qual o tema que lhe deu mais gozo criar?

J.N. – Sinceramente não sei, todos eles foram especiais, no entanto existem três temas que me dizem muito gozo no aspecto da concepção, são eles a “Bela Vista”, “Os golfinhos do meu Sado” e a “Alma Charrôca”.

 

S.S.M. – Fica surpreendido quando se apercebe que as pessoas conhecem as suas músicas, cantam e dançam?

J.N. – Em Setúbal não, mas em locais que eu jamais imaginaria, sim.

S.S.M. – Já lançou CD’s, como correram essas experiências?

J.N. – Foram boas mas infelizmente a conjuntura económica actual não se coaduna com este tipo de investimento nomeadamente no meu caso, edição de autor, isto é, eu a financiar tudo. É muito difícil.

S.S.M. – Considera-se um homem de palco e vive da música. É difícil ser profissional da música no nosso país?

 J.N. – Claro que é, para se viver da música em Portugal como eu vivo há mais de 20 anos, é necessário muito trabalho e espírito de sacrifício.

 

S.S.M. – Qual a situação mais caricata que lhe aconteceu em palco e como resolveu?

J.N. – Aconteceram muitas ao longo de todos estes anos de carreira. Destaco uma passagem de Ano num salão em Serpa em que acabou tudo à pancadaria,  ao ponto do nosso guitarrista que era muito “peace and love”, implorar ao microfone para pararem. Isto passou-se há quase trinta anos…

 

S.S.M. – Porquê a escolha do apelido Nice e dessa boa disposição que transmite nos palcos?

J.N. – O nome artístico Nice surge do facto de antes de eu enveredar por uma carreira a solo e de ter tido uma banda, cujo o nome era Banda Nice. O dono de um bar no qual eu toquei com as duas versões, baptizou-me com o nome de Jorge Nice e assim ficou até hoje…

 

 

Retrato:

Nome: Jorge Leandro

Idade:  48 anos

Naturalidade: Algés

Residência: Setúbal

O que mais gosta em Setúbal: Da cidade, do rio, da serra, do Vitória e dos milhares de amigos e conhecidos, isto é desta “grande Aldeia” em que quase toda a gente se conhece e é tratada pelo nome próprio ou de família.

Qual o seu local favorito: Tenho uma predilecção pela Rua das Fontainhas, não sei explicar o porquê…

 

A imagem que guarda de Setúbal: Um local maravilhoso para viver, uma cidade sem stress

Prato favorito: Peixe assado

Uma música: “Confortably Numb”

Um artista: (Banda) – Pink Floyd