Funeral do fadista Januário Trindade realiza-se amanhã

Januário Trindade - Um dos mais carismáticos fadistas de Setúba

Um dos mais carismáticos fadistas de Setúbal, Januário Trindade, de 72 anos, faleceu no dia 15 de Janeiro, vítima de doença prolongada. O corpo do artista, que já se encontrava doente há bastante tempo, chega hoje, dia 16 de Janeiro, pelas 12h00, à Capela do Socorro, sita na rua Balneário Doutora Paula Borba. O funeral do fadista sai amanhã, dia 17 de Janeiro, pelas 14h30 da capela, com destino ao cemitério de Nossa Senhora da Paz (Algeruz), onde será cremado, pelas 15h00.

Januário Trindade começou a sua carreira no conjunto de baile “União” durante os anos 60 e depois do 25 de Abril de 1974 cantou fados quase sempre sarcásticos em relação à política da altura, como “A heroína do campo – Catarina Eufémia” ou “Humberto Delgado – o general sem medo”, e os problemas sociais com “A sociedade”.

 

Ficou conhecido como o “fadista revolucionário”. Canta na campanha à presidência da República de Pinheiro de Azevedo em 1976, com o tema “Pinheiro de Azevedo – O almirante sem medo”, seguindo-se o trabalho “Norton de Matos”. Lançou ainda “E morreu simplesmente Maria”, dedicado à cantora alemã de Leste, Cristina Cassola. Januário Trindade cantou sobretudo contra a pobreza e os males da sociedade.

Recorde-se que, em Novembro de 2016, duas dezenas de fadistas de Setúbal prestaram um tributo a Januário Trindade, nas instalações do Núcleo de Amigos do Bairro Santos Nicolau em Setúbal, sito na rua Dr. António Rodrigues da Costa, uma das últimas aparições públicas.

“É uma homenagem que dizem que sou merecedor”, disse emocionado Januário Trindade. O fadista reconhecia então que seu nome “era uma referência mas já estou quase a deixar de cantar”. Ao longo da tarde, actuaram os fadistas Carla e Joana Lança, Cecília Silva, Deolinda de Jesus, Elisabete Ferreira, Georgette de Jesus, Inês Pereira, Lena Silva, Maria Caetano, Maria do Céu Freitas, Sara Margarida, Susana Martins, Acácio Nunes, António Severino, António Almeida, Eduardo Silva, Eugénio Almeida, Fernando Machado, Rodrigo Manuel e Valter Palma, acompanhados por Custódio Magalhães, Jorge Pimentel e Rui do Cabo, na guitarra portuguesa, Albano Almeida, Carlos Pinto e Vítor Pereira, na viola de fado, e Manuel Carlos e Vítor Raposeiro, na viola baixo.

“Januário Trindade impôs-se à consideração do público, amigos e colegas, como homem e artista, elevando o nome de Setúbal em Portugal e além-fronteiras”, justificaram os artistas responsáveis pela homenagem, adiantando que “com todo o carinho e admiração lhe rendemos este justo tributo”. Aliás ao longo do espectáculo, os fadistas de gerações diferentes, afirmaram palavras de elogio ao artista setubalense.