Herdade de Pegos Claros produz vinhos desde 1920: Manter a tradição com sabor a qualidade

 A Herdade de Pegos Claros tem a maior vinha contínua de  Castelão da DOC Palmela com uma extensão de 40 hectares. Gerida pela empresa TerraTeam, desde 2010, os vinhos “Pegos Claros”, regressaram em força com uma nova imagem, preservando as vinhas velhas. A produção anual é de 70 a 75 mil litros, sendo que metade destina-se à exportação.

Florindo Cardoso

A Herdade de Pegos Claros, situada no concelho de Palmela, mantém a tradição de produzir bons vinhos desde 1920, numa área contínua de 40 hectares de vinhas velhas da casta “Castelão”, implantadas em solos arenosos pobres mas que conferem grande qualidade ao produto final.

Das vinhas integradas numa área total de cerca de 540 hectares, cuja ocupação é predominantemente florestal com sobreiros e pinheiros mansos explorados num modelo de gestão florestal responsável, em respeito pelos recursos naturais, ecológicos, sociais e ambientais locais, saem vinhos, que na década de 90 foram referências nacionais e internacionais, do que melhor se produziu como denominação de origem controlada (DOC) Palmela, então pelas mãos do enólogo João Portugal Ramos.

Os vinhos “Pegos Claros Rosé 2015”, “Pegos Claros Colheita 2012”, “Pegos Claros Reserva 2012” e “Pegos Claros Grande Escolha 2012” ainda são produzidos pelos métodos tradicionais, com a colheita manual, a pisa da uva a pé e a fermentação em lagar aberto.

A TerraTeam assumiu a gestão operacional desta propriedade em 2010, tendo desenvolvido uma estratégia concertada de rentabilização dos seus recursos agroflorestais e um esforço por voltar a promover o vinho de qualidade reconhecida, aliando a tradição à modernidade. A marca apresenta-se de forma mais atraente, onde as garrafas possuem rótulos com a imagem do Castelo de Palmela, e desde 2012, com a orientação do enólogo Bernardo Cabral.

José Miguel Aires, director da TerraTeam e responsável pela gestão da propriedade, explicou ao Jornal Setúbal Mais que “a colheita é feita de forma manual, não há mecanização, sendo as uvas carregadas em cestos de 20 kg, seguindo para o lagar aberto (uma bateria de 5 lagares) para fermentação, com a primeira pisa do vinho feita sempre a pé e depois o estágio em barricas de carvalho francês e americano”. O director refere ainda que “Pegos Claros” é “um vinho diferenciado, não é de consumo de massas nem está nas grandes superfícies”, sendo um “produto de gama superior”.

O responsável disse ainda que metade da produção é “Reserva” e “Grande Escolha” porque “temos matéria-prima de qualidade”, rentabilizando assim a marca, com a apresentação de uma gama superior. A produção anual de uvas ronda as 100 toneladas, resultando em 70 a 75 mil litros de vinhos, os quais são vendidos na totalidade engarrafados. “Dentro de dois a três anos a vinha nova vai começar a produzir e vamos aumentar este valor”, salientou, reforçando que os vinhos saem actualmente das vinhas velhas que oscilam entre os 30 e os 90 anos de idade (65% da área).

Já o enólogo Bernardo Cabral revelou que o próximo objectivo é “criar um produto de super referência”, acima da gama do “Grande Escolha”. “A qualidade das uvas é extraordinária e o material genético do Castelão daqui é único”, acrescentou.

Os vinhos “Pegos Claros” estão disponíveis no canal Horeca (hotéis, restaurante e cafés) e podem ser adquiridos, por preços que oscilam ente os 4,5 e os 15 euros, nas garrafeiras especializadas na região da Grande Lisboa. De referir que mais de metade da produção destina-se à exportação, onde o mercado principal é a Irlanda.

 

Norte-americanos rendidos ao Castelão

Vinhos Pegos Claros distinguidos

Os vinhos da Herdade de Pegos Claros têm merecido reconhecimento nacional e internacional quer através dos enólogos quer de concursos, estando em destaque em duas importantes revistas norte-americanas. Mark Squires, o mais famoso provador de vinhos portugueses para a reconhecida publicação do americano Robert Parker – Wine Advocate – que publicou, no site www.eRobertParker.com, em Dezembro do ano passado a sua visão anual do mundo vínico português, entre os quais 22 tintos da Península de Setúbal com classificações entre os 85 e os 92 pontos. O “2012 Pegos Claros Vinhas Velhas” obteve 88 pontos e “2012  Pegos Claros Reserva Vinhas Velhas”, alcançou 90 pontos.

“2012 Pegos Claros Reserva Vinhas Velhas, envelhecido por 12 meses em uma mistura de carvalho francês e americano, mostra concentração de fruta, excelente estrutura e bom equilíbrio. Deve ter uma longa vida pela frente, adquirindo carácter e complexidade à medida que envelhece. É um super valor em um vinho que pode ser envelhecido (talvez até melhor do que o esperado) e o preço parece certo”, refere Mark Squires, na revista Wine Advocate . Quanto ao 2012 Pegos Claros Tinto, a mesma publicação, afirma que é “sólido e poderoso sobre a abertura, é um Castelão com foco e intensidade. O sabor é um pouco silenciado e torna-se mais expressivo”.

Já em Janeiro deste ano, outra revista norte-americana Wine Enthusiast distinguiu o “2012 Pegos Claros Vinhas Velhas Reserva Tinto (Palmela), com 93 pontos (Editors’ Choice), afirmando que é “um vinho grave e denso, com muita estrutura e perfumado”. Distinguiu ainda “2012 Pegos Claros Grande Escolha Tinto (Palmela)”, com 92 pontos, referindo que  é “um vinho potente que tem alcaçuz e sabores de café preto , bem como ameixa madura e bagas de frutas. O equilíbrio existe, juntamente com uma base estrutural sólido e acidez. O vinho denso tem poder, rico e maduro para o desenvolvimento”. Sobre o “2012 Pegos Claros Colheita Tinto (Palmela)”, com 87 pontos, refere que “com seus taninos firmes no lugar e com camadas de sabores de madeira de envelhecimento , este é , obviamente, um vinho jovem. Tem um fundo de frutas de baga maduras e acidez que irá desenvolver ao longo dos próximos dois anos. É potencialmente rico e completo”.