Greve na Autoeuropa para sexta e sábado cancelada

A greve dos trabalhadores da Autoeuropa prevista para esta sexta-feira e sábado, dias 2 e 3 de Fevereiro, foi cancelada. Os sindicatos consideram que não querem prejudicar o diálogo entre administração da empresa e comissão de trabalhadores que está a decorrer.

A empresa começou no dia 29 de Janeiro a laborar com novos horários transitórios, que obrigam ao trabalho ao sábado. Foram impostos pela empresa porque não houve acordo com os trabalhadores.

A administração da fábrica de Palmela promete pagar os sábados ao valor normal de um dia de trabalho acrescido de 100%. A este valor admite ainda juntar ainda mais 25%, caso sejam cumpridos os objetivos de produção trimestrais. Os novos horários preveem quatro fins de semana completos e mais um período de dois dias consecutivos de folga em cada dois meses para cada trabalhador.

Esta semana também poderá ser importante no que respeita ao caderno reivindicativo, estando já marcadas para dia 1 de Fevereiro várias reuniões plenárias em que a Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa deverá fazer um ponto de situação das negociações com a administração da empresa, ou comunicar um eventual pré-acordo que possa vir a ser conseguido nos próximos dias.

A Autoeuropa deverá atingir este ano uma produção de 240.00 automóveis, a grande maioria do novo modelo T-Roc, veículo que o grupo alemão Volkswagen pretende construir apenas na fábrica de automóveis de Palmela e que está a ter muito boa aceitação no mercado.

De referir que o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, alertou para o risco dos alemães da Autoeuropa “perderem a paciência”. Carlos Silva, defendeu que os trabalhadores da Autoeuropa devem ter consciência de que sem “estabilidade interna” existe o risco de “os alemães perderem a paciência”. “O que é que vai acontecer se as pessoas não meterem juízo na cabeça? Acho que era importante que os trabalhadores ficassem cientes de que ou há estabilidade interna na empresa ou corremos o risco de os alemães perderem a paciência”, defendeu Carlos Silva.

O líder da UGT falava nas jornadas parlamentares do CDS, em Setúbal, num painel com o presidente da Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, sobre “diálogo social para mais investimento”. “Há muita gente na Europa, em Navarra, na Eslovénia, na Eslováquia, da Croácia, interessada em ter a produção de outros modelos. Portanto, isto deve envolver o país, deve envolver os partidos políticos, deve envolver os trabalhadores, mas é preciso que, para os trabalhadores serem envolvidos, deixarem-se envolver”, sustentou.

Também o presidente da CIP, António Saraiva, defendeu que a Autoeuropa é “a prova evidente de que com estabilidade social uma empresa progride e evolui”. “Tivemos todos estes anos em que a Autoeuropa era dada como um exemplo da virtude do diálogo social e da paz social que se vivia naquela empresa”, defendeu.

Enaltecendo a “liderança de António Chora” na comissão de trabalhadores, considerando que dava à empresa “uma coesão através do diálogo social”, António Saraiva defendeu que após a sua saída “a CGTP viu ali uma oportunidade, colocando um vírus na empresa”.

Esse “vírus” – uma analogia que António Saraiva já tinha usado publicamente e que reiterou -, “inquinou o diálogo social”, e constitui “uma tentativa de adulterar as comissões de trabalhadores, porque são elas que representam todos os trabalhadores”.