GNR preocupada com burlas: Apela à população postura de desconfiança

A Guarda Nacional Republicana (GNR) está preocupada com o número de burlas registadas nos primeiros nove meses deste ano, alertando a população para que adopte uma “postura de desconfiança” e que dê conta destes crimes às autoridades.

Um relatório desta força de segurança revela que, entre 2010 e Setembro deste ano, se registaram na sua área de intervenção, que abrange cerca de 90% do território nacional continental, perto de 20 mil burlas, 2.875 das quais ocorreram entre 1 de Janeiro e 30 de Setembro deste ano.

“Estamos preocupados. É um crime que atinge as pessoas mais vulneráveis, sobretudo os mais idosos (…), que não têm tantos conhecimentos e que acabam por ser vítimas de pessoas que, de forma ardilosa, lhes levam bens materiais, dinheiro e ouro”, sublinha o porta-voz da GNR, major Marco Cruz.

O oficial admitiu que o número de burlas cometidas seja superior às registadas e apelou aos cidadãos que denunciem estes crimes. “A denúncia é extremamente importante. Acreditamos que este registo que nós temos pode não corresponder àquilo que são, de facto, as burlas em termos reais. As pessoas acabam por não denunciar, maioritariamente por vergonha ou por medo, mas é importante a denúncia para que outras pessoas não venham a ser vítimas desses grupos”, sustentou.

Tendo em conta os dados recolhidos pela GNR, o major Marco Cruz indicou que nos primeiros nove meses deste ano houve um aumento das burlas, muitas das quais potenciadas pelo “dinheiro fácil” prometido pelos burlões. Por isso, apela para que “as pessoas desconfiem sempre, peçam a identificação e não entreguem dinheiro sem primeiro terem a certeza a quem estão a entregar. Em cerca de 70% das burlas, o autor é um desconhecido. Portanto, [é necessário] desconfiar e, em caso de dúvida, contactar as autoridades policiais”, aconselhou o porta-voz da GNR.

O burlão tipo caracteriza-se por ser bem-falante, bem apresentado, fazendo-se passar por funcionário de instituições públicas com credibilidade, nomeadamente da Segurança Social. Neste caso, aborda os idosos e, a troco de dinheiro, promete aumentar-lhes as reformas.

Outro dos esquemas utilizados pelos burlões é fingirem ser funcionários da EDP – Energias de Portugal ou dos CTT – Correios de Portugal junto das vítimas, pedindo-lhes dinheiro em troca da celebração de algum contrato ou para terem acesso a algum serviço. Contudo, estas empresas não têm estes procedimentos nem a EDP faz cobrança porta a porta.

A burla no arredamento de casas para férias, sobretudo no Algarve, através da internet, é igualmente uma das mais cometidas, sobretudo nos três meses de verão. Em Julho, Agosto e Setembro deste ano a GNR registou cerca de 1.200 deste tipo de burlas, em que os interessados, aliciados com preços “muito mais baixos” do que os praticados em média no mercado, acabam por dar um sinal e transferir uma quantia em dinheiro para uma pessoa que não conhecem e que supostamente vai arrendar a casa. Na maioria das vezes, o suposto arrendatário fica incontactável e as pessoas sem casa e sem dinheiro.

Entretanto, ontem, dia 25 de Novembro, entrou em circulação a nova nota de 20 euros, o que, segundo o oficial da GNR, será um momento propício à prática de burlas. “É uma altura sensível, uma vez que quem se dedica a esta prática de burlas utiliza o esquema de dizer aos idosos que o dinheiro antigo (…) vai deixar de ter valor. É errado (…). As notas de 20 euros da primeira série vão manter o valor e não existe ninguém mandatado por qualquer instituição bancária para fazer a recolha das notas de 20 euros”, alertou o porta-voz da GNR.