Festival de Teatro de Almada homenageia Ricardo Pais: Com 29 espectáculos e 4 estreias

A 33.ª edição do Festival de Teatro Almada decorre de 4 a 18 de Julho, em salas de Almada e Lisboa (Centro Cultural de Belém e Teatro da Trindade), homenageia o encenador Ricardo Pais e apresenta o novo teatro italiano, com a presença de cinco jovens criadores. O orçamento do festival é de cerca de 800 mil euros, que apostou este ano num cartaz pintado por Graça Morais.

Ao longo de quinze dias, serão apresentados 29 espectáculos, 4 dos quais são estreias, com destaque para um inédito de Gil Vicente “Nau de amores”, escrita em 1527, para celebrar a chegada a Lisboa do rei D. João III e de sua mulher, Catarina da Áustria, e nunca mais foi representada. A revelação foi feita na conferência de imprensa de apresentação do evento, no passado dia 17 de Junho, na Casa da Cerca, pelo director artístico Rodrigo Francisco.

A produção co-produzida pela Companhia de Teatro de Almada, com a espanhola “Nao d’Amores”, é dirigida por Ana Zamora. Para a encenadora espanhola, que assina o projecto, baptizar o seu grupo com o nome de uma peça de Gil Vicente, constitui uma “declaração de princípios e, ao mesmo tempo, uma metáfora em redor daquilo que se supõe que seja o devir apaixonado de uma companhia teatral”. A acção decorre numa nau, onde se cruzam as personagens, todas de carácter alegórico, como a própria cidade de Lisboa, o Amor, que conduz o barco, “um Frade doido, um Pastor castelhano, um Negro, um Velho apaixonado e dois Fidalgos portugueses”. Depois da estreia no festival, a peça estará em cartaz, no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Outubro.

Rodrigo Francisco afirma que “o tema da programação do Festival de Almada, que já se faz há 32 anos, é o teatro – e também a dança, a música, as artes plásticas, a formação e a reflexão. Se quisermos reunir todos estes aspectos, num mesmo termo, creio que pode afirmar-se que o tema do festival tem sido a diversidade”.

“O feio”, do dramaturgo contemporâneo alemão Marius von Mayenburg, com encenação de Toni Cafiero, é a outra estreia da companhia anfitriã, organizadora do festival. A peça revela-se uma parábola sobre a vulgarização da imagem. À semelhança de “Nau de amores”, “O feio” também estará em cena no Teatro Joaquim Benite, em Setembro, depois da estreia no festival.

De Nova Iorque, chega “Pylade”, um texto de Pier Paolo Pasolini, estreado no final do ano passado, pela companhia do histórico Theatre of La MaMa, de carácter experimental – a Great Jones Repertory Company -, com direcção de Ivica Buljan. A obra é uma interpretação moderna da relação de Pílades e Orestes, da mitologia grega, traduzida numa “meditação trágica da democracia, do consumismo e da luta por uma verdadeira mudança social”, como a companhia escreveu no seu programa.

Outro destaque do cartaz é “Città del Vaticano”, um texto escrito e encenado pelo alemão Falk Richter, para a Schauspielhaus de Viena (casa do teatro de Viena, em tradução livre), uma obra que questiona o modo como a religião e a Igreja influenciam a vida do cidadão comum, no seu dia-a-dia.

A direcção do festival destaca “Susn”, peça do também alemão Herbert Achternbusch, encenada por Thomas Ostermeier para o Kammerspiele de Munique (teatro de câmara de Munique), que se centra “numa jovem ruiva que se rebela contra o contexto social em que nasceu, e que perde essa batalha entre forças desiguais”. Thomas Ostermeier assina ainda a encenação de “A gaivota”, o clássico moderno de Tchekov, pela companhia suíça Théâtre Vidy, de Lausanne.

“Tandem”, pela Associazione Culturale Civilleri/Lo Sicco, de Itália, é uma encenação que assenta em dois corpos em equilíbrio, assinada por Sabino Civilleri e Manuela Lo Sicco, os responsáveis da companhia, a partir de texto de Elena Stancanelli.

“Othelo”, de Shakespeare, pela Compagnie du Zieu, de França, e uma reinterpretação de “Pinóquio”, a partir do clássico de Carlo Collodi, com encenação do francês Joel Pommerat, contam-se entre os espectáculos de sala, da programação desta edição do festival.

Jorge Palma (dia 9 de Julho), Má Vontade, com sons da Itália Meridional (dia 12), Orquestra Típica Milongueira de Lisboa (13), Manuel João Vieira (15) e Helder Moutinho (16) são alguns dos protagonistas dos 16 espectáculos da série “Música na Esplanada”, na Escola D. António da Costa. Outros seis espectáculos de rua, com teatro, música e `performance`, compõem o programa “Fora de sala”, nas localidades de Cacilhas e Laranjeiro. “Dejame que te baile”, espectáculo de dança com criação e direcção musical de Santiago Lara, libreto de Francisco López e coreografia de Mercedes Ruiz, pela Companhia Mercedes Ruiz, é apresentado no encerramento do festival, na Escola D. António da Costa.